Selic aumentou 1 ponto percentual e foi ao maior patamar desde agosto de 2016; Copom sinaliza nova alta na próxima reunião.
O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu de forma unânime nesta quarta-feira (19) aumentar a taxa básica de juros em um ponto percentual, para 14,25% ao ano, o maior patamar desde agosto de 2016. A alta é a quinta consecutiva desde setembro do ano passado. A decisão veio alinhada às expectativas do mercado financeiro, que projetava a elevação dos juros.

A nova taxa valerá ao menos pelos próximos 45 dias, quando os diretores do BC voltam a se encontrar para discutir novamente a conjuntura econômica nacional.
Segundo o Copom, o cenário interno da economia, “marcado por desancoragem adicional das expectativas de inflação, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho”, exige uma política monetária “mais contracionista”, o que justifica a alta da Selic.
“Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, disse o Copom.
O comitê alertou que pode promover um novo reajuste da taxa na próxima reunião, mas destacou que uma eventual alta será menor que 1 ponto percentual.
“Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, da elevada incerteza e das defasagens inerentes ao ciclo de aperto monetário em curso, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de menor magnitude na próxima reunião.”

Segunda reunião sob o comando de Galípolo
Esta foi a segunda reunião do comitê sob o comando do presidente do BC, Gabriel Galípolo, que tomou posse no começo do ano. Ele foi indicado ao cargo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A Selic é o principal instrumento para controlar o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Juros mais altos encarecem o crédito e desestimulam a produção e o consumo. No entanto, taxas maiores dificultam o crescimento econômico.
Após a alta da inflação, o Banco Central tem intensificado o aumento dos juros para conter o consumo e os preços.
Na semana passada, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que a inflação acelerou para 1,31% em fevereiro e alcançou o maior índice para o mês desde 2003, quando variou 1,57%. No ano, o IPCA acumula alta de 1,47% e, nos últimos 12 meses, o índice ficou em 5,06%.
“Superquarta”
O anúncio foi feito na segunda “superquarta” de 2025. É assim que se chamam as quartas-feiras em que coincidem as reuniões que definem as taxas de juros tanto dos Estados Unidos quanto do Brasil.
Nos Estados Unidos, o Fed (Federal Reserve, banco central norte-americano) manteve a taxa de juros inalterada, no intervalo entre 4,25% e 4,5% ao ano.
No fim de 2024, com a escalada do dólar e da inflação, o Banco Central intensificou o aumento da Selic para conter o consumo e o aumento de preços.
Histórico
Após ficar em 13,75% ao ano entre agosto de 2022 e junho de 2023, a Selic teve seis cortes de 0,5 ponto e um corte de 0,25 ponto, até chegar a 10,5% ao ano em maio de 2024.
O índice se manteve assim até a reunião de setembro de 2024, quando o Copom aumentou a taxa em 0,25 ponto percentual, para 10,75% ao ano.
Em novembro, a elevação foi de 0,5 ponto, passando para 11,25% ao ano. Em dezembro, o reajuste foi maior, de um ponto percentual, e a Selic chegou a 12,25% ao ano.
Na primeira reunião sob o comando de Galípolo, em janeiro, houve outro aumento de um ponto percentual, e a taxa subiu para 13,25% ao ano.
Entenda a Selic
A taxa básica de juros é uma forma de piso para os demais juros cobrados no mercado. Ela serve como o principal instrumento do BC para manter a inflação sob controle, perto da meta estabelecida pelo governo.
Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam alternativas de investimento.
Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
Já quando os juros básicos são reduzidos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo.
A Selic é usada nos empréstimos entre bancos e nas aplicações que as instituições financeiras fazem em títulos públicos federais.
É a taxa Selic que os bancos pagam para pegar dinheiro no mercado e repassá-lo em empréstimos ou financiamentos. Por esse motivo, os juros que os bancos cobram dos consumidores são sempre superiores à Selic.
Fonte: R7