Parece uma nave espacial, mal foi tirada do papel e funciona com combustível que até poucos anos atrás especialistas chamavam de “loucura”. Mas aos olhos de uma das maiores fabricantes de aeronaves do mundo, é, sem dúvidas, o futuro.
E não é o futuro distante. A Airbus espera que estejamos voando pelos céus em um de seus novos designs radicais em apenas 15 anos, deixando para trás os dias de poluição de motores a jato e a vergonha de voar por questões ambientais.
A aeronave de asa mista faz parte de uma trinca de modelos, ecologicamente corretos, movidos a hidrogênio, recentemente apresentados pela Airbus como parte de sua ambição de liderar a descarbonização da indústria da aviação.
É um plano ousado e que, poucos meses atrás, pode ter parecido fantasioso, já que a demanda por viagens aéreas movidas a combustíveis fósseis continua a crescer, aparentemente imune às crescentes preocupações ambientais.
Mas a chegada da Covid-19 e seu impacto na aviação podem ter, inadvertidamente, aberto uma oportunidade de voo livre para os esforços de repensar a tecnologia usada para fazer aviões voarem.
A Airbus batizou seu novo programa de ZEROe. Os designs revelados não são protótipos, mas um ponto de partida para explorar a tecnologia necessária e começar a construir os primeiros aviões comerciais neutros para o clima.
“Como se poderia sair da pandemia tendo a neutralidade climática como um fator essencial de competitividade em longo prazo?”
Essa foi a pergunta retórica da diretora de tecnologia da Airbus, Grazia Vittadini, durante reunião sobre os novos planos da empresa.
“Seria impossível não fazê-lo. Mesmo antes da crise, já era uma visão conhecida e compartilhada de que proteger o clima e o nosso meio ambiente são fatores essenciais e indispensáveis sobre os quais temos que construir o futuro do voo”, disse.
Por que hidrogênio?
O plano da Airbus de colocar no mercado uma aeronave de passageiros com emissão zero até 2035 significa que precisa traçar um percurso em termos de tecnologia até 2025. Na verdade, a Airbus precisa traçar vários cursos.
Essa demanda existe porque nenhuma tecnologia existente pode atender aos requisitos de energia para abastecer todo o espectro de tipos de aeronaves – desde táxi aéreo até aviões de curto, médio e longo alcance.
Apesar de ter recentemente se concentrado mais na aviação elétrica para aviões pequenos, a Airbus agora se volta para o uso do hidrogênio como candidato a resolver os problemas da aviação com a emissão de gás carbônico.
“Nossa experiência com baterias nos mostra que a tecnologia de baterias não está avançando no ritmo que desejamos”, disse o vice-presidente de aeronaves com emissão zero da Airbus, Glenn Llewellyn.
Paul Sillers, da CNN