Equipe da Polícia Federal pede apoio para proteção de Lula após acesso ampliado às armas

spot_imgspot_imgspot_imgspot_img

Documento cita radicalização de opositores e ataques, como o que matou o petista Marcelo Arruda, para justificar o reforço na segurança.

A equipe da Polícia Federal que cuida da segurança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enviou ofício a superintendências regionais do órgão com uma lista do que chama de “adversidades” enfrentadas para a proteção do petista nesta eleição.

O grupo da PF cita na relação o “acesso a armas de letalidade ampliada decorrente das mudanças legais realizadas em 2019” entre os problemas a serem enfrentados ao longo da campanha eleitoral.

O documento, ao qual a Folha teve acesso, é um pedido de apoio enviado às chefias de superintendências em estados por onde o candidato, líder nas pesquisas de intenção de voto, passou nos últimos dias.

Foto: Reuters

“O contexto político e social no qual se realizará a operação de segurança é composto por, entre outras adversidades, opositores radicalizados e acesso a armas de letalidade ampliada decorrente das mudanças legais realizadas em 2019”, diz trecho do documento.

Trata-se de uma referência às normas editadas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) que facilitaram o acesso a armamentos pela população.

Os delegados também abordam as “ameaças de morte ao candidato e representantes dos partidos, bem como a perpetração de atos de intimidação e violência, identificados antes do inicio da campanha, como o atentado ao ônibus da caravana ao ex-presidente Lula, alvejado em maio de 2018 na cidade de Quedas do Iguaçu e Laranjeiras do Sul/PR”.

A segurança de Lula tem como responsáveis os delegados federais Andrei Augusto Passos Rodrigues, Rivaldo Venâncio e Alexsander Castro Oliveira. Rodrigues é o coordenador, Oliveira é o chefe operacional e Venâncio, o operacional substituto.

No ofício, a equipe de segurança afirma que se trata de um “cenário inédito” na história da democracia brasileira, o que “amplia o desafio” da operação.

Como mostrou a Folha de S.Paulo, a PF decidiu reforçar o esquema de proteção a candidatos neste ano diante do clima de tensão no país.

O órgão é responsável pela segurança de cada político que concorre ao cargo de presidente de República, com exceção de quem está no exercício do mandato, como Bolsonaro. Sua proteção fica a cargo do GSI (Gabinete de Segurança Institucional).

Nas mudanças que foram feitas para este ano, a polícia criou indicadores para avaliar o risco de cada presidenciável e, assim, definir o tamanho da estrutura a ser dada a cada um. A PF classificou o nível de proteção a Lula como máximo, o único assim avaliado.

“A garantia de eleições livres pressupõe a manutenção da incolumidade física dos candidatos, sem a qual viciaria todo o processo eleitoral e consequentemente o regime democrático”, afirmam os delegados no ofício.

“Garantir a segurança e a proteção do candidato, especialmente sua vida, é, portanto, uma atividade de extrema relevância aos responsáveis e de relevo estratégico institucional, devendo ser objeto da mais acurada atenção, planejamento e execução.”

Pelas diretrizes internas, cada equipe de presidenciável tem um número de policiais disponíveis, que varia de acordo com o nível de risco avaliado -Lula tem o maior efetivo.

Para cada viagem, além de uma parte do grupo fixo, policiais das superintendências do órgão pelo país são alocados para reforçar a segurança na passagem do candidato pelo estado.

Todas as equipes têm como obrigação enviar ao setor responsável pela proteção dos candidatos um planejamento operacional do trabalho que será realizado até o fim da eleição.

O planejamento do grupo de Lula foi o único que, até agora, não foi aprovado pela direção da Polícia Federal. De acordo com pessoas envolvidas no processo, o plano foi apresentado com atraso e não preenchia todos os requisitos necessários. O documento foi devolvido para ajustes.

Para embasar o pedido de apoio às superintendências, os delegados da equipe de Lula citam sete episódios de violência que seriam relacionados à disputa eleitoral.

