O programa já está em sua 5º edição e é finalista do Prêmio do Conselho Nacional do Ministério Público 2021.
O Núcleo das Promotorias de Justiça de Defesa da Mulher Vítima de Violência Doméstica e Familiar (Nupevid) do Ministério Público do Piauí (MPPI), coordenado pela promotora de Justiça Amparo Paz, retomou as atividades do Programa Reeducar, após uma pausa devido à pandemia da covid-19. A iniciativa, que é finalista do Prêmio do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) 2021, tem como objetivo desconstruir pensamentos machistas e reeducar homens envolvidos em casos de violência doméstica e familiar.
Ao longo de nove módulos (um por mês), serão realizados encontros com palestras, atividades pedagógicas, educativas e discussões que levam à promoção da reflexão e mudança de comportamento sobre a cultura machista, desigualdade de gênero, respeito à mulher e bom convívio familiar. A promotora de Justiça Amparo Paz enfatiza que o programa contribui para uma sociedade em que as mulheres sejam respeitadas.
“É uma grande satisfação poder retomar o Reeducar, que já está em sua 5ª edição. É uma iniciativa que nos dá muita satisfação, pois podemos colaborar ativamente para uma sociedade em que as mulheres tenham seus direitos humanos respeitados. Com o Reeducar, nós propomos aos homens uma nova maneira de enxergar a mulher, de respeitá-la, convidando-os para a construção de uma sociedade menos machista. A violência contra a mulher é um grave problema social e só vamos conseguir enfrentá-la com educação e mudanças de pensamento e posturas”, defende a promotora.
A assistente social do MPPI, Núbia de Caldas, explica que o Programa Reeducar é composto por nove módulos que irão propor reflexões sobre temas como o papel do homem na sociedade, saúde, família e o uso indevido de drogas. Neste primeiro módulo, foi realizada uma reflexão sobre “O homem na atualidade: família, cultura e papéis sociais da mulher e do homem”.
“O Projeto Reeducar foi idealizado pela Dra. Amparo e, desde o início da Lei Maria da Penha, a gente pensou em alguma coisa que fosse além da punição. Diante disso, se pensou em módulos que pudessem fazer com que esses homens repensassem seus atos e eles mesmos buscassem a responsabilização, não como forma de punição, mas de educação para sua vida, para sua família. É por isso que o primeiro módulo é refletindo sobre esse homem na sociedade. Na sequência, teremos os outros módulos sobre saúde, uso indevido de drogas, atenção com os filhos, por exemplo”, explica Núbia.
A psicóloga do Nupevid/MPPI, Cynara Veras, destaca que, mesmo após o fim dos nove módulos, a equipe do Ministério Público continua monitorando os participantes. “A importância do Reeducar se dá ao tempo em que os homens se oportunizam falar sobre suas questões, sobre o que levou ao cometimento daquela violência, quando eles se responsabilizam, reconhecendo que tais condutas são prejudiciais. Nós fazemos o monitoramento desses homens por até um ano após o fim do programa, mantendo contato com as vítimas e com eles, para saber como que ficou esse processo após o Reeducar. É um programa de desconstrução dessa conduta, desse tipo de comportamento”, destaca a psicóloga.