Por Gleison Fernandes – Jornalismo da UCA.
Em um movimento que surpreende parte da classe política local e estadual, o prefeito reeleito de Marcos Parente, Gedison Alves (PSD), investigado por suspeitas de abuso de poder político e econômico nas eleições de 2024, iniciou os primeiros passos para se alinhar à base do governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT). Recentemente, o gestor foi recebido no Palácio de Karnak, sede do governo estadual, acompanhado por lideranças do PSD, partido que compõe a base de apoio do governador.

Unidade ou conveniência?
O movimento do prefeito Gedison Alves, ainda que revestido de pragmatismo político, escancara uma contradição difícil de ignorar. Em 2024, Rafael Fonteles esteve do lado oposto, apoiando abertamente Ricardo Martins, adversário direto de Gedison, que por uma diferença mínima quase venceu a disputa. Enquanto isso, o atual prefeito se manteve fiel ao grupo liderado por Ciro Nogueira, sustentando um discurso de oposição ao Palácio de Karnak. Agora, poucos meses após o embate eleitoral, Gedison dá sinais claros de aproximação com o governador. E diante dessa reviravolta, a pergunta inevitável ecoa: oposição e situação dividirão o mesmo palanque em 2026, unidos pelo projeto de reeleição de Rafael Fonteles?
Caso essa aliança se concretize, o cenário político do município pode mudar drasticamente. Durante anos, parlamentares e lideranças da oposição municipal travaram embates públicos com membros da gestão de Gedison, disputando a paternidade de obras e investimentos. Enquanto uns afirmavam se tratar de recursos do governo estadual, a gestão local creditava as ações à administração municipal. A rivalidade, que frequentemente se intensificava nas redes sociais, agora corre o risco de ser substituída por uma estranha convivência em torno do mesmo projeto político.
Resta saber como reagirá a base tradicional do prefeito, que historicamente se opôs ao grupo governista estadual, e como a população de Marcos Parente interpretará essa possível união entre adversários recentes.
Para muitos, o gesto de Gedison pode ser visto como pragmático; para outros, oportunismo político diante do peso da máquina estadual e da busca por sobrevivência política em meio às investigações judiciais que o cercam.
Enquanto isso, os bastidores seguem aquecidos e a política local, mais uma vez, mostra que alianças, por mais improváveis que pareçam, nunca devem ser descartadas.