Será que é normal?
Em algumas ocasiões, ser visto falando sozinho é um pouco embaraçoso. Faz parecer que a gente não bate muito bem da cabeça! Geralmente, é assumido que falamos para nos comunicar e, fazer isso sem que seja direcionado a alguém ou sem que alguém possa ouvir, pode ser considerado estranho. Mas isso, definitivamente, não é verdade. Falar também serve para outras funções. Quantas vezes procuramos nossas chaves e ficamos perguntando: “Cadê minha chave?” Falar em voz alta nos ajuda a encontrar as coisas porque nos lembra do que estamos procurando e não perdemos o foco. E isso é apenas um exemplo!
Para entender os motivos que nos levam a falar sozinhos, o que também pode ser chamado de “auto-conversa.”
É um comando motor –
Falar em voz alta sem ser para alguém ouvir é uma extensão do nosso diálogo interno. A fala é causada por um comando motor sendo acionado automaticamente.
Explicação? –
No início do século XX, o psicólogo soviético Lev Vygotsky sugeriu que o motivo de nós falarmos em voz alta quando aprendemos a falar é porque nosso discurso e pensamentos não estão conectados.
Pensamentos internos se tornam verbais em forma de frases –
Depois disso, o discurso interno emerge e nossos pensamentos se tornam mais como frases verbais.
Pensamentos e falas estão conectados –
Uma vez que aprendemos a conectar nossos pensamentos ao nosso discurso, tendemos a não falar tanto sozinho. Mas na idade adulta, ainda fazemos isso e por outras razões.
Outras razões para a falar sozinho –
Há muitas razões pelas quais falar em voz alta pode ser útil para adultos. Alguns motivos para a “fala privada” são: a prática de uma língua, aprendizado e habilidades sociais.
Alunos auditivos falam sozinhos para aprender –
As pessoas que aprendem através do som tendem a repetir o que lhes é dito de volta para que possam se lembrar. Da mesma forma, eles provavelmente aprenderam a soletrar dizendo as letras de uma palavra repetidamente.
Todo mundo se lembra melhor dizendo algo em voz alta –
É mais fácil lembrar de alguma coisa quando lemos em voz alta em vez de ler com a voz interior.
Falar sozinho ajuda na concentração –
A auto-conversa também pode nos ajudar a nos concentrar, dependendo do que estamos dizendo, claro. Por exemplo, os pesquisadores têm feito as pessoas dizerem bobagens em voz alta enquanto tentam executar tarefas não relacionadas. Uma vez que os humanos não são bons em multitarefa, isso normalmente impede o desempenho na tarefa.
Isso impede que você se distraia –
Por outro lado, se as pessoas usam seu discurso para direcionar suas ações, isso melhora seu desempenho na realização de tarefas, ajudando-as a lembrar o que deveriam estar fazendo.
Falar sozinho e visualização –
Há também implicações em falar em voz alta e como visualizamos as coisas. Por exemplo, se alguém está procurando um cachorro em uma ilustração no estilo ‘Onde está Wally?’ – com muita coisa acontecendo na imagem, e fica dizendo a palavra “cão”, essa pessoa vai visualizar um cachorro e pode encontrá-lo mais rápido.
Falar sozinho e confiança –
Há também benefícios em falar consigo mesmo fora da cognição e concentração. Por exemplo, você pode aumentar sua confiança e motivação falando consigo mesmo positivamente.
Esportes –
Houve inúmeros estudos sobre os efeitos da auto-conversa sobre o desempenho dos tenistas. Geralmente, os indivíduos são divididos em dois grupos e participam de uma avaliação, sessões de treinamento e uma avaliação final.
Melhora a performance de jogadores de tênis –
Um grupo é convidado a praticar auto-conversa positiva. Na avaliação final, o grupo que fala sozinho (de forma positiva) mostra menos ansiedade e mais confiança e seu desempenho melhora.
Auto-distanciamento –
Falar consigo mesmo na terceira pessoa causa auto-distanciamento, o que pode reduzir a ansiedade numa próxima entrevista de emprego.
Conversa de preparação em terceira pessoa –
Em vez de dizer “eu consigo fazer isso”, as pessoas que falam sozinhas na terceira pessoa, dizendo coisas do tipo “você pode fazer isso, João”, se sentem menos ansiosas e nervosas com a tarefa do que as pessoas que falam consigo mesmas em primeira pessoa.
Se acalmando –
Um estudo publicado na Scientific Reports provou que falar consigo mesmo na terceira pessoa é a maneira mais eficaz de se acalmar.
Diálogo interno –
Todos temos diálogos internos. Algumas pessoas têm mais do que outras. Este diálogo interno pode ficar vago. Tarde da noite, podemos notar que nossos pensamentos internos vagam quase aleatoriamente. No entanto, precisamos ser capazes de cortar este ruído para realizar nossas tarefas diárias.
Diálogo interno excessivo –
Para pessoas que sofrem de depressão ou ansiedade, esse diálogo interno pode ser mais difícil de cortar. Quando o diálogo interno começa a vagar demais, as pessoas podem acabar ficando incoerentes e sem sentido.
Falar sozinho ajuda a lidar com emoções difíceis –
Se as pessoas estão lutando com emoções difíceis, falar sobre essas emoções pode ajudar. O melhor é conversar com um amigo ou terapeuta sobre os problemas, mas falar sozinho também pode ajudar quando ninguém está por perto.
Isso nos ajuda a entender e aceitar o que estamos sentindo –
Essencialmente, isso pode nos ajudar a entender o que estamos sentindo, seja tristeza, culpa ou qualquer outro sentimento, e nos ajudar a chegar a um acordo em aceitar o que estamos sentindo.
Esquizofrenia –
Porém, pessoa que fala consigo mesma como resultado de uma doença mental é uma história diferente. Por exemplo, pessoas que têm esquizofrenia podem ouvir outra entidade falando em suas cabeças e às vezes responder a ela em voz alta.
Quando vira um problema –
Falar consigo mesmo se torna uma preocupação quando é o resultado de alucinações auditivas, como falar com outra entidade em sua cabeça que só você pode ouvir de forma separada de seus próprios pensamentos.
Auto-conversa negativa –
Há outras formas prejudiciais de auto-conversa, também. Um exemplo disso é falar consigo mesmo de forma negativa, que geralmente envolve a pessoa se desencorajando e se criticando em voz alta.
Na maior parte do tempo, é normal. –
Falar consigo mesmo é totalmente normal na maior parte do tempo e tem muitas funções. Não se trata apenas de um sintoma de uma condição de saúde mental.
Isso ajuda a gente a funcionar –
As pessoas fazem isso para processar suas emoções e pensamentos e para melhor realizar tarefas.
Quando se tornar um problema, procure ajuda –
Se é um hábito que você não consegue parar de fazer e quer travar, se você se sente angustiado com isso, ou se você é predominantemente negativo nas suas auto-conversas, pode ser uma boa ideia pedir ajuda a alguém.
POR NOTÍCIAS AO MINUTO BRASIL
