Gás de cozinha chega a R$ 130 e população recorre a fogareiros

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A procura pelo gás caiu 30% nos últimos 5 meses nas distribuidoras do estado e a venda de fogareiros e carvão aumentou na capital, na tentativa da população de driblar a alta do preço do gás de cozinha.

O botijão do gás de cozinha chegou a R$ 130 na capital e, segundo previsão do Sindicato dos Revendedores de Gás (Sindgás) no Piauí, pode chegar a R$ 140. Nesta sexta-feira (11), o g1 percorreu distribuidoras de gás na capital, que informaram que com os seguidos aumentos, a procura caiu 30% nos últimos 5 meses. Para continuar cozinhando, a população tem recorrido a fogareiro a carvão.

Maria de Jesus também utiliza um fogareiro para economizar seu gás de cozinhaz — Foto: Lívia Ferreira/g1 PI

Atualmente, na capital, o botijão custa em média R$ 115, mas com um reajuste de mais de 15%, segundo a previsão do Sindgás, o valor pode chegar a R$ 140. Segundo a Petrobras, o preço médio de venda do GLP para as distribuidoras foi reajustado em 16,1%, e passará de R$ 3,86 para R$ 4,48 por kg, equivalente a R$ 58,21 por 13kg.

Gás de cozinha pode chegar a R$ 140 em Teresina, procura cai 30% e população recorre a fogareiros — Foto: Ilanna Serena/g1

O produto não era reajustado há 152 dias e a média de preço no país é R$ 102,64 o botijão de 13 kg, segundo pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A Federação Única dos Petroleiros (FUP) classificou o reajuste desta quinta-feira como “inadmissível”.

“Desde a adoção do Preço de Paridade de Importação (PPI), em outubro de 2016, a gasolina e o óleo diesel, na refinaria, tiveram reajuste de 157%, ante uma inflação de 31,5% no período. No gás de cozinha, a alta acumulada foi ainda maior, de 349,3%”, afirmou, em nota, a FUP.

Substituição do gás por carvão e fogareiros

Diante disso, segundo o Sindicato, nas distribuidoras da capital piauiense a população está deixando de buscar o produto e as vendas caíram 30% desde outubro de 2021. A alternativa tem sido cozinhar em fogareiros a carvão ou lenha.

Maria de Jesus, de 65 anos, vende carvão em Teresina há 10 anos — Foto: Lívia Ferreira/g1 PI

A aposentada Maria de Jesus, de 63 anos, vende carvão em Teresina há mais de 10 anos. Nos últimos oito meses, de uma lata por semana, ela passou a vender até quatro por dia. “É difícil alguém por aqui não ter um fogareiro”, destacou.

Segundo ela, a demanda aumentou, mas o preço do produto também. Contudo, o lucro caiu, porque ela tem evitado repassar o aumento para os clientes, que muitas vezes não têm outra opção além de cozinhar no fogareiro.

Estoque de sacos de carvão de Maria de Jesus em Teresina após o anuncio do aumento do gás de cozinha — Foto: Lívia Ferreira/g1 PI

“Eu comecei a comprar [um saco grande] por R$ 19, quando foi no mês de agosto [2021], eu passei a comprar por R$ 21 e eu fui comprar hoje por R$ 23. Quase que eu não compro porque está muito caro. É prejuízo. Se eu aumentar, as pessoas não vão comprar. Aqui na minha área, o pessoal é pobre, não tem condição, aqui só tem gente humilde. Eu tenho que entender também”, contou dona Maria.

Maria de Jesus mora no bairro São Pedro, Zona Sul de Teresina, com o marido. Além de vender o produto, ela também recorre ao fogareiro para cozinhar. Ela disse que já tinha há muitos anos, mas que recentemente tem usado cada vez mais.

Sua renda atualmente é a aposentadoria de meio salário mínimo e as vendas de carvão, que não rendem tanto. Se fosse recorrer ao botijão de gás, o custo seria de quase 20% da sua renda.

Maria Nilsa da Silva, vizinha de dona Maria, é uma das clientes fiéis das vendas de carvão. Em entrevista, a idosa que mora em uma casa com mais três netos, conta que comprou seu último gás de cozinha há mais de um mês e pretende não comprar outro.

“Está muito caro e vai ficar mais”, lamentou.

Ela também sobrevive apenas com metade de um salário mínimo. Para completar a renda, ela vende marmitas para funcionários de uma oficina mecânica próximo à sua casa no bairro São Pedro.

Para completar a renda, Maria Nilsa, vende marmitas para funcionários de uma oficina mecânica próximo à sua casa — Foto: Lívia Ferreira/g1 PI

A idosa, que já evitava usar o gás de cozinha, contou que, com o novo reajuste anunciado pela Petrobrás, utilizará mais o carvão.

“Eu deixo meu gás ali de reserva e cozinho um pouco no carvão. Nas horas vagas, eu uso o gás para ver se dura mais, porque está caro demais. O fogareiro me auxilia e segura muito”, afirmou.

Maria Nilsa e seu fogareiro, principal aliado após o aumento do gás de cozinha anunciado pela Petrobrás — Foto: Lívia Ferreira/g1 PI

A aposentada disse que utiliza seu fogão para esquentar pequenas quantidades de comida rápidas de prepararem.

Ela mora há poucos metros de uma distribuidora de gás de cozinha, mas, se depender dos novos preços, a idosa afirma que não vai ao estabelecimento tão cedo.

Com informações do G1 Piauí

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