Entre eles, são citados o assassinato em 10 de julho de Marcelo de Arruda, militante do PT de Foz do Iguaçu (PR), por um apoiador de Bolsonaro; e o atentado com uma bomba caseira durante evento na Cinelândia, no Rio de Janeiro, em 7 de julho.

Marcelo comemorava o aniversário de 50 anos com uma festa temática do PT quando o bolsonarista Jorge Guaranho passou de carro em frente ao local dizendo “Aqui é Bolsonaro” e “Lula ladrão”.

Após uma troca de ofensas, Jorge voltou ao local armado, invadiu o salão de festas e atirou em Marcelo. O petista, já ferido no chão, também baleou o bolsonarista.

A Polícia Civil paranaense concluiu a investigação sobre o assassinato, mas não classificou a morte como crime político.

Os delegados também elencam como “atos de violência e hostilidade” o cerco à comitiva do petista em Campinas em 5 de maio; o lançamento de dejetos por um drone contra apoiadores na cidade de Uberlândia em 16 de junho; um tumulto durante agenda no teatro da PUC em São Paulo, em 31 de maio; e o vazamento da agenda de Lula em Maceió em 20 de junho.

A polarização entre Lula e Bolsonaro tem preocupado integrantes do PT.

Um dia após a morte de Arruda, o partido enviou uma série de orientações de segurança aos apoiadores que participariam de um evento do petista em Brasília em 12 de julho.

O partido pedia, entre outros pontos, para que os militantes evitassem se expor a situações de risco, andassem em grupos e usassem uma camiseta neutra durante o trajeto para casa.

Como mostrou a Folha de S.Paulo, a direção da PF também decidiu acionar forças estaduais para reforçar os cuidados com a segurança de presidenciáveis na eleição.

A direção do órgão orientou suas 27 superintendências regionais a fazerem contato com as respectivas secretarias de Segurança nos estados para mobilizar esforços no processo.

No texto, a direção da PF afirmou que o “cenário atual evidencia a necessidade de somarmos esforços, haja vista o acirramento das relações entre correligionários dos principais candidatos e os incidentes já registrados na fase de pré-campanha eleitoral”.

Com informações da Folha de S. Paulo

Leonidas Amorim
Leonidas Amorimhttps://portalcidadeluz.com.br
Acompanhe nossa coluna no Portal Cidade Luz e fique por dentro.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Posts Recentes

Hospital de Guadalupe foi um dos destaques do III Encontro Internacional de Estomaterepeutas do Piauí

O III Encontro Internacional de Estomaterapia é um evento destinado a enfermeiros, profissionais de saúde, estomaterapeutas e estudantes de...

Prefeitura de Jerumenha e SENAR realizam projeto de saúde com 710 atendimentos em diversas especialidades

Por Gleison Fernandes - Jornalismo da UCA. Nesta quinta-feira, 21 de novembro, a Prefeitura de Jerumenha, em parceria com o...

Rafael Fonteles assina Pactos pelo Piauí com mais de 200 municípios para fortalecimento de políticas públicas

Piauí é o primeiro estado do Brasil a assinar o acordo, que vai englobar em sete áreas visando mais...

Jesse James reforça compromisso com políticas públicas para Guadalupe no evento Pactos pelo Piauí

Por Gleison Fernandes - Jornalismo da UCA. O prefeito eleito de Guadalupe, Jesse James, participou, nessa quinta-feira (21), do evento...
spot_img

Guadalupe recebe 3 mil mudas frutíferas do Pro Piauí Verde para ações de plantio e distribuição comunitária

Por Gleison Fernandes - Jornalismo da UCA. Na manhã da última quarta-feira, 20 de novembro, a Prefeitura Municipal de Guadalupe,...

Rafael Fonteles e Wellington Dias fazem 1ª reunião institucional com mais de 200 prefeitos do Piauí

O evento busca consolidar uma rede de parcerias e fortalecer a cooperação institucional para enfrentar desafios e implementar políticas...
spot_img

Posts Recomendados