Sertanejo perdeu contratos milionários em cidades pequenas e se tornou alvo do Ministério Público.
Após fazer críticas à cantora Anitta durante uma apresentação ao vivo sobre a tatuagem ousada da artista e a utilização da Lei Rouanet, o cantor Zé Neto, da dupla com Cristiano, abriu uma crise no mercado de shows.
Por conta de suas declarações, que acabou dando origem a uma série de questionamentos a respeito das verbas destinadas a apresentações de cantores sertanejos e sem licitação, alguns artistas passaram a perder cachês milionários em cidades pequenas e viraram alvo do Ministério Público.
A apresentação de Gusttavo Lima, que custaria aos cofres da cidade o valor de R$ 1,2 milhão, foi cancelada pela prefeitura de Conceição do Mato Dentro, em Minas Gerais. O show estava previsto para o dia 20 de junho, durante a 30ª Cavalgada do Jubileu do Senhor Bom Jesus Do Matozinhos.
Nas redes sociais, o prefeito Zé Fernando (MDB) publicou uma nota em que diz a festa foi “envolvida numa guerra político-partidária, que nada tem a ver com a cidade”.
Além de Gusttavo Lima, que teria o maior valor pago pelo município entre as contratações divulgadas no site oficial, a prefeitura anunciou o cancelamento do show de Bruno e Marrone, marcado para mesma data e que custaria R$520 mil.
“A prefeitura de Conceição do Mato Dentro informa que, devido a lamentável tentativa de envolver a 30ª Cavalgada do Jubileu do Senhor Bom Jesus de Matosinhos em uma guerra política e partidária que não tem nenhuma ligação com o município e nem tampouco com a tradicional festa, está cancelada a participação do cantor Gusttavo Lima e da dupla Bruno e Marrone no evento.”
Polêmica
Em um show realizado no dia 13 de maio, Zé Neto disse não depender da Rouanet e fez críticas a Anitta.”Nós somos artistas que não dependemos de Lei Rouanet. Nosso cachê quem paga é o povo. A gente não precisa fazer tatuagem no ‘toba’ para mostrar se a gente está bem ou mal”.
No entanto, Zé Neto e sua dupla Cristiano receberam R$ 400 mil oriundos de recursos públicos para subir ao palco neste show. Após a repercussão nas redes sociais, foi revelado que a apresentação havia sido bancada pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico do município por meio de um contrato com inexigibilidade de licitação. Não houve concorrência para a definição de valores pelo serviço prestado.
Após a polêmica, o Ministério Público de Roraima abriu investigação sobre show de Gusttavo Lima de R$ 800 mil em cidade de 8 mil habitantes. O MPRR pediu informações ao município sobre como os recursos para o cachê de Lima foram arrecadados. O órgão quer saber, ainda, se os moradores terão algum retorno. Ele também é investigado pelo MP-MG.
De acordo com o MP-MG, foi instaurada uma “notícia de fato” para “verificar se há elementos que justifiquem a abertura de uma investigação”. A iniciativa foi tomada após o MP-MG ter recebido uma representação que questionava a regularidade da utilização de dinheiro público para pagamento desse tipo de despesa.
Por Redação O Sul