Hugo Motta recua e retoma escolta de deputada do PSOL alvo de ameaças

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Suspensão da escolta aconteceu na segunda-feira (8), após Polícia Civil e MP do RJ e Polícia Federal dizerem que não há riscos para deputada. Talíria diz que sequer foi avisada da decisão.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), voltou atrás na decisão de suspender a escolta da Polícia Legislativa Federal da líder do PSOL, deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ), no começo da noite deste sábado (13).

“Diante do pedido de reconsideração apresentado, o tema será reavaliado, à luz dos precedentes da Câmara e das novas informações fornecidas pela deputada. O presidente determinou a manutenção da escolta até uma decisão definitiva sobre o pedido da deputada”, afirmou em nota.

Divulgação

A confirmação foi feita em uma nota pública da presidência da Câmara à imprensa, após a suspensão ter sido noticiada pelo blog da Andréia Sadi.

Segundo o texto, a presidência informou que a suspensão da escolta aconteceu no dia 8 de dezembro, segunda-feira passada, após o Departamento de Polícia Legislativa Federal ouvir da Polícia Civil do Rio de Janeiro, do Ministério Público carioca e da Polícia Federal que “não havia mais ameaças recorrentes, nem riscos à integridade física da parlamentar”.

“A escolta à deputada Talíria Petrone foi suspensa em decisão do dia 8 de dezembro, em virtude de parecer técnico do Departamento de Polícia Legislativa Federal, emitido em 4 de dezembro, após consulta à Polícia Civil e ao Ministério Público do Rio de Janeiro, bem como à Polícia Federal, que constataram não haver mais ameaças recorrentes, nem riscos à integridade física da parlamentar”, disse.
Após pedido da deputada para que a casa reconsiderasse a decisão, Motta decidiu por reestabelecer provisoriamente a escolta enquanto o tema é reavaliado.

Suspensão da escolta

Segundo Talíria, não houve comunicação direta do presidente da Câmara nem apresentação de informações que indicassem o fim das ameaças que motivaram a concessão da proteção.

A retirada da escolta ocorreu após a deputada intensificar críticas à condução de Motta no plenário e atuar, como líder de bancada, contra pautas defendidas pelo presidente da Câmara.

Talíria foi uma das articuladoras para evitar a cassação do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), votada em plenário, e também se posicionou contra o projeto de lei que reduz as penas de condenados por atos golpistas, conhecido como PL da Dosimetria, aprovado pela Casa.

‘Soa como retaliação’

Para a parlamentar, o fim da escolta, ocorrido no dia seguinte a um discurso crítico feito por ela no plenário, configura retaliação política.

“Eu gostaria de dizer que não, mas, para mim, isso soa como retaliação. Minha opinião política não pode ser motivo para a minha desproteção. Eu espero verdadeiramente que isso seja revertido.”

Sem a proteção oficial, Talíria precisou contratar, com recursos próprios, uma escolta privada para retornar ao Rio de Janeiro e participar de um ato político-cultural convocado para denunciar medidas que ela classifica como ataques ao Congresso e à democracia.

Segundo a deputada, a decisão subestimou os riscos à sua integridade física e à de seus dois filhos.

Talíria afirma que foi informada de que a suspensão da escolta se baseou em um documento que apontaria supostos problemas de conduta pessoal.

“Alegaram que eu usei Uber, frequentei lugares com aglomeração, fui ao samba e saí de madrugada. Dizem que isso coloca minha vida em risco. É uma justificativa absurda”, disse.

“Tenho escolta há sete anos e meio. Eventualmente faço coisas comuns da vida cotidiana. Isso faz parte da minha humanidade.”

Para ela, há contradição na justificativa apresentada. “Ao mesmo tempo em que dizem que meu comportamento representa risco, afirmam que não há mais necessidade de escolta”, afirmou.

A parlamentar diz que a decisão teria se apoiado em uma resposta da Polícia Federal indicando que o principal suspeito de ameaças, conhecido como “Macaquinho”, está preso e que não haveria novos elementos novos.

O histórico de ameaças contra Talíria remonta ao primeiro ano de seu mandato. Em 2020, após denúncias feitas ao Disque-Denúncia indicarem que grupos milicianos planejavam sua execução, foi aberto um inquérito, e a deputada precisou deixar o Rio de Janeiro com os filhos.

“Quando surgiram essas denúncias relacionadas à milícia, fui orientada a sair do Rio de Janeiro e fiquei cerca de um ano em Brasília”, disse. “Eu estava com minha filha com menos de três meses de idade, em plena pandemia, amamentando e em licença-maternidade.”

Desde então, segundo ela, as ameaças se intensificaram, incluindo ataques racistas, misoginia política e ameaças virtuais recorrentes, muitas delas com referências à rotina da parlamentar e de seus filhos.

Talíria também questiona por que outras autoridades continuam com escolta em situações semelhantes. “Qual critério foi utilizado para retirar a minha proteção, com inquérito de ameaça pela milícia em aberto, e manter a proteção de outras pessoas, como Nikolas Ferreira e Rosângela Moro?”

O que diz a decisão

A retirada da escolta da deputada Talíria Petrone foi formalizada por meio de um despacho assinado na última segunda-feira (8) por Hugo Motta, que determinou a suspensão do serviço de proteção concedido anteriormente à parlamentar.

No documento, a Presidência da Casa afirma que a decisão tem como base o Ato da Mesa nº 213/2025, que previa um prazo para a escolta, com término estimado em 10 de dezembro de 2025, e estabelecia que a proteção só deveria ser mantida se os motivos que a justificaram continuassem válidos.

Segundo o despacho, análises técnicas e informações repassadas pela Polícia Federal no Rio de Janeiro e pelo Ministério Público estadual indicaram a “insubsistência dos motivos que justificaram a concessão da proteção pessoal”.

Com isso, o texto determina que “o serviço de escolta concedido à Deputada Talíria Petrone está suspenso, a partir de 11/12/2025”.

O documento ressalta, no entanto, que a medida não é definitiva. De acordo com o despacho, há a possibilidade de uma nova autorização de escolta, desde que sejam cumpridos os “procedimentos e requisitos previstos”.

Leonidas Amorim
Leonidas Amorimhttps://portalcidadeluz.com.br
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