Parte da estratégia do Brasil para combater o desmatamento na Amazônia é destacar 10 batalhões da Força Nacional para atuar na região por 1 ano. A medida está presente na proposta elaborada pelo governo federal para pedir US$ 1 bilhão aos Estados Unidos.
A Força Nacional já atua há mais de 1 ano na proteção das unidades de conservação federais da Amazônia contra o desmatamento e a extração ilegal de minério e madeira na região. Apesar disso, os alertas de desmatamento na Amazônia Legal bateram recorde em março de 2021.
A CNN Brasil teve acesso ao documento elaborado pelo governo federal. Além da ampliação da atuação da Força Nacional, o plano propõe medidas para desestimular a atividade ilegal na região.
O plano que foi elaborado pelo Brasil será apresentado ao governo dos Estados Unidos na Cúpula dos Líderes sobre o Clima, encontro organizado pelo presidente norte-americano, Joe Biden, e que começa nesta 5ª feira (22.abr).
O documento sugere o deslocamento para a Amazônia de um efetivo de 3.500 homens da Força Nacional. A proposta é que US$ 330 milhões sejam usados para fiscalização e controle. Segundo a CNN, o valor engloba o custo com pessoal, alimentação, hospedagem e o destacamento de viaturas e helicópteros.
O governo ainda quer a contratação e treinamento de 10.000 homens para trabalhar como guardas-parques em unidades de conservação. O objetivo é tirar as pessoas das atividades ilegais e colocá-las para atuar na fiscalização da floresta.
Parte do valor seria gasto com “pagamento por serviços ambientais”: incentivo econômico para que as pessoas parem de se engajar em atividades ilegais na Amazônia.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo publicada em 3 de abril, o ministro Ricardo Salles (Meio AMbiente) falou sobre esse pagamento por serviços ambientais. O ministro afirmou que o objetivo é dar “a essas pessoas que serão fiscalizadas nessas regiões, que sofrerão as fiscalizações mais intensas, uma alternativa econômica para que não seja tão convidativo voltar à ilicitude”.
Enquanto ainda era candidato à Casa Branca, Biden disse que doaria dinheiro para o combate ao desmatamento na Amazônia e ameaçou sancionar o Brasil, caso o país não “pare de desmatar”.
“Vou garantir que vários países se juntem e digam [ao Brasil]: ‘Aqui estão US$ 20 bilhões. Parem de destruir a floresta’”, declarou o democrata em debate presidencial.
Na época, Salles ironizou a proposta de ajuda financeira. “Só uma pergunta: a ajuda dos US$ 20 bilhões do Biden, é por ano?”, disse. O presidente Jair Bolsonaro também rebateu a declaração, classificou a fala de Biden como “lamentável” e disse que a soberania brasileira “é inegociável”.
Agora, Bolsonaro enviou uma carta ao presidente dos EUA comprometendo-se a eliminar o desmatamento ilegal no Brasil até 2030. O presidente disse também que o Brasil pode antecipar em 10 anos, para 2050, o objetivo de chegar à neutralidade climática, reduzindo as emissões de gases poluentes. Mas, para isso, depende da viabilização de “recursos anuais significativos, que contribuam nesse sentido”.
Bolsonaro afirmou que está disposto a trabalhar com Biden.
“Reitero o compromisso do Brasil e do meu governo com os esforços internacionais de proteção do meio ambiente, combate à mudança do clima e promoção do desenvolvimento sustentável. Teremos enorme satisfação em trabalhar com V. Excelência em todos esses objetivos comuns”, declarou Bolsonaro na carta.
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