Os bastidores da política piauiense fervem com estratégias que prometem moldar 2026: inspirações no modelo de 2018, disputas pelo Senado, a possível volta do “PT raiz” e os bastidores agitados da oposição liderada por Ciro Nogueira.
Por Gleison Fernandes – Jornalismo da UCA.
A movimentação nos bastidores da política piauiense começa a moldar o cenário para as eleições de 2026, especialmente no que diz respeito à composição da chapa majoritária do governador Rafael Fonteles. Liderando essas articulações está o ministro Wellington Dias, que busca consolidar o alinhamento dentro do Partido dos Trabalhadores (PT) e assegurar a hegemonia do grupo governista no estado.
Modelo de 2018 inspira estratégia para 2026
A escolha do vice-governador na chapa de Rafael pode seguir o modelo adotado por Wellington em 2018, quando ele escolheu Regina Sousa para compor sua chapa como vice. Naquele ano, a vitória da chapa foi acompanhada pela eleição de Marcelo Castro (MDB) e Ciro Nogueira (PP) ao Senado. Ciro, na época aliado do grupo, hoje integra a oposição.
Regina Sousa desempenhou um papel estratégico em 2018, assumindo o governo do Piauí em 2022, quando Wellington se afastou para disputar e vencer a eleição para o Senado. Durante sua gestão, Regina foi fundamental para sustentar a base política, pavimentando o caminho para a eleição de Rafael Fonteles como governador e consolidando o projeto político liderado pelo PT no estado.
Disputa pelas vagas ao Senado em 2026
Para 2026, as vagas ao Senado pela base governista já têm fortes candidatos. O governador Rafael Fonteles, em reunião recente com Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, garantiu que Júlio César terá uma vaga para disputar o Senado. A outra será destinada ao atual senador Marcelo Castro (MDB), que buscará a reeleição.
Júlio César, presidente estadual do PSD, já havia reivindicado maior espaço na chapa majoritária em 2022, mas na ocasião o partido ficou sem vagas diretas. No entanto, o cenário mudou após Wellington assumir o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) no governo Lula, permitindo que Jussara Lima, esposa de Júlio César e primeira suplente, ocupasse sua cadeira no Senado.
Possível repetição do “PT raiz” no posto de vice
Diferentemente de 2022, quando o MDB ocupou a vaga de vice-governador com Themistocles Filho, as articulações para 2026 indicam que o PT pode reassumir essa posição. Internamente, cresce a defesa de um nome ligado ao “PT raiz”.
O deputado federal Francisco Costa é o nome que mais ganha força nesse contexto. Ele é reconhecido por sua ligação com o ex-deputado Assis Carvalho (in memoriam), uma das figuras mais representativas do PT no Piauí. Francisco Costa tem o perfil para ocupar a vaga, sendo considerado um político de confiança e com forte alinhamento aos princípios do partido.
Análise política e perspectivas
A habilidade de Wellington Dias em articular e manter coesa sua base aliada é mais uma vez colocada à prova. A escolha de um vice identificado com o “PT raiz” não apenas reforça a identidade partidária, mas também sinaliza a continuidade do projeto político que tem garantido ao PT protagonismo no Piauí há décadas.
Ao mesmo tempo, a distribuição das vagas ao Senado aponta o equilíbrio necessário para manter aliados estratégicos, como o MDB e o PSD, engajados no projeto governista. Marcelo Castro, com sua trajetória consolidada, e Júlio César, com a força crescente do PSD, são peças-chave nesse xadrez político.
Oposição e os bastidores de Ciro Nogueira
Nos bastidores da política nacional, crescem rumores sobre uma possível reaproximação do Progressistas (PP), partido presidido por Ciro Nogueira, com o governo Lula. O PP, que já integrou a base petista no passado, afastou-se durante o governo Jair Bolsonaro, período em que Ciro assumiu a Casa Civil e se tornou um dos homens de confiança do então presidente. Ciro não poupou críticas a Lula, inclusive após sua vitória sobre Bolsonaro em 2022. Agora, as conversas indicam que o PP poderia assumir um ministério no governo Lula, o que colocaria Ciro novamente próximo da base governista nacionalmente.
Se essa articulação se concretizar, o impacto no cenário político do Piauí será gigante. Hoje, Ciro lidera a oposição no estado, mas uma reaproximação com Lula poderia enfraquecer esse papel, gerando dúvidas sobre sua estratégia política local. Seus aliados se perguntam: Ciro buscará a reeleição ao Senado pela oposição ou fará um movimento para se alinhar ao governo, dissolvendo a polarização no estado? Enquanto isso, Ciro mantém silêncio, deixando o futuro da oposição no Piauí em aberto e alimentando especulações sobre a formação de um possível “blocão” de alianças, onde todos os partidos estariam do mesmo lado.