O delegado Odilo Sena, titular do 6º DP, conta que o golpe é comum em Teresina e existem vítimas que perderam até R$ 90 mil.
Um jovem que trabalha como entregador em Teresina perdeu quase R$ 3 mil após cair no golpe conhecido como falso intermediário.
Ele tentava comprar uma motocicleta em um site de compras e vendas pela internet. O estelionatário se passou por proprietário da moto e conseguiu enganar tanto o entregador quanto o verdadeiro dono do veículo. Após o crime, ele bloqueou os dois.
“Coloquei minha moto à venda pela internet por R$ 6.500. Um rapaz chamado Nilton [criminoso] entrou em contato e disse que tinha interesse para um primo. Ele disse que compraria a moto para esse primo que iria pagá-lo aos poucos. Perguntou onde eu trabalhava e qual era o melhor horário para esse primo ver. Na verdade, esse primo dele não existia. Quem foi ver minha moto foi o entregador que foi enganado e acabou transferindo o dinheiro para ele [Nilton] que sumiu. Após isso, o entregador chegou com o comprovante dizendo que queria pegar a moto. Foi aí que entendemos que caímos em um golpe”, explica o verdadeiro dono da moto.
Bastante abalado, o entregador registrou boletim de ocorrência no 6º Distrito Policial. Izael Júnior conta que havia pedido o valor emprestado para a mãe e precisava da moto para trabalhar como delivery.
“Eu pensei que a moto era dele [Nilton], mas não era. Ele mandou transferir o dinheiro e disse pra eu pegar. Fiz a transfererência e quando fui pegar a moto, descobrir que caí em um golpe e a moto não era dele. Depositei R$ 2.900. Minha mãe é faxineira e ela que conseguiu esse dinheiro emprestado. Precisava da moto para rodar de Ifood e ia pagar assim. Agora não sei o que fazer”, lamenta Izael.
DELEGADO FAZ ALERTA
O delegado Odilo Sena, titular do 6º DP, conta que o golpe é comum em Teresina e existem vítimas que perderam até R$ 90 mil.
“Geralmente são golpes de alto valor. É um golpe baseado na demanda da oferta e procura. Tem uma pessoa de boa fé tentando comprar algo e uma pessoa de boa fé tentando vender algo. Nesse meio aparece o criminoso que diz que quer comprar o produto à venda para um parente, um primo, um pai. Nisso, o criminoso diz pra nenhuma das vítimas se falarem e ainda oferece uma falsa vantagem, diz para a pessoa que está vendendo não falar o valor que está vendendo que vai dar uma comissão. O criminoso manipula pessoas de boa fé, interage como quisesse comprar, mas coloca outra pessoa, dá uma conta, mas não quer fechar nada”, explica o delegado.
Odilo Sena faz um alerta e aponta atitudes que devem ser tomadas durante uma compra.
“Primeiro tem que ter cautela, pois você está falando com uma pessoa que não conhece; Às vezes, a pessoa dá o nome de Raimundo e a conta é no nome de Francisco. Já é algo pra desconfiar. O segundo é desconfiar, pois você não sabe com quem está negociando; o terceiro é confirmar a informação, é falar diretamente com a pessoa, conversar com quem está vendendo, pedir o documento, a conta do banco, entre outros cuidados”, alerta Sena.
RESSARCIMENTO
O delegado diz que há uma resolução que possibilita o ressarcimento parcial. Uma das primeiras medidas é registrar boletim de ocorrência.
“A vítima tem até 80 dias para administrativamente requerer junto ao banco. Para isso, a pessoa tem que procurar os canais do banco para qual fez a transferência, explicar a situação, apresentar o boletim de ocorrência. O banco avalia e ressarce ou não. Em caso negativo, pode buscar a Defensoria Pública ou um advogado para ser ressarcido, pelo menos, parcialmente”, explica Odilo Sena.
Graciane Araújo
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