Grupo de pesquisadores dos Estados Unidos simulou momento do impacto com dados sedimentares do que foi o local onde corpo celeste caiu
Já é conhecido que os dinossauros, que dominaram a Terra antes dos seres humanos, foram dizimados por um asteroide que atingiu nosso planeta há cerca de 66 milhões de anos e abriu a cratera hoje conhecida como Chicxulub. E não somente eles, como muitas das espécies que viviam aqui também foram extintas. No entanto, algo ainda pior pode ter ocorrido após o impacto: um tsunami gigantesco.
Estudos publicados na revista científica AGU Advances sugerem que, com o choque, foram formadas ondas de até 4,5 quilômetros de altura, com energia inicial quase 30 mil vezes maior que a do maremoto que atingiu a Ásia em 2004.
Os pesquisadores, da Universidade do Michigan chegaram a essas conclusões por meio de análises de mais de 100 núcleos espalhados pelo globo e simulações de computador do que aconteceria caso um objeto espacial do tamanho sugerido do asteroide nos atingisse hoje em dia.
De acordo com as observações, feitas com a ideia de impacto vertical – mesmo que se pense que o ocorrido tenha sido oblíquo – por limitações do código utilizado pelos cientistas, o corpo celeste de 14 km de diâmetro atingiu Chicxulub a 43.500 km/h, cerca de 35 vezes a velocidade do som, criando uma cratera de 100 km e levantando uma nuvem de poeira.
Colocando o alvo como uma costa granítica, sobreposta por uma camada de sedimento de 4 quilômetros de espessura e um oceano com profundidade de 1 a 3 quilômetros, uma cortina de material ejetou a água para fora, projetando ondas.
Essas primeiras chegaram a 4,5 km de altura e, após cinco minutos de impulso e o pico inicial, uma massa medindo 1,5 km empurrou o mar em todas as direções com energia similar a de grandes terremotos. Isso tudo ocorreu apenas nos primeiros dez minutos do evento apocalíptico.
Para se ter uma ideia da força do tsunami, foram encontrados afloramentos “jogados” pelas ondas na Nova Zelândia, a mais de 12 mil km de distância do local de impacto original, que fica na Península do Iucatã, no México.
O método utilizado pelos cientistas para chegar ao resultado foi de analisar sedimentos marinhos influenciados antes ou logo após a queda do asteroide, comparando com pares de outros estudos. “A distribuição da erosão e hiatos que observamos nos sedimentos marinhos do (período) Cretáceo superior são consistentes com os resultados do nosso modelo, o que nos dá mais confiança nas previsões”, disse Molly Range, principal autora da pesquisa, em um comunicado.
Algumas regiões escaparam das consequências do impacto: Atlântico Sul, Pacífico Norte, Oceano Índico e o Mar Mediterrâneo. Nas regiões costeiras, as ondas poderiam ultrapassar 100 metros, o que superaria todos os maremotos já documentados, segundo a cientista.
REDAÇÃO ESTADÃO