A piauiense Teresa Raquel Bastos, de 31 anos, a primeira sommelier de mel da América do Sul, em entrevista afirmou que o mel do Piauí é único e destacou a produção feita no estado. Ela afirmou que pretende fazer em breve um mestrado com objetivo de catalogar os méis do Piauí e do Brasil.
Teresa é formada em jornalismo, mas em 2021 assumiu a empresa do seu pai, que produz e vende mel. Ela decidiu se especializar na área, e então em março de 2022 conseguiu o certificado como especialista de mel, e também pode ser chamada de sommelier.
Ao site Cidade Verde ela explicou que a natureza influencia no mel produzido no estado. “O mel daqui é único pelas características da produção e da natureza que temos. Produzimos em área de preservação, em área de mata nativa, então não é, por exemplo, como o mel de área de laranjeira que é muito produzido no Sul e Sudeste, onde é usado agrotóxico, então a gente tem essa característica de mel orgânico por isso, porque são de plantas nativas. O mel que você come do Piauí, tem gosto do Piauí, por ser de plantas e solo com uma característica que faz com que seja tão especial. Outra característica importante é o cooperativismo, onde vários apicultores pequenos se juntam. O mel do Piauí é conhecido pela sua qualidade, mas também pela organização das cooperativas que trabalham nesse mel”, destacou.
Ela explicou que o estado possui muita variação, e que dependendo da floração é possível produzir vários tipos, que podem ir do amargo até o mais doce.
“Nós temos muita variação, pois varia o sabor, aroma e textura, ele varia de acordo com a flor. Então com a diversidade botânica que a gente tem, cada mel é diferente, a textura das flores em cada ambiente também dá um mel diferente. Um mel da mesma planta na região Sul e Norte do Piauí pode ter variações, então varia com o sol, a chuva, o calor, as plantas que estão juntos. Na hora de produzir, a gente faz um planejamento e já escolhe o local onde vai colocar as abelhas e em que período, para coincidir com a floração, então tem que estudar o ambiente, o período de chuvas, a qualidade das abelhas, como elas estão produzindo”, explicou.
Sommelier
Teresa decidiu se tornar uma especialista em mel após assumir a empresa do seu pai, a Bee Mel, no ano de 2021. Ela afirmou que nunca pensou que iria trabalhar nessa área, até que chegou a pandemia. Ela que estava em São Paulo, retornou ao Piauí.
“O meu pai é apicultor desde 1983 e aí em 1991 ele montou a indústria. Eu assumi a empresa em 2021, pois ele se aposentou e ficou só com a produção de abelhas e eu fiquei com a parte da indústria. Antes disso, eu trabalhei com jornalismo de agronegócio, me apaixonei pelo campo de novo, fui me envolvendo, saí do jornalismo e fui trabalhar na parte de tecnologia rural. Como tinha tempo, comecei a ajudar meu pai na comunicação da empresa. Montei site, Instagram, um canal de atendimento, criei novos produtos, vendia nos restaurantes lá de São Paulo e aí fui me envolvendo até que me mudei para cá na pandemia, virei sócia, e foi acontecendo. Nunca pensei que fosse trabalhar com mel, pelo contrário, meu pai ficava se lamentando de que ninguém iria continuar o trabalho dele, e eu só ficava ouvindo, e até que eu assumi”, declarou.
Ela disse que a responsabilidade em ter que assumir a empresa fez ela buscar o curso, para poder ter mais conhecimento na área. Agora ela busca fazer um mestrado.
“Eu precisava estudar alguma coisa para ter propriedade do que estava falando. É uma área muito masculina, e sendo uma mulher nova e entrar sem estudar, aliás, ninguém devem começar um negócio sem estudar, então me senti mais instigada para o pessoal poder me respeitar um pouco, e fui estudar nesse lugar que criou essa análise sensorial do mel no mundo. Eu ainda quero fazer um mestrado para trazer essa análise sensorial para o Brasil, porque analisei os méis italianos, pois lá tem catalogado todos, e a minha ideia é trazer e catalogar os do Brasil, e começar pelo Piauí, e quero fazer um mestrado disso. Cada mel é diferente e entrega no sabor, aroma e textura, então a gente aprende a catalogar. A mesma coisa que tem com vinho e café, esse produtos que tem variação sensorial, a gente consegue com o mel também”, afirmou.
Bárbara Rodrigues
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