Dados do Ministério da Saúde apontam que em 2007 foram registrados 14 casos da doenças no estado, e em 2017 esse número saltou para 330. Foram 1.180 notificações em uma década.
O Piauí possui um número preocupante de registros de infecção pelo vírus HIV (Aids), segundo o Ministério da Saúde. Os dados do Sistema de Informação de Agravos e Notificação (Sinan), constantes no Boletim Epidemiológico HIV/Aids de junho de 2017 e 2018, apontam que as notificações anuais da doença aumentaram 135% em dez anos no estado, saltando de 14 registros, em 2007, para 330, em 2017.
Somando-se todos esse período, foram 1.180 notificações, sendo que a maior alta nos casos da se deu entre 2012 e 2013, com aumento de 44 para 66 casos de um ano para o outro (50%).
Apesar da alta das notificações na década de 2007-2017, ao longo de 2018, o Piauí teve uma redução no número de infecções pelo vírus HIV. No último ano, segundo mostram os dados do Sinan, o Estado registrou somente 160 novas notificações, uma média de 13 novos registros a cada mês. A redução em relação a 2017 foi de mais de 50%.
É importante considerar que, apesar dos altos índices, o Piauí ainda é a unidade federativa da Região Nordeste com os menores registros de infecção pelo vírus HIV. A Bahia, por exemplo, é o que mais possui notificações no Sinan, com um total de 9.658 em 2017. Em 2018, o estado baiano registrou 922 novos casos.
E por falar em Nordeste, 2m 2017, esta foi a região do Brasil com mais casos de infecção pelo HIV, ficando atrás somente do Sudeste, segundo o Ministério da Saúde. No ano retrasado, foram notificados 42.420 casos de infecção em todo o país, sendo que 9.706 (22,9%) foram registrados no Nordeste. Levando em consideração a idade, a maior concentração dos casos foi observada nas pessoas com idade entre 25 e 39 anos, em ambos os sexos.
Foi pensando nos altos índices do HIV no Piauí, que o Ministério da Saúde começou oferecer no estado, através do Hospital de Doenças Tropicais Natan Portela, a Profilaxia Pré-Exposição, que se trata da combinação de dois medicamentos que bloqueiam alguns “caminhos” que o HIV usa para infectar o organismo. Caso seja utilizada diariamente, conforme a prescrição, a medicação pode impedir que o vírus se estabeleça e se espalhe pelo corpo.
Vale lembrar que o Natan Portela já oferecia a Profilaxia-Pós Exposição, para casos em que já havia risco de contágio, como violência sexual, relação sexual desprotegida e acidente ocupacional (com instrumentos cortantes ou contato direto com material biológico infectado).
No entanto, o tratamento Pré-Exposição não é para todos os pacientes portadores de HIV, segundo explica a médica infectologista Elna Amaral. O procedimento é indicado apenas para pessoas que tenham maior chance de entrar em contato com o vírus.
“Homossexuais, transexuais e profissionais do sexo, por exemplo. Também estão aptos aqueles que frequentemente deixam de usar camisinha em suas relações sexuais, aqueles que mantêm uma vida sexual ativa com alguém que seja soropositivo e que esteja em tratamento ou não, quem faz uso da Profilaxia Pós-Exposição e quem apresenta episódios frequentes de infecções sexualmente transmissíveis”, explica a médica.
Para ter acesso à Profilaxia Pré-Exposição, a pessoa pode se encaminhar ao Hospital Natan Portela e marcar uma consulta. Após a triagem e preenchimento dos requisitos necessários, ela passa a receber rotineiramente a medicação. “Pelo protocolo, a pessoa faz um exame de HIV e se der positivo, o tratamento será outro. Caso comece a fazer a Profilaxia Pré-Exposição, ele vai tomar o medicamento todos os dias, fazer exames regulares e buscar sua medicação a cada três meses”, acrescenta Elna Amaral.
Importante ressaltar que o medicamento só faz efeito após sete dias de uso para relação sexual anal e após 20 dias de uso para relação sexual vaginal.
Por: Maria Clara Estrêla