‘Só queria dizer que a dor do pai é muito grande. É ter que conviver todo o dia com essa dor, com os pensamentos’, disse Márcio Antônio, pai de Hugo, que morreu aos 25 anos.
“Gostaria, por favor, que as pessoas tivessem mais empatia e compaixão pelas pessoas, pelas vítimas, por todos nós.” O apelo é de Márcio Antônio, pai de Hugo, de 25 anos, que morreu vítima da Covid-19. O jovem era saudável e não integrava o grupo de risco, mas morreu após 16 dias internado.
Márcio foi filmado, nesta quinta-feira (11), recolocando cruzes num protesto na Praia de Copacabana em homenagem aos mortos pela doença. Ele enviou vídeos ao RJ2 explicando as circunstâncias que o fizeram agir na manifestação, que tentou ser destruída por um grupo de invasores.
“Meu nome é Márcio. Pai do Hugo, que faleceu aos 25 anos de Covid 19. Só queria dizer que a dor do pai é muito grande. É ter que conviver todo o dia com essa dor, com os pensamentos. Tentar lidar com estes pensamentos”, disse o pai.
Hugo está entre os mais de 7,3 mil mortos no Rio de Janeiro por Covid-19. E Márcio entrou na lista dos milhares pais que choram tantas perdas. Em homenagem às vítimas da Covid a ONG Rio de Paz fez uma manifestação, abrindo covas na praia de Copacabana.
“Decidimos levar para as areias da Praia de Copacabana essa cena emblemática dos cemitérios brasileiros nos quais são enterrados cidadãos brasileiros em covas rasas. Essa é imagem que nos ajuda a entender que Brasil esta nu perante o mundo”, afirmou Antônio Carlos Costa, presidente da ONG Rio de Paz.
A manifestação foi pacífica e silenciosa, mas sofreu com um ataque de fúria. Na sequência da tentativa de destruição, o protesto também recebeu socorro de quem sabe o que é perder quem se ama.
Márcio, sozinho, recolocou as cruzes no lugar. Ele nem sabia da manifestação quando passou pela praia de Copacabana. Não conhecia os organizadores. Ele estava caminhando com a mulher quando viu a cena.
“Eu estava apenas passando na praia e vi aquela manifestação em apoio às vítimas. O que aconteceu ali foi apenas um ato voluntário de um pai que tá com uma dor muito grande aqui, que acha um desrespeito muito grande por nós que somos vítimas, que somos parentes de vítimas, que perdemos.”
Por Bruno Côrtes, RJ2