Ibovespa cai 11,9% em 2021 e faz investidores optares pela renda fixa

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Aplicações mais arrojadas, em dólar e criptomoedas, entregaram bons resultados, mas devem compor parcela menor da carteira.

O ano de 2021 não foi fácil para os investidores, dos mais conservadores aos mais arrojados. As aplicações de renda fixa perderam de forma generalizada para a inflação, que está acumulada em 10,42%, segundo a prévia do IPCA divulgada pelo IBGE neste mês.

Rovena Rosa

Na renda variável, a situação chega a ser pior em alguns casos. O Ibovespa, principal índice de ações do mercado brasileiro, acumulou queda de 11,92% neste ano, sem contabilizar a alta dos preços. Com a inflação, a rentabilidade real está negativa em quase 20%.

Investimentos atrelados à taxa básica de juros, a Selic, renderam 4,35% no ano, mas descontada a inflação o rendimento fica em -5,55%.

Entre as aplicações de renda fixa, o melhor desempenho foi o da poupança antiga, com depósitos até 3 de maio de 2012, que rendeu 6,22% no ano, mas teve rentabilidade real de -3,45%.

Quem entregou o pior resultado foi a poupança nova, para aplicações a partir de 3 de maio de 2012, com rendimentos de apenas 2,99% ao ano. Considerando a inflação, quem deixou o dinheiro guardado na caderneta perdeu 6,39%.

“Foi um ano de perda de poder de compra nos investimentos. Analisando no detalhe houve algumas ações que tiveram resultado extraordinário, mas no geral foi um ano de perdas por causa da inflação”, explica Sandra Blanco, estrategista-chefe da Órama.

Para o ano que vem, porém, as expectativas são melhores. A Órama trabalha com a Selic a 10,5% para 2022, mas uma inflação mais baixa, na casa dos 5%, o que fará com que as aplicações atreladas à taxa de juros tenham desempenho real positivo.

“Vamos conseguir compensar a perda e ainda ter um ganho real, pensando na renda fixa, que atualmente são as aplicações com maios benefícios em termos de risco e retorno”, afirma Sandra.

Criptomoedas foram destaques positivos
Apesar de a Bolsa brasileira ter entregado resultados negativos, o ano foi positivo para os investidores dispostos a correr mais riscos com criptomoedas e investimentos globais.

O Bitcoin subiu mais de 76% no ano, enquanto o Ethereum avançou mais de 450%. Com o resultado, as moedas digitais conseguiram superar com folga a inflação.

O dólar comercial teve alta de 7,47% em 2021. Com o IPCA em mais de 10%, porém, a rentabilidade foi negativa em 2,32%.

Para quem tem o perfil mais arrojado, Renato Breia, sócio-fundador da Nord Research, afirma que vale a pena ter uma parte da carteira investida nas moedas digitais.

“Mas não mais do que 5% para quem está começando e no máximo 10% para um tomador de risco com mais experiência”, alerta.

Nelson Muscari, coordenador de fundos da Guide Investimentos, é ainda mais cauteloso. Ele recomenda aplicar entre 1% e 3% do patrimônio em criptomoedas.

“O criptoativo não pode responder pelo ganho ou perda da carteira, tem que ser um complemento. É melhor ter uma parte pequena investida nesses ativos, para não ficar de fora do que está acontecendo, mas não comprometer o patrimônio”, diz.

Hora de montar carteira de ações

Para os especialistas, a queda do Ibovespa neste ano não é necessariamente algo negativo, mas pode ser observada como um momento de oportunidade de compra de ações de empresas sólidas e com potencial de crescimento a preços mais baixos.

“A Bolsa acabou sendo muito penalizada pelos aspectos internos com a crise fiscal e a confiança dos investidores abalada. Também pesou o cenário internacional desfavorável, com as variantes do coronavírus. Ano que vem será um ano de volatilidade por conta das eleições, mas isso pode gerar oportunidades de preços mais baixos, olhando para o longo prazo. Para quem tiver estômago e paciência, é um bom momento para ir montando uma carteira de ações”, observa Muscari.

Renato Breia, da Nord, ressalta que as empresas da Bolsa brasileira continuam “muito saudáveis”, e entregando resultados recordes, apesar de tudo.

No entanto, ele destaca que é importante ter uma parte da carteira investida em dólar e em ativos no exterior.

“O brasileiro precisa investir de forma global, com cerca de 20% a 30% das aplicações fora do país. A Bolsa está muito barata, mas é difícil ainda acreditar que teremos uma correção rápida. Ano que vem tem eleições, e isso mexe com muita coisa”.

Com informações da Agência O Globo

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