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Banheiro seco melhora qualidade de vida em regiões pobres do agreste nordestino

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Solução tecnológica desenvolvida por uma empresa alemã e testada no agreste pernambucano pode trazer alento para os moradores mais pobres das áreas rurais da região.

Em uma região onde cerca de 70% da população ainda não tem acesso a saneamento básico, uma solução tecnológica desenvolvida por uma empresa alemã e testada no agreste pernambucano pode trazer alento para os moradores mais pobres das áreas rurais do Nordeste.

Dezesseis banheiros secos, que não requerem água, eletricidade, compostagem ou produtos químicos, estão instalados em pequenas localidades no município de Riacho das Almas, a 137 km do Recife (PE).

A iniciativa faz parte de um projeto-piloto da organização Habitat para a Humanidade Brasil, em parceria com a Fundação Bayer e a empresa alemã 3P Technik, que desenvolveu o sanitário.

A ideia do teste foi avaliar a aceitação das famílias em relação aos banheiros, facilidade de uso, aceitação cultural, manutenção, percepção na melhoria das condições de higiene e saúde, entre outros aspectos. Os resultados iniciais mostram que houve ganhos significativos em relação à higiene, aos cuidados pessoais e à saúde em geral dos beneficiados do projeto. “Com esses banheiros, consegue-se mudar a vida de uma família em três horas”, constata Mohema Rolim, gerente de programas da Habitat Brasil. Esse é o tempo necessário para instalação das unidades, que já saem de fábrica praticamente montadas e embaladas de forma a exigir um esforço mínimo do ponto de vista logístico. “Saneamento básico tem impactos na saúde, na educação e na qualidade de vida das famílias. E as novas tecnologias têm permitido levar soluções inovadoras para lugares onde o saneamento ainda é muito precário”, complementa.

Mohema conta que para execução do projeto, foram selecionadas famílias de baixa renda com até cinco membros que não tinham acesso a um banheiro adequado. No total, 77 pessoas de 16 famílias foram atendidas. A equipe da Habitat para a Humanidade Brasil foi responsável por capacitar essas pessoas, monitorar a constância do uso e realizar entrevistas de acompanhamento com os beneficiários para avaliar a aceitação.

O projeto mudou a realidade dessas pessoas e está em fase de conclusão. O desafio agora, segundo os organizadores, é conseguir escalar e levar o benefício a um número maior de localidades.

RADIAÇÃO SOLAR – Os sistemas sanitários do projeto oferecem aos beneficiários o acesso a uma tecnologia simples de ser manejada e especialmente pensados para locais em países em desenvolvimento onde a água é escassa e o sol é abundante, como é o caso do semiárido nordestino. O grande diferencial é que o equipamento funciona explorando as condições climáticas dessas regiões (áridas e semiáridas).

Além disso, nenhum conhecimento ou auxílio especial é necessário para a operação. Uma vez implantado, o sistema não precisa de manutenção. Vitor Simões, representante da 3P Technik, observa que a solução é ideal para o agreste nordestino justamente por não requerer o uso de água. “Não faria sentido uma iniciativa que fosse disputar um recurso tão escasso na localidade”, reforça.

Nesse banheiro, chamado Sani Solar, os resíduos sólidos são secos e higienicamente estabilizados por um sistema de ventilação especial e com a ajuda da radiação solar. Ao contrário dos sistemas sanitários convencionais, o Sani Solar reduz a massa de dejetos em aproximadamente 95% e estabiliza os resíduos restantes sem a necessidade de instalações adicionais e sem o “manuseio” higienicamente questionável, evitando a proliferação de doenças e a poluição do meio ambiente.

No caso específico da zona rural de Riacho das Almas, não há qualquer acesso a saneamento básico. As pessoas ainda fazem suas necessidades ao ar livre e em banheiros de avelós, uma vegetação típica da região, que forma uma cortina natural proporcionando uma privacidade mínima. 

APROVAÇÃO – Os resultados de pesquisas realizadas entre os participantes do projeto mostram que houve ganhos significativos em relação à higiene, aos cuidados pessoais e à saúde em geral. “Foi possível identificar que os banheiros Sani Solar tiveram uma excelente aceitação, tanto pela facilidade do uso, limpeza e manutenção e quanto pelo fato de evitar mau odor e a presença de moscas, que podem ser vetores para doenças relacionadas à falta de saneamento”, explica Mohema. A novidade foi bem recebida especialmente pelas crianças, que se mostraram entusiastas dessa novidade por se sentirem mais seguras e protegidas dentro das cabines.

Nesse aspecto, as observações das famílias em relação aos banheiros podem ser resumidas em três eixos: como abrigo (livre insetos e roedores, por exemplo), como uma garantia de privacidade (especialmente paras as mulheres e crianças) e higiene da família como um todo, com ganhos adicionais como a redução drástica de casos de diarreia entre os pequenos, por exemplo. Ao todo, o projeto protegeu 30 crianças contra doenças infecciosas, picadas de insetos, mordidas de animais e até violência sexual.

Mohema Rolim, conclui que a iniciativa traz, ainda, dignidade a essas famílias garantindo o acesso a direito mínimo e tão básico. “Muitas dessas pessoas ainda faziam suas necessidades ao ar livre e em condições de higiene extremamente precárias e sem privacidade, colocando em risco mulheres e crianças, que ficam expostas à doenças e à violência sexual”, relata. “Essa ainda é a realidade de muitos moradores das áreas rurais mais pobres no Nordeste e esse projeto é uma iniciativa que pode mudar radicalmente isso”, complementa.

A Habitat para a Humanidade Brasil trabalha diretamente pela promoção da moradia digna e está no país já há quase 30 anos. Dentre as ações realizadas, 2.257 casas já foram reformadas, beneficiando 11.285 pessoas com um lar mais digno para viver. Até dezembro deste ano, a organização tem a meta de realizar mais 398 reformas, que irão beneficiar 1.990 brasileiros, distribuídos nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás, Ceará, Pernambuco e o Distrito Federal.

Em meio à pandemia, a Habitat Brasil injetou R$ 4,7 milhões em comunidades no país, realizando obras de melhorias habitacionais. Em todos os projetos são comprados materiais de construção de empreendimentos locais e a contratação de mão de obra ocorre na comunidade, com o objetivo de apoiar o desenvolvimento econômico local.

Fonte: DINO

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