Partidos do Centrão se frustra com novo ministro e vê escolha pessoal da família Bolsonaro

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Parlamentares acreditam que Marcelo Queiroga não conseguirá contrariar postura negacionista do presidente. Escolhido para assumir o lugar de Eduardo Pazuello, médico apoiou o projeto de campanha de 2018 e é próximo do senador Flávio Bolsonaro.

Políticos aliados ao governo Bolsonaro, principalmente do Centrão, descartam a concessão de carta branca ao novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, na condução dos protocolos para combate à pandemia.

O cardiologista Marcelo Queiroga é o quarto ministro da saúde do governo Bolsonaro Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS

A decisão de indicar Queiroga – e não Ludhmila Hajjar – frustrou o Centrão e também ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que pediram ao presidente nos últimos dias uma guinada no Ministério da Saúde com a escolha de um nome técnico, como o da médica, que defende posições contrárias ao negacionismo do governo.

Eles dizem que Queiroga é uma escolha pessoal do presidente – nas palavras de um auxiliar direto, “uma escolha familiar”, já que Queiroga é ligado ao senador Flavio Bolsonaro (Republicanos-RJ).

No Centrão, o médico conta com apoio de Marcos Pereira, presidente do Republicanos, mas assessores presidenciais admitem que a indicação tem a digital de Flávio, e que a maioria do grupo de partidos está frustrada.

Por conta da proximidade de Queiroga com a família, esses aliados avaliam que o novo ministro seguirá ordens do presidente, fazendo uma gestão de continuidade. Observam, como termômetro, se ele conseguirá nomear uma equipe diferente da de Pazuello, por exemplo, ou se terá de manter assessores que agradam ao presidente.

Parlamentares afirmam que, em um primeiro momento, a troca na Saúde servirá para dar impressão de que há uma “nova roupagem” para o discurso sobre a Saúde, pois vai “zerar” a discussão sobre a vacina – ou seja, diferentemente de Pazuello, que coleciona passivos menosprezando a vacinação em linha com o discurso do presidente, o novo ministro vai adotar a tônica de que a vacinação é prioridade.

No entanto, acreditam parlamentares, Queiroga dificilmente irá contrariar o presidente publicamente a respeito de tratamento precoce – bandeira de Bolsonaro sem comprovação científica –, isolamento e lockdown.

Médicos ouvidos pelo blog também descartam uma postura de enfrentamento de Queiroga com Bolsonaro para defender comprovações científicas. Ressaltam que, além da ligação com Flavio, ele é um entusiasta da figura do presidente desde 2018, tendo apoiado o projeto de campanha.

Por Andréia Sadi

Cobre os bastidores de Brasília para o Jornal Hoje (TV Globo) e na GloboNews. Apresenta o Em Foco (GloboNews) e integra o Papo de Política (G1)

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