Bolsonaro tem previsão de fazer correção nas alças intestinais e de uma hérnia de hiato; também está prevista uma cirurgia para corrigir um desvio de septo
O ex-presidente deu entrada nesta segunda-feira (11), no hospital Vila Nova Star, na zona sul de São Paulo. Ele deve passar por um procedimento de correção nas alças intestinais e de uma hérnia de hiato.
Também está prevista outra cirurgia para corrigir um desvio de septo de Bolsonaro, mas não deve ser realizada nesta internação.
Ainda não há data marcada para que os procedimentos ocorram. A avaliação médica deve definir quais cirurgias serão feitas e quando.
Essa será a sexta vez que Bolsonaro passa por procedimentos cirúrgicos desde que levou uma facada durante a campanha presidencial de 2018.
Segundo seu advogado Fabio Wajngarten, ele está “com refluxo, com soluço, com dificuldade de digestão e com a barriga inchada”.
Entenda os procedimentos pelos quais Bolsonaro deve passar:
“Correção de alças intestinais”
Segundo Rodrigo Oliva Perez, coloproctologista e coordenador do núcleo de coloproctologia e intestinos do Hospital Oswaldo Cruz, o procedimento geralmente não leva esse nome de “correção das alças intestinais”, o que deve ser corrigido são eventuais aderências que se formaram entre as alças intestinais e podem estar dificultando a passagem do alimento pelo intestino.
Perez explica que as aderências podem ser consequências das cirurgias anteriores: “Isso acontece com alguma frequência no pós-operatório de qualquer cirurgia. Por conta da cicatrização dos tecidos do abdômen dentro da barriga, qualquer paciente que é operado – mesmo quando a cirurgia é feita por acesso minimamente invasivo como uma laparoscopia, por exemplo–, em qualquer procedimento que a gente faz dentro da barriga dos pacientes corremos o risco da formação de aderências entre as alças intestinais.”
“Eles devem aproveitar que tem que corrigir a hérnia de hiato para também desfazer eventuais aderências do intestino delgado”, diz o coloproctologista.
Correção de hérnia de hiato
O cirurgião do aparelho digestivo do Hospital Oswaldo Cruz Eduardo Rullo Dias explicou que a hérnia de hiato ocorre quando uma víscera abdominal sobe para o tórax, causando sintomas de refluxo gastroesofágico.
Ele explica que os sintomas consistem na “regurgitação, aquele retorno do líquido do estômago para o esôfago, e às vezes até para a boca, e na pirose, aquela queimação atrás do peito”.
“Quando a hérnia presente tem grandes proporções, ela pode gerar sintomas compressivos de dificuldade de se alimentar e às vezes até dor”, explica Dias.
O tratamento cirúrgico da hérnia de hiato pode ser feito por via minimamente invasiva (como laparoscopia ou via robótica) e consiste em colocar o conteúdo visceral de volta no abdômen e ajustar o orifício que separa o esôfago do estômago. Além de confeccionar uma válvula antirrefluxo, para impedir o retorno do líquido do estômago.
De acordo com Dias, a cirurgia possui uma recuperação simples e rápida, permitindo a alta um ou dois dias depois do procedimento.
Correção de desvio de septo
A correção do desvio de septo consiste em “endireitar” a parede que divide as narinas de um lado e do outro.
Marcio Salmito, otorrinolaringologista da Unidade Campo Belo do Hospital Oswaldo Cruz, explica que esta parede, chamada de septo nasal, nem sempre é reta. “Na verdade, a maioria das pessoas tem essa parede de dentro do nariz torta. E essa tortuosidade pode comprometer a respiração”, diz.
A única forma de corrigir esse desvio de septo é através da cirurgia chamada de septoplastia, que “corrige o septo deixando ele reto e, portanto, melhorando a capacidade que o ar tem de entrar pelo nariz, sem mexer na estética”, segundo Salmito.
Fernanda Pinotti, da CNN em São Paulo