Especialistas afirmam que aquisições de NFTs de grandes companhias gera ‘sensação de pertencimento’ aos clientes.,
Um número crescente de grandes empresas tem visto no metaverso uma oportunidade de se aproximar do público-alvo, aumentar receitas e posicionar a marca como inovadora.
O termo, que indica um mundo virtual que tenta replicar a realidade por meio da tecnologia, está em alta e ganhou mais evidência após o Facebook anunciar no ano passado que se tornaria em uma “empresa de metaverso” em até cinco anos.
Até então, essa realidade era mais próxima de aficionados por video-games e amantes de criptomoedas. Mas, ao se disseminar entre o público em geral, se tornou também uma importante ferramenta de marketing para companhias.
A Boeing, por exemplo, prometeu lançar seu próximo avião no metaverso. A Nike comprou uma fabricante de tênis virtual de olho em vendas. A marca de roupas Gucci vendeu uma versão digital da bolsa Dionysus no jogo Roblox por US$ 4.115, valor maior do que a versão física do produto.
Além delas, a Gap lançou NFTs (tokens não fungíveis, que funcionam como um certificado digital exclusivo) de seus moletons e a Mattel lançou versões NFTs de suas linhas Barbie e Hot Wheels.
Igor Hosse, professor da Universidade Anhembi Morumbi, afirma que as marcas estão migrando para esse mercado por três motivos: a monetização dos NFTs, as novas possibilidades de conexão com os clientes e a chance de se posicionarem como inovadoras.
Segundo ele, comprar artigos dessas companhias no mundo virtual “dão status ao jogador e, ao mesmo tempo, uma sensação de pertencimento”.
Para Hosse, o metaverso também teve um boom na pandemia por conta do isolamento social. “Nós precisávamos ficar em casa e distante das pessoas, e com esse universo digital, conseguimos nos aproximar das pessoas, mesmo que virtualmente”.
Segundo o especialista, as marcas enxergaram nesses encontros uma nova parcela de clientes. “O objetivo das companhias ao migrar para esse universo é estar próximo de possíveis compradores, disponibilizando NFTs para os usuários comprarem e usarem nos jogos”.
Mundo virtual
Diferente de grandes construções na vida real que demandam vários profissionais, os NFTs, ou artes virtuais, são fáceis de serem criados e podem ser feitos por uma única pessoa. Os jogos que rodam em blockchain possuem programas que funcionam em computadores simples e oferecem mecanismos para se criar um ativo digital.
“Semelhante ao jogo Minecraft, os usuários compram seus terrenos no metaverso de um jogo e conseguem fazer construções em blocos”, explica Alex Buelau, CTO da Parfin. “E essa facilidade também é um atrativo para as companhias”.
Usuários que não quiserem realizar construções podem apenas entrar no jogo e interagir com construções já criadas.
Ele diz que as grandes marcas costumam comprar terrenos maiores e realizar construções em que os jogadores conseguem interagir. Contudo, com a popularização dos jogos, Buelau diz que os espaços acabaram ficando mais caros.
Um terreno virtual no mundo online Decentraland foi vendido por valor em criptomoedas equivalente a US$ 2,4 milhões, por exemplo.
Mudanças no e-commerce
Buelau acredita também que o metaverso será usado para as companhias como um braço do e-commerce e tem o potencial de revolucionar este mercado. “Quando compramos um carro pela internet, por exemplo, não conseguimos ter a dimensão exata e como ele é por dentro. Temos apenas fotos estáticas”, diz.
Para ele, as novas tecnologias podem ajudar a ter uma matéria melhor dimensão dos produtos. “Quando as companhias migrarem para o metaverso, o cliente poderá entrar no carro, entender o tamanho do produto e ter mais certeza sobre as características da sua aquisição”, afirma.
Mas o CTO da Parfin destaca que, apesar de as companhias já estarem de olho nesse universo digital, apenas uma pequena parcela do faturamento delas será desse mercado. “Por ora, as marcas estão compreendendo o poder da tecnologia e se mostrando inovadoras”.
Com informações do Reuters