UFRGS, UFG e UFSC formalizam adesão em reunião com o ministro Wellington Dias e se tornam as primeiras universidades a integrar a Aliança
Em um marco para o combate à fome e à pobreza no Brasil e no mundo, três das principais universidades federais do país – a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a Universidade Federal de Goiás (UFG) e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) – formalizaram, nesta terça-feira (17.12), adesão à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. O anúncio foi feito durante uma reunião híbrida com o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), Wellington Dias. São as primeiras universidades do Brasil a se juntar à iniciativa.
Durante o encontro, o titular do MDS defendeu trabalho conjunto para impulsionar o combate à fome e à pobreza. “A ideia é ter uma integração com as universidades e que elas possam auxiliar no Plano Brasil Sem Fome e no Plano de Redução da Pobreza”.
Além disso, Wellington Dias ressaltou a necessidade de aprimorar o acompanhamento e a eficiência dos programas sociais, considerando a dimensão continental e a complexidade do país. “O objetivo é que o Brasil volte a ser um país com uma grande classe média, como chegamos a ter, 54% lá atrás, em 2012”, disse.
A participação das universidades federais na Aliança Global se dará, principalmente, no âmbito do pilar de conhecimento, que é um dos três eixos estruturantes da iniciativa. O pilar abrange a produção de estudos e indicadores que possam subsidiar a Aliança, a partir da catalogação de boas práticas em políticas públicas de combate à fome e à pobreza em diversos países.
A reitora da Universidade Federal de Goiás (UFG), Angelita Pereira de Lima, ressaltou o empenho da instituição com o plano brasileiro de combate à fome. “Gostaria de firmar um compromisso que assumimos ao ingressar na Aliança: o de colocar o conhecimento e os quadros da universidade à disposição, articulando-os com as diretrizes do plano brasileiro de combate à fome”, declarou.
Contribuições
A UFG tem um histórico de atuação no enfrentamento da fome e da pobreza, com projetos voltados à alimentação escolar, ao fortalecimento da agricultura familiar e ao desenvolvimento de tecnologias para a redução das desigualdades e da insegurança alimentar.
Já a reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Márcia Cristina Bernardes Barbosa, defendeu um papel central das universidades na análise de políticas públicas. “As universidades precisam se aprofundar no cerne de dados importantes. Assim, podemos olhar para trás e dizer: ‘essas políticas geraram esses resultados’ ou ‘esses jovens do Bolsa Família estão agora em diferentes cenários’”, afirmou.
A UFRGS traz para a Aliança a expertise de pesquisas em Sociologia do Desenvolvimento Rural e Estudos Agroalimentares. Além disso, a universidade se destaca pelos trabalhos científicos e tecnológicos das Faculdades de Agronomia e Veterinária, voltados para a produção eficiente e sustentável de alimentos.
“A ideia é estabelecer um grupo de cooperação acadêmica, não só para possibilitar e tentar injetar ânimo nessas iniciativas, unindo universidades e o ministério, mas também para ir além, coordenando os processos do MDS e estabelecer alianças com universidades do mundo inteiro”, explicou o consultor Jurídico do MDS, João Paulo Santos.
A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), representada pelo reitor Irineu Manoel de Souza e pela professora Cristiane Derani, do Departamento de Direito, é considerada referência em pesquisas sobre segurança alimentar, produção sustentável de alimentos, restauração ecológica e conservação ambiental, com foco na proteção da biodiversidade e do clima. A universidade também é pioneira na colaboração com produtores locais, a exemplo do trabalho reconhecido internacionalmente na produção de matrizes de ostras e na transferência de tecnologias para a produção sustentável de alimentos.
Também participaram da reunião o secretário-executivo do MDS, Osmar Júnior; a secretária Extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome, Valéria Burity; o secretário Nacional de Assistência Social, André Quintão; e o assessor especial de Assuntos Internacionais, Renato Godinho.
Aliança Global contra a Fome e a Pobreza
A iniciativa visa, até 2030, erradicar a fome e a pobreza, reduzir desigualdades e contribuir para parcerias globais revitalizadas para o desenvolvimento sustentável. Prioriza transições inclusivas e justas, garantindo que ninguém seja deixado para trás.
A Aliança opera por meio de três pilares principais — nacional, financeiro e de conhecimento — projetados para mobilizar e coordenar recursos para políticas baseadas em evidências adaptadas às realidades de cada país-membro.
Embora o G20 tenha sido a plataforma de lançamento para a iniciativa, a Aliança funcionará como uma plataforma global independente, com o apoio contínuo e o impulso possível de futuras presidências do G20.