Partido condiciona presença em chapa majoritária à vontade de Wellington Dias (PT). Marcelo Castro é cotado para o governo do Piauí há mais de uma década.
As eleições de 2022 no Piauí são assunto há bastante tempo, antes mesmo de começarem as campanhas municipais de 2020. Até aqui, duas forças políticas protagonizam o cenário de disputa para o próximo ano: o governador Wellington Dias (PT), que lançará um nome de sua preferência para a sucessão, e o senador Ciro Nogueira (Progressistas), que deve disputar o governo ou ter alguém do partido como seu candidato ao Palácio de Karnak.
Marcelo Castro é cotado para o governo do Piauí há mais de uma década.

Enquanto Wellington e Ciro se fazem protagonistas, o MDB, um dos maiores partidos do Estado, segue sendo apenas um apêndice no processo eleitoral piauiense. Essa fama, é importante ressaltar, não é apenas no Piauí. Até mesmo em nível nacional o MDB não tem sido protagonista em disputas eleitorais nas últimas décadas, salvo algumas exceções. E olha que o partido figura sempre entre as maiores bancadas do Congresso Nacional.
No Piauí, o partido possui, empatado com o Progressistas, a maior bancada de deputados titulares na Assembleia Legislativa. Além disso, tem um deputado federal, um senador da República que teve quase 1 milhão de votos em 2018, o prefeito da capital e outros 35 no interior. Também são do MDB as presidências da Assembleia e da Câmara de Teresina.
Contudo, mesmo com essa envergadura, a sigla prefere sempre condicionar sua presença em chapas majoritárias ao governador Wellington Dias. O nome do senador Marcelo Castro até é cotado para o Palácio de Karnak, mas desde que Wellington queira ele como candidato. Do contrário, o MDB se contenta com a vice do nome escolhido pelo petista.
Essa situação desagrada alguns emedebistas históricos, que não veem sentido em um partido com o tamanho do MDB ficar a vida inteira atrelada às vontades de alguém de outro partido, sobretudo se considerada a grandiosidade da legenda no Estado. Não se trata, avaliam alguns, de ser contra a aliança com o governador Wellington Dias. O que não se entende é a subordinação, eleição após eleição, aos desejos do petista na hora de montar as chapas.

Em 2014, o MDB teve candidato próprio ao Karnak com o então governador Zé Filho, que tinha assumido o governo após a renúncia de Wilson Martins (PSB) para disputar o Senado. Porém, naquela vez o partido fez tudo errado. Meteu os pés pelas mãos ao protagonizar uma traição interna a Marcelo Castro (que deveria ter sido o candidato) e levou uma surra nas urnas, justamente para Wellington Dias, que agradeceu de bom grado.
Antes, lá em 2010, o partido também esperou as vontades de Wellington, que preferiu ter Wilson Martins como candidato a governador, em vez de Marcelo Castro. Apesar disso, é o próprio Marcelo quem mais tem orgulho dessa aliança onde o MDB nunca ganha a vez. Ele sempre faz questão de dizer que o MDB é fiel a Wellington desde 2002, quando o petista chegou ao governo do Piauí pela primeira vez.
Para as eleições de 2022, o MDB possui uma das melhores estruturas para pleitear o Karnak, mas falta o principal: coragem e disposição para ser protagonista. Com Wellington Dias andando pra cima e pra baixo com o petista Rafael Fonteles, tudo indica que veremos, mais uma vez, “o grande MDB” brigando pela vaga de vice. A sigla se contenta com isso.
Com informações de Gustavo Almeida/lupa1