Como a Nasa e os astronautas se preparam para voltar à Lua?

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Mais de meio século depois, o programa Artemis deveria marcar o retorno dos norte-americanos à Lua, incluindo a primeira mulher e a primeira pessoa não branca.

“Trabalho aqui há 37 anos e é a coisa mais emocionante em que já estive envolvido”. Rick LaBrode é diretor de voo da Nasa e, no final do mês, será responsável por uma missão espacial histórica: a primeira do programa a marcar o retorno dos americanos à Lua.

Um dia antes da decolagem “não vou conseguir dormir muito, com certeza”, disse à AFP, diante das dezenas de telas da sala de controle de voo em Houston, Texas.

Chamado SLS, o foguete das próximas missões será extremamente potente
Foto: NASA / BBC News Brasil

Pela primeira vez desde a última missão Apollo em 1972, um foguete — o mais poderoso do mundo — impulsionará uma cápsula habitável para orbitar ao redor da Lua, antes de retornar à Terra.

A partir de 2024, os astronautas embarcarão para fazer a mesma jornada e, no ano seguinte (no mínimo), voltarão a pisar na Lua.

Para esta primeira missão de teste de 42 dias, chamada Artemis 1, 10 pessoas estarão o tempo todo na famosa sala “Mission Control Center”, modernizada para a ocasião.

Foguete Space Launch System (SLS), que lançará a cápsula Orion até a Lua, no dia 29/8 Imagem: Divulgação/Nasa

As equipes ensaiam o plano de voo há três anos. “É tudo completamente novo. Um foguete totalmente novo, uma nave totalmente nova, um centro de controle totalmente novo”, resume Brian Perry, que estará no console responsável pela trajetória logo após o lançamento.

“Posso dizer que meu coração vai acelerar, mas vou me certificar de manter o foco”, disse à AFP, dando um tapinha no peito. Ele já participou de muitos voos espaciais.

Piscina lunar

Além da sala de controle, todo o Centro Espacial Johnson, em Houston, foi ajustado para a hora da Lua.

No meio da enorme piscina de mais de 12 metros de profundidade onde os astronautas treinam, uma cortina preta foi colocada.

De um lado ainda está a réplica submersa da Estação Espacial Internacional (ISS). Do outro, um ambiente lunar se desenvolve gradativamente no fundo, com gigantescos modelos de rochas, fabricados por uma empresa especializada em decoração de aquários.

“Começamos a colocar areia no fundo da piscina há apenas alguns meses. As pedras grandes chegaram há duas semanas”, diz Lisa Shore, vice-diretora deste Laboratório de Flutuabilidade (NBL) à AFP.

“Tudo ainda está em desenvolvimento”.

A piscina gigante para treinamento dos astronautas contém uma réplica da ISS e uma simulação do solo lunar Imagem: AFP

Na água, os astronautas podem experimentar uma sensação próxima à ausência de peso.

Para o treinamento lunar, são preparados para sentir apenas um sexto de seu peso. De uma sala acima da piscina, são guiados a distância, com o atraso de quatro segundos que enfrentarão na Lua.

Seis astronautas já treinaram no local, e outros seis devem fazê-lo até o final de setembro, vestindo os novos trajes lunares desenvolvidos pela Nasa pela primeira vez.

“Trabalho aqui há 37 anos e é a coisa mais emocionante em que já estive envolvido”. Rick LaBrode é diretor de voo da Nasa e, no final do mês, será responsável por uma missão espacial histórica: a primeira do programa a marcar o retorno dos americanos à Lua.

Seis astronautas já treinaram no local, e outros seis devem fazê-lo até o final de setembro, vestindo os novos trajes lunares desenvolvidos pela Nasa pela primeira vez.

“O auge deste edifício foi quando ainda estávamos pilotando os ônibus espaciais e construindo a estação espacial”, explica o chefe da NBL, John Haas.

Na época, 400 sessões de treinamento eram realizadas por ano, em comparação com cerca de 150 hoje.

Mas o programa Artemis traz um novo impulso.

No momento da visita da AFP, engenheiros e mergulhadores estavam avaliando como empurrar um carrinho na Lua.

Victor Glover, astronauta da Nasa, já morou na ISS e agora está passando por treinamentos para ir à Lua Imagem: AFP

“Nova era de ouro”

Os exercícios aquáticos podem durar até seis horas. “É como correr uma maratona, duas vezes, mas com as mãos”, comenta à AFP Victor Glover, astronauta da Nasa que voltou de seis meses no espaço.

Hoje, ele trabalha em um prédio inteiramente dedicado a simuladores.

Seu papel é ajudar a “verificar os procedimentos e o material”, para que quando aqueles que forem à Lua (entre os quais Glover pode ser um) sejam finalmente escolhidos, possam se preparar intensivamente e estar rapidamente prontos para ir”.

Graças aos equipamentos de realidade virtual, eles poderão se acostumar a caminhar nas difíceis condições de luz do polo sul da Lua, onde as missões Artemis irão pousar.

Lá, o Sol nasce muito pouco acima do horizonte, formando constantemente longas sombras muito escuras. Também terão que se familiarizar com novas naves e seus softwares, como a cápsula Orion.

Réplica da cápsula Orion, que vai levar o homem de volta à Lua Imagem: AFP

Em um dos simuladores, sentado no assento do comandante, é preciso, com um joystick, acoplar-se com a futura estação espacial lunar, Gateway.

Em outros lugares, uma réplica da cápsula, com volume de 9 metros cúbicos para quatro passageiros, é usada para testes em escala real.

Os astronautas “fazem muito treinamento de saída de emergência aqui”, mostra à AFP Debbie Korth, vice-gerente do projeto Orion, no qual trabalha há mais de dez anos.

Em todo o centro espacial, “as pessoas estão animadas”, diz.

Para a Nasa, “certamente, acredito que é uma nova era de ouro” que está começando.

© Agence France-Presse

Leonidas Amorim
Leonidas Amorimhttps://portalcidadeluz.com.br
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