Fontes que participam da investigação dizem que Anna Christina Ramos Saicali não tem cidadania portuguesa e que há preocupação de que ela possa atravessar a fronteira para a Espanha de carro.
A Polícia Federal (PF) e a Interpol estão em uma operação para tentar encontrar a ex-diretora da Lojas Americanas Anna Christina Ramos Saicali. Fontes envolvidas na operação conseguiram confirmar que ela está em Portugal e que não tem cidadania portuguesa. Ela segue foragida.
O nome dela segue na Difusão Vermelha da Interpol, a lista dos mais procurados do mundo.
A polícia portuguesa montou uma operação especial, com apoio da PF eda Interpol, para tentar capturá-la. Existe a preocupação, segundo as fontes, de que ela possa atravessar de carro a fronteira com a Espanha.
Essas fontes afirmam que a polícia espanhola foi alertada e que foi solicitado uma atenção especial na região de fronteira entre os dois países.
Nesta sexta-feira, o ex-CEO da rede de lojas Miguel Gutierrez foi preso em Madrid, na Espanha, uma operação que contou com cooperação internacional entre PF e Interpol. O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, disse que há a possibilidade de o executivo, acusado de realizar fraudes contábeis na rede de lojas que, segundo as investigações, chegaram a R$ 25 bilhões, ser extraditado ao Brasil ou de cumprir pena na Espanha, pois ele tem cidadania espanhola.
A política espanhola não extradita seus cidadãos. Rodrigues disse que caberá a justiça do país “analisar o pedido feito pelo Brasil, verificar sua nacionalidade e a gravidade do delito” cometido.
A PF deflagrou na quinta-feira (27) a Operação Disclosure contra as fraudes contábeis nas Lojas Americanas. Foram expedidos mandados de prisão contra Gutierrez e Anna Christina.
Segundo a investigação, os resultados financeiros da Americanas foram maquiados para demonstrar um falso aumento de caixa que valorizava artificialmente as ações da companhia na bolsa de valores brasileira, a B3.
Com esses números manipulados, segundo a PF, os executivos recebiam bônus milionários por desempenho e obtiam lucros ao vender as ações infladas no mercado financeiro.
A maquiagem foi detectada em pelo menos 2 operações:
- Risco sacado: antecipação do pagamento a fornecedores por meio de empréstimo junto a bancos;
- Verba de propaganda cooperada (VPC): incentivos comerciais que geralmente são utilizados no setor, mas no presente caso eram contabilizadas VPCs que nunca existiram.
De acordo com o Ministério Público Federal, Gutierrez pedia para que os balanços financeiros fraudados lhe fossem enviados em pen drives, para que não fossem rastreados.
Para a PF, Gutierrez vinha se empenhando em blindar seu patrimônio logo após deixar seu cargo na Americanas, “sabendo que o escândalo iria explodir”.
Segundo as investigações, Gutierrez criou um “engenhoso esquema societário” que inclui o envio de diversas remessas de valores a offshores sediadas em paraísos fiscais. Offshores são rendimentos obtidos fora do Brasil, por meio de aplicações financeiras ou empresas no exterior.
Por César Tralli, TV Globo e Globonews