A investigação não descarta convocar para depoimento todos que participaram da reunião ministerial
Investigadores da Polícia Federal consideram que o vídeo de cerca de uma hora e meia fortalece linhas de apuração que apontam uma organização para desestabilizar o processo eleitoral e tramar um golpe de estado. Um dos trechos destacados pela PF mostra o que agentes descrevem como “dinâmica golpista”.
“Alguém tem dúvida do que vai acontecer no dia dois de outubro? Qual o retrato que vai estar às dez da noite na televisão? Alguém tem dúvida disso? E a gente vai entrar com recurso no supremo tribunal federal. Nós estamos vendo o que está acontecendo? Vamos esperar o quê? Todo mundo vai se f…”, disse Bolsonaro na reunião.
A investigação classifica internamente como um dos principais pontos do vídeo a fala do então chefe do gabinete de segurança institucional, general augusto heleno, que era um dos auxiliares de maior confiança de Bolsonaro. Ele fala em “virar a mesa”.
“Não vai ter revisão do VAR. Então, o que tiver que ser feito tem que ser feito antes das eleições. Se tiver que dar soco na mesa é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa é antes das eleições”, disse Heleno.
A defesa de Bolsonaro minimiza o impacto do vídeo da reunião, ao destacar essa fala do encontro de julho de 2022. O ex-secretário de comunicação de Bolsonaro e um dos advogados do ex-presidente, Fábio Wajgarten, escreveu numa rede social que: “todas as opiniões do presidente são absolutamente públicas. Todas as opiniões, comentários fazem parte da democracia. Ficou absolutamente claro que o presidente condena e rejeita qualquer uso da força”, escreveu.
Durante toda a reunião, Bolsonaro cobrava que os ministros entrassem em sintonia com o discurso que colocava em xeque a atuação do tribunal superior eleitoral. E tinha a intenção de disseminar as suspeitas com representantes de outros países.
“Tá na nossa cara, a guerra de papel e caneta a gente não vai ganhar essa guerra, a gente tem que ser mais contundente, vou começar a ser com os embaixadores”.
Dias depois, Bolsonaro, de fato recebeu embaixadores. E, mais uma vez, divulgou teses de fraude nas urnas eletrônicas, sem provas. A Polícia Federal vê nesse vídeo indícios de que um plano para um golpe de estado estaria em curso.
Para a investigação, ele se soma às mensagens apreendidas, trocadas entre integrantes da cúpula bolsonarista, consideradas peças-chave para o inquérito. A investigação não descarta convocar para depoimento todos que participaram da reunião ministerial.
JORNAL DA BAND