Após criar os filhos e os netos, idosa resolveu começar a estudar em 2022.
Aos 71 anos, a aposentada Calorinda Rosa de Mesquita Silva resolveu começar a estudar no ano de 2022. Natural de Alto Longá, distante 76 km de Teresina, Dona Calu, como é conhecida, contou que não tinha tantas escolas na época da sua infância, e que o fato de aos 8 anos ajudar os pais a cuidar dos irmãos também afastou a possibilidade de contato com a escola durante a primeira infância.
Ela começou a trabalhar de costureira aos 13 anos, e ao se casar com 25, Dona Calu se mudou para Teresina, onde vive há 47 anos junto com Etevaldo da Silva, os quatro filhos, netos e bisnetos. Apesar do gosto pelo cuidado da casa e dos filhos, ela contou ter vontade de aprender a ler e escrever.
“Eu tinha vontade, mas sempre deixei para as meninas que vinham morar aqui para que elas estudassem e eu ficava sem estudar. Passou algumas meninas por aqui, e algumas até se formaram. Teve a Valdirene, uma moça que veio aqui, e também meu sobrinho Celso, que veio pra cá com 13 anos para estudar” explicou ela.
Apoio da família
Quando resolveu começar a estudar, dona Calu contou que recebeu o apoio dos filhos e dos netos, inclusive do marido, que não se incomodou com a ida da esposa a escola Inclusive, um dos filhos chegou a se matricular para continuar os estudos de onde parou.
“Todo mundo da minha família me apoiou e me apoia a estudar. Ninguém foi contra. Todo mundo ficou sorrindo, e até o meu menino se matriculou também, só que ele não ouve bem e não concluiu os estudos” explicou ela.
Maria de Deus, filha de dona Calu e coordenadora do projeto, disse estar muito feliz com a iniciativa da mãe, que resolveu começar estudar. Segundo a filha, a garra da mãe serve de inspiração, e é gratificante observar o interesse da senhora em buscar aprender.
“Para mim assim, é uma coisa gratificante, porque minha mãe sempre foi muito esforçada. Ela sempre foi um espelho para gente. Ela formou dois filhos sempre com muito esforço, então pra gente é uma coisa muito importante. Ela tá vivendo em prol de cuidar do meu irmão que deu derrame, e assim mesmo arranja tempo para estudar e ela tá muito interessada. Já disse que vai se formar”
Vai sozinha para escola
Através do Programa de Alfabetização de Jovens, Adultos e Idosos (Proaja), dona Calu se matriculou na Unidade Escolar Tomaz de Area Leão Filho, localizada no bairro Três Andarez, Zona Sul de Teresina. Ela contou animada sobre as primeiras experiências sobre a sala de aula, onde a sua neta, Jéssica Marcelle é uma das professoras da turma.
Através do Programa de Alfabetização de Jovens, Adultos e Idosos (Proaja), dona Calu se matriculou na Unidade Escolar Tomaz de Area Leão Filho, localizada no bairro Três Andarez, Zona Sul de Teresina. Ela contou animada sobre as primeiras experiências sobre a sala de aula, onde a sua neta, Jéssica Marcelle é uma das professoras da turma.
Maria de Deus explica que o objetivo do projeto é incentivar a alfabetização de jovens e adultos. Ainda segundo ela, a expectativa é de que sejam alfabetizadas 200 mil pessoas através do projeto durante o ano de 2022.
As aulas da turma, que tem 18 alunos acontecem três vezes por semana, no turno da noite. Mas após decreto emitido pelo governo do estado, as aulas presenciais estão suspensas temporariamente por conta do aumento dos casos de covid-19 no Piauí.
“Eu vou para escola porque quero aprender. Quando o povo da rua me pergunta: ‘tá indo pra onde, Calu?’ eu respondo: ‘eu vou para escola’. É aqui pertinho da minha casa, é só atravessar a avenida ali. Vou sozinha” contou orgulhosa.
Convite feito a outras pessoas
Além de se matricular, dona Calu contou que convidou várias pessoas que não sabiam ler para fazer o mesmo.
“Chamei muita gente que não sabe ler para ir para escola. Algumas foram, tenho alguns amigos na sala de aula. Todo mundo se conhece” contou empolgada.
Com informações do G1 PI