Irã faz exercícios militares e rejeita pedido de países europeus para desistir de atacar Israel

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Também nesta terça, mais cedo, o Hamas afirmou que lançou dois foguetes M90 contra Tel Aviv, capital israelense.

A tensão continua no Oriente Médio com as promessas do Irã de retaliação a Israel após a morte do ex-chefe do grupo terrorista Hamas, Ismail Haniyeh, e nesta terça-feira (13), mais um sinal de alerta: o governo iraniano está realizando uma série de exercícios militares no norte do país.

Segundo a agência de notícias Mehr, o exercício ocorreu por uma hora, das 19h30 às 20h30 no horário local, na província de Gilan, no Mar Cáspio, para fazer um teste que pode aumentar a prontidão defensiva das forças navais do Exército.

Foto: Firas Makdesi/Reuters

Este é o segundo exercício militar relatado do Irã em três dias e ocorre após o Irã ter rejeitado os apelos da França, Alemanha e Reino Unido para não realizar um ataque retaliatório contra Israel, o que aumentaria ainda mais as tensões no Oriente Médio. No entanto, há a expectativa da comunidade internacional de que um possível acordo de cessar-fogo na guerra na Faixa de Gaza entre Israel e o Hamas pode atrasar ou até impedir o ataque iraniano.

Também nesta terça, mais cedo, o Hamas informou ter lançado dois foguetes M90 contra Tel Aviv, capital israelense.

Em comunicado, o grupo terrorista afirmou que o ataque era uma resposta aos “massacres sionistas contra civis e ao deslocamento deliberado” da população palestina. Pelo menos 19 pessoas morreram em Gaza em ataques aéreos nesta terça.

Segundo militares de Israel, um dos foguetes disparados caiu no mar e outro não atingiu o território israelense, e não houve relato de vítimas.

Negociações por um cessar-fogo em Gaza atrasam ataque, dizem fontes

Nesta terça, o Ministério das Relações Exteriores iraniano rejeitou os apelos de França, Alemanha e Reino Unido por moderação em relação a Israel, afirmando que falta aos chamados “lógica política” e que eles “contradizem princípios do direito internacional”.

De acordo com a agência de notícia Reuters, três autoridades iranianas de alto escalão afirmam que apenas um acordo de cessar-fogo em Gaza pode atrasar os planos de retaliação do Irã contra Israel pela morte do ex-chefe do Hamas.

Uma das fontes, um alto funcionário de segurança iraniano, disse que o Irã, junto com aliados como o Hezbollah, lançará um ataque direto se as negociações de Gaza falharem ou se for avaliado que Israel está arrastando as negociações.

As fontes, no entanto, não dizem quanto tempo o Irã permitirá que as negociações progridam antes de responder.

Netanyahu diz que Hamas atrasa negociações

Em comunicado através da rede social X, nesta terça, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, rebateu afirmações que teria acrescentado novas exigências para o cessar-fogo e disse que foi o Hamas que exigiu 29 mudanças.

"A alegação de que o Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu acrescentou novas exigências ao esboço de 27 de maio é falsa. O rascunho de 27 de julho não inclui novas condições e não contradiz o esboço de 27 de maio. Foi o Hamas quem exigiu 29 mudanças, algo a que o primeiro-ministro se opôs", diz o post.

Segundo o texto, há discordâncias em relação à libertação dos reféns e à forma como prisioneiros palestinos serão libertados, e é necessária a criação de um mecanismo de verificação para conseguir garantir o retorno de civis ao norte da Faixa de Gaza, proposta apresentada pelos Estados Unidos, aliados do país.

Conflito entre Israel e Irã

Teerã e aliados, incluindo o Hamas e o grupo xiita Hezbollah, acusam Israel de estar por trás do assassinato. O governo israelense não assumiu nem negou a responsabilidade. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse apenas que seu país deu “golpes esmagadores” em aliados do Irã.

Grupos terroristas e o Irã vêm fazendo promessas de vingança contra Israel e seus aliados, e a possibilidade de uma expansão da guerra no Oriente Médio vem causando preocupação entre governos da região e do resto do mundo.

O porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, afirmou na segunda-feira (12) que os Estados Unidos se preparam para o que podem ser ataques significativos do Irã ou de seus representantes no Oriente Médio “ainda nesta semana”.

O porta-voz do ministério iraniano, Nasser Kanaani, criticou a declaração dos países europeus, destacando que o apelo ignora os “crimes do regime sionista (Israel)” e exige que o Irã não responda a uma violação de sua soberania e integridade territorial.

Segundo o “The Wall Street Journal”, Israel colocou suas forças armadas em alerta máximo, e o Pentágono enviou um submarino com mísseis guiados para a região e está acelerando a chegada de do porta-aviões USS Abraham Lincoln, equipado com caças F-35, para incrementar as defesas de Israel.

Kanaani afirmou que o governo iraniano está determinado a desencorajar Israel e fez um apelo para que os países europeus se posicionem contra a guerra em Gaza e as ações bélicas de Israel.

Promessas de vingança

Na sexta-feira (9), um vice-comandante da Guarda Revolucionária do Irã afirmou que está pronto para cumprir ordem do líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, de “punir duramente” Israel pelo assassinato de Haniyeh.

“As ordens do líder supremo em relação à punição severa de Israel e à vingança pelo sangue do mártir Ismail Haniyeh são claras e explícitas… e serão implementadas da melhor maneira possível”, disse Ali Fadavi, segundo a imprensa estatal iraniana.

Já o chefe do Pentágono, Lloyd Austin, afirmou na semana passada ter ligado para o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, para informá-lo sobre ajustes na postura das forças dos EUA e reforçar o apoio “inabalável à defesa de Israel”.

Leonidas Amorim
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