Trata-se do maior número já registrado pela série histórica do IBGE, iniciada em 2012. Em 1 ano, número de desempregados teve acréscimo de 2,4 milhões de brasileiros.
O desemprego no Brasil ficou em 14,2% no trimestre encerrado em janeiro, segundo divulgou nesta quarta-feira (31) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se da maior taxa já registrada para o período.
Já número de pessoas desempregadas atingiu o patamar recorde de 14,3 milhões, contra 11,9 milhões há 1 ano. Até então, o maior contingente de brasileiros desocupados da série histórica, iniciada em 2012, tinha sido o registrado no trimestre encerrado em março de 2017 (14,1 milhões).
Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad). No levantamento anterior, referente ao trimestre encerrado em dezembro, a taxa de desemprego estava em 13,9%, com 13,9 milhões de desempregados.
Evolução da taxa de desemprego — Foto: Economia
Na comparação com o trimestre anterior, de agosto a outubro de 2020 (14,3%), o IBGE considerou que a taxa de desemprego ficou estatisticamente estável. Já em relação ao mesmo trimestre móvel de 2020 (11,2%), a alta foi de 3 pontos percentuais.
“Embora a taxa de desocupação tenha ficado estável em 14,2% frente ao trimestre anterior, é a mais alta para um trimestre até janeiro”, destacou o IBGE.
A maior até então para o período de novembro a janeiro, na série iniciada em 2012, tinha sido a de 2017 (12,6%).
A mediana das previsões em pesquisa da Reuters era de que o desemprego ficaria em 14,1% no período.
Em 1 ano, aumento de 2,4 milhões de desempregados
Na avaliação do IBGE, o contingente de 14,3 milhões de desempregados ficou estável frente ao trimestre de agosto a outubro de 2020 (14,1 milhões de pessoas). Em 1 ano, porém, houve alta de 19,8% (mais 2,4 milhões de pessoas) no número de desocupados no país.
Evolução do número de desempregados — Foto: Economia G1
O IBGE considera como desempregado apenas os trabalhadores que efetivamente procuraram emprego nos últimos 30 dias anteriores à realização da pesquisa.
Número de ocupados no Brasil tem leve alta
Já o contingente de pessoas ocupadas aumentou 2% e chegou a 86 milhões. Isso representa 1,7 milhão de pessoas a mais no mercado de trabalho em relação ao trimestre encerrado em outubro.
A população ocupada, no entanto, ficou 8,6% abaixo da registrada há 1 ano (8,1 milhões de pessoas a menos).
Já o nível de ocupação, que é o percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar, ficou em 48,7%. Ou seja, menos da metade da população em idade para trabalhar estava ocupada no país.
“Apesar de perder força em relação ao crescimento observado no trimestre encerrado em outubro, a expansão de 2% na população ocupada é a maior para um trimestre encerrado em janeiro. Esse crescimento ainda tem influência do fim de ano, já que novembro e dezembro foram meses de crescimentos importantes”, afirmou a analista da pesquisa, Adriana Beringuy.
Trabalho informal x formal
Segundo o IBGE, a maior parte do aumento na ocupação veio do trabalho informal, com os seguintes destaques:
- número de empregados sem carteira assinada subiu 3,6% em relação ao trimestre anterior, o que representa um aumento de 339 mil pessoas;
- contingente de trabalhadores por conta própria sem CNPJ aumentou em 4,8% no mesmo período, totalizando 826 mil pessoas a mais;
- Trabalhadores domésticos sem carteira somaram 3,6 milhões de pessoas, com crescimento de 5,2% frente ao trimestre anterior.
Já número de empregados com carteira de trabalho assinada somou 29,8 milhões de pessoas, com estabilidade frente ao trimestre anterior e queda de 11,6% frente ao mesmo período de 2020. Em 1 anos, são 3,9 milhões de trabalhadores com carteira assinada a menos no setor privado, segundo o IBGE.
A taxa de informalidade ficou em 39,7% da população ocupada, reunindo um total de 34,1 milhões de trabalhadores informais. No trimestre anterior, a taxa havia sido 38,8% e no mesmo trimestre de 2020, 40,7%.https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
Falta de trabalho atinge 32,4 milhões de brasileiros
Número de subutilizados chegou a 32,4 milhões, ficando estatisticamente estável frente ao trimestre anterior, mas com alta de 22,7% (mais 6 milhões de pessoas) em relação a igual trimestre de 2020. Dentre eles, 5,9 milhões desistiram de procurar uma oportunidade no mercado de trabalho, os chamados desalentados.
O contingente classificado pelo IBGE como trabalhadores subutilizados reúne, além dos desempregados, os desalentados, aqueles que estão subocupados (trabalham menos de 40 horas semanais), e os que poderiam estar ocupados, mas não trabalham por motivos diversos.
A taxa de subutilização ficou em 29%, contra 29,5% no trimestre de agosto a outubro de 2020 e de 23,2% no mesmo trimestre de 2020.
Serviços domésticos e agricultura são destaques
Variação do número de vagas, por ramo de atividade — Foto: Economia G1
Dos 10 grupamentos de atividades pesquisadas, o IBGE avaliou que apenas 3 tiveram variação acima da estabilidade estatística no número de ocupados no trimestre encerrado em janeiro, na comparação com o trimestre anterior:
- Serviços domésticos: aumento de 4,8% no número de ocupados ou 228 mil pessoas a mais no mercado
- Agricultura: alta de 2,7%, ou mais 225 mil pessoas
- Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas: aumento de 3,1%, ou mais 313 mil pessoas
Renda média cai
Com um maior número de trabalhadores informais ocupados, o rendimento médio habitualmente recebido caiu 2,9% frente ao trimestre encerrado em outubro de 2020 e foi estimado em R$ 2.521. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, houve estabilidade.
A massa de rendimento real habitual ficou estável na comparação com o trimestre anterior, sendo estimada em R$ 211,4 bilhões. Já na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, a queda de 6,9% representa uma redução de R$ 15,7 bilhões.
Perspectivas
Indicadores antecedentes têm mostrado uma queda no ritmo da atividade econômica e da confiança de empresários e consumidores neste começo de ano em meio ao agravamento da pandemia.
Mesmo com a reação do emprego formal nos últimos meses, economistas avaliam que uma melhora mais consistente do mercado de trabalho só deverá ser observada no segundo semestre, a depender também do avanço da vacinação e da redução das incertezas econômicas.
O foco agora gira em torno de nova concessão de auxílio emergencial às famílias, bem como nas consequências de restrições mais rigorosas adotadas em diversos estados diante dos sucessivos recordes de mortes por Covid-19 no país.
A média das projeções do mercado para o crescimento do PIB em 2021 tem sido revisada para baixo e está atualmente em 3,18%, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central.
Por Darlan Alvarenga, G1