Não vou interferir no mercado, diz Bolsonaro sobre preço do arroz

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O presidente Jair Bolsonaro negou nesta quinta-feira (10) a possibilidade de interferir no preço dos alimentos, após uma forte alta sobre o custo de itens básicos para o consumidor.

“Eu não vou interferir no mercado, o que tem que valer é lei da oferta e da procura”, disse. “Ninguém quer interferir em nada, tabelar nada, isso não existe. A gente sabe que, uma vez interferindo, desaparece da prateleira e a mercadoria aparece no câmbio negro muito mais caro”.

Presidente da República, Jair Bolsonaro – Foto: © Alan Santos/PR

Ele afirmou que conversou com o ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, para autorizar que os serviços de Defesa do Consumidor possam questionar os supermercados sobre o aumento.

O presidente também disse ter conversado com os ministros Paulo Guedes (Economia) e Tereza Cristina (Agricultura) e que o país irá importar 400 mil de toneladas do grão sem imposto de importação. 

Bolsonaro atribuiu a alta ao auxílio emergencial e aumento na demanda. “O pessoal começou a consumir um pouquinho mais, mas um pouquinho por milhões de pessoas ajudou a sumir o produto das prateleiras”, afirmou. 

Ele também citou a alta do dólar e diz ter conversado com equipe econômica para ver o que poderia ser feito para abaixar o valor da moeda. ‘”Legalmente, obedecendo as regras do mercado”, garantiu. 

Por que os preços subiram?

Existem quatro grandes motivos para que essas altas tenham acontecido. O primeiro foi a mudança de comportamento do consumidor, que deixou de comer fora para cozinhar em casa, o que fez a demanda por produtos da cesta básica crescer.

A demanda internacional por alimentos também causou alta dos preços. A China, principalmente, decidiu aumentar o nível de estoque de alimentos. Isso fez com que o valor de diversos produtos aumentasse – e bastante. 

Além disso, o aumento de renda do brasileiro, muito puxado pela distribuição do auxílio emergencial, ajudou a população a ter mais acesso a alimentos – o que aumentou a procura sem, necessariamente, haver demanda suficiente para isso. 

Por último, o dólar valorizado frente ao real fez com que os produtos brasileiros ficassem mais baratos para exportação. Inclusive, ajudou a abrir novos mercados para os produtores brasileiros – até mesmo os de arroz. 

“Essa mudança de patamar de preço vai se manter e mesmo assim não enxergo o arroz como um produto caro”, diz Alexandre Velho, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul. “Uma família de quatro pessoas gasta R$ 20 para se alimentar a semana inteira, enquanto um refrigerante custa R$ 7.”

Por causa da alta dos preços, a Associação Brasileira de Procons pediu ao ministro da Economia, Paulo Guedes, o monitoramento das exportações. E disse estar de olho para evitar que haja reajustes muito altos nesse período de pandemia. 

Por meio de uma carta, a associação afirma que faz o “acompanhamento e o monitoramento dos mercados, com adoção de medidas adequadas que garantam a defesa do consumidor, através do reequilíbrio entre as exportações e abastecimento do mercado interno”.

Produtores sorrindo 

Muito concentrada no Rio Grande do Sul, a produção de arroz no Brasil sempre foi vista como menos competitiva às de países como Uruguai, Argentina e Paraguai.

Porém, com a alta da demanda pelo produto, os produtores até passaram a aumentar as áreas de plantio para o arroz, que estava perdendo espaço para outros produtos mais rentáveis, como soja e milho. De 2015 a 2018, a redução do espaço para plantio do arroz foi de 9%. Para este ano, é esperada uma expansão de até 5%.

“Podemos expandir para novos mercados, dependendo de como o dólar se comportar”, diz Velho, da Federarroz. 

Segundo dados do Ministério da Economia, as exportações de arroz sem casca, processado pela indústria de transformação, subiram 58,1% este ano até agosto na comparação com o mesmo período de 2019, totalizando US$ 276,9 milhões.

As exportações para a África do Sul entraram no mapa, tendo chegado a US$ 9,6 milhões, ante nenhuma venda em igual período do ano passado. As vendas para os Estados Unidos também subiram 233,2%, a US$ 18 milhões. 

Os principais destinos das vendas do produto brasileiro, contudo, foram Peru (US$ 42,6 milhões) e Venezuela (US$ 35,6 milhões). Para o Peru, as exportações subiram 28,9% e para a Venezuela, 165,5%. As importações de arroz processado, por outro lado, caíram 11,4% nos oito primeiros meses do ano, a US$ 135,6 milhões.

Para dar conta da demanda interna, o governo vai zerar a tarifa de importação para 400 mil toneladas de arroz.

“Com isso, o mercado vai se equilibrar e a gente afasta o risco de um possível desabastecimento”, disse Tereza Cristina, ministra da Agricultura, em entrevista à CNN.

Diante de números tão positivos, os produtores de arroz estão muito longe de reclamar dessa decisão que beneficia os seus competidores. 

(Com Reuters)

Anna Satie, da CNN em São Paulo

Leonidas Amorim
Leonidas Amorimhttps://portalcidadeluz.com.br
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