Redução do volume de chuva levou à perda de lavouras e à insegurança hídrica em pelo menos 40 municípios.
Quem esperava um início de 2025 mais chuvoso no Piauí viveu os primeiros meses do ano em um estado de espera. As precipitações irregulares e espaçadas registradas de dezembro a março resultaram em um volume de chuva mais reduzido. A quantidade de chuva que caiu no Piauí neste início de ano não atingiu nem 50% do esperado para o período. O fenômeno acabou causando perda de lavouras e levou a população de pelo menos 40 municípios do Estado à insegurança hídrica.

Os dados são da Secretaria de Estado da Defesa Civil e da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh). O mapa acumulado quadrimestral reflete uma condição irregular na distribuição e volume de chuva em dezembro, janeiro, fevereiro e março, correspondente à quadra chuvosa do calendário agrícola dos municípios do Sul piauiense, tanto no Cerrado, quanto no Sertão.
O climatologista Werton Costa, diretor de Prevenção e Mitigação da Defesa Civil do Piauí, explica que o cenário de perdas representado por chuvas com percentuais menores que o esperado reflete um padrão de irregularidade. “A partir dos mapas, podemos observar de forma mais claramente o padrão de irregularidade mês a mês, considerando como profundamente irregular dezembro, fevereiro e março. E o único mês que apresentou condições de normalidade ou acima da normalidade foi janeiro”, explica.

De acordo com a média climatológica, em dezembro a grande maioria do território piauiense registrou chuva entre 2mm e 200mm. Em janeiro, quando houve mais regularidade nas precipitações, a média ficou entre 250mm e 450mm. Em fevereiro, o volume de chuva voltou a cair, ficando boa parte da região sem registrar nenhuma média de precipitação. Em março o volume de chuva aumentou em algumas regiões, mas continuou abaixo da média.

As chuvas foram irregulares tanto no aspecto geográfico, quanto no aspecto temporal, ou seja, choveu menos em menos tempo e com distribuição de chuva irregular.

“As interrupções da chuva, as pausas, os veranicos construíram uma lógica em que muitos produtores, aqueles que plantaram acreditando na constância da chuva, apresentaram sucessivas perdas. As primeiras ocorreram no extremo Sul no intervalo entre novembro e dezembro. As segundas perdas foram no intervalo de janeiro e fevereiro e a continuidade do processo de estiagem em março levou ao agravamento deste quadro”, discorre Werton Costa.
O que ficou mais visível neste cenário de avanço da estiagem em função da chuva pouca e mal distribuída foi o fenômeno da Seca Verde, que ocorre quando a vegetação nativa permanece verde mesmo com a falta de precipitações. O climatologista explica que o verdor da lavoura não se consubstancia e não se materializa na produção de gêneros alimentícios.
Ações emergenciais
A seca vem afetando parte expressiva do Piauí. Ao todo, 129 cidades estão em estado de emergência por causa da estiagem. O Governo tem feito o monitoramento dos decretos de calamidade em andamento para a preparação de ações de ajuda humanitária.
Fonte: O Dia