Por Gleison Fernandes – Jornalismo da UCA.
A volta de Ciro Nogueira ao governo Lula? Um mestre da articulação política e suas mudanças de lado no cenário nacional e piauiense.
O senador Ciro Nogueira, do Progressistas (PP), é uma figura emblemática da política brasileira, conhecido por sua habilidade em transitar entre diferentes espectros ideológicos e compor alianças com quem está no poder. Sua trajetória política é marcada por uma impressionante capacidade de adaptação: já foi aliado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu com veemência o ex-presidente Jair Bolsonaro e, agora, surgem rumores de que poderá novamente integrar a base de apoio do atual governo Lula, após uma fase de críticas contundentes ao PT e ao presidente.
A questão que emerge é qual seria o discurso de Ciro Nogueira para justificar mais uma reaproximação com Lula?
No cenário piauiense, a possível entrada de Ciro Nogueira na base do governador Rafael Fonteles (PT), que disputará a reeleição em 2026, promete ser um divisor de águas. O estado já conta com uma base robusta composta por PT, MDB e PSD, partidos que disputam intensamente os espaços na chapa majoritária.
O MDB, por exemplo, trabalha para manter sua hegemonia, garantindo a reeleição do senador Marcelo Castro e a permanência de Themístocles Filho como vice-governador. Por outro lado, o PSD busca emplacar o deputado federal Júlio César de Carvalho Lima como candidato ao Senado, com um discurso que alia experiência e um projeto voltado para o fortalecimento econômico do estado.
Caso Ciro Nogueira, que também buscará a reeleição, ingresse no bloco governista, a “dança das cadeiras” será inevitável. Com três partidos disputando duas vagas, as alianças serão testadas ao limite, e alguém terá que ceder. Nesse cenário, a permanência de Ciro poderá gerar desconforto, sobretudo no MDB, que luta para preservar suas posições, e no PSD, que não abre mão de seu projeto majoritário.
Ciro Nogueira, por sua vez, tem demonstrado habilidade única em se reposicionar no tabuleiro político nacional, sempre privilegiando a pragmática em detrimento de ideologias fixas. Sua mudança de lado é vista tanto como uma qualidade de adaptação quanto como um alvo de críticas por parte de setores mais conservadores de seus antigos aliados.
Para o governador Rafael Fonteles, a chegada de Ciro à sua base de apoio representa um desafio monumental de articulação política. Será necessário equilibrar interesses divergentes entre os partidos aliados e manter a coesão de sua base rumo à reeleição em 2026.
Resta saber como seus movimentos influenciarão a dinâmica de poder no Piauí e quem, na “dança das cadeiras”, será obrigado a ceder