Com um terço da população piauiense em situação de insuficiência alimentar, a Secretaria Estadual da Assistência Social do Piauí (Sasc-PI) estuda a criação de novos restaurantes populares e cozinhas comunitárias em todo o estado. Além disso, a pasta pretende aliar ações de geração de renda para enfrentar o aumento desse problema no estado.
Segundo Edna Guedes, diretora de segurança alimentar e nutricional da Sasc-PI, a situação da fome no país e no estado está ligada à suspensão do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), que retomou suas atividades em 2023. A gestora ainda pontua que a crise sanitária do coronavírus agravou ainda mais essa situação.
“Tínhamos um plano de segurança alimentar e nutricional que estava em execução em 2018 mas deu uma parada, porque muita coisa havia mudado. Os conselhos de segurança alimentar e nutricional foram enfraquecidos Além disso tivemos uma pandemia, que também fez com que aumentasse muito”, afirma a diretora da Sasc-PI.
De acordo com último Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19, divulgado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), 34% dos piauienses sofrem com insegurança alimentar grave, o segundo maior percentual do país atrás apenas de Alagoas.
O levantamento ainda constatou que apenas 20% da população do estado está em situação de segurança alimentar, enquanto outros 45% vivem em condições de insegurança alimentar leve ou moderada, ou seja, mudaram os padrões alimentares pela falta de alimentos ou convivem na incerteza em relação ao acesso a refeições.
Com o retorno do Consea e a eleição para escolha dos membros do conselho estadual marcada para o próximo dia 20 de abril, a Sasc-PI tem planejado algumas ações para o enfrentamento da fome no estado. Uma das ideias é mapear as regiões onde o problema é mais crítico para a criação de novos restaurantes populares e cozinhas comunitárias.
“A perspectiva é que tenhamos um estudo para identificarmos a região com maior grau de insegurança alimentar. Nesses locais vamos implementar um restaurante ou uma cozinha comunitária. Além disso, a intenção é ampliar o número de refeições que já são servidas atualmente pelo restaurante popular em Teresina”, pontuou Edna Guedes.
Em seu estudo, a Rede Penssan ainda detectou que o desemprego é outro fator determinante central da condição de vulnerabilidade social e da insuficiência alimentar das famílias. Por conta disso, outra iniciativa dos órgãos públicos visa o incentivo de iniciativas para qualificação profissional e geração de rendas para as famílias nessas condições.
“Iremos capacitar as famílias que estão em insegurança alimentar através das cozinhas comunitárias, onde elas poderiam trabalhar. As cozinhas serão abastecidas pela agricultura familiar, então seria algo muito interessante, porque ao mesmo tempo combateremos a fome e proporcionamos a geração de renda”, concluiu a diretora da Sasc-PI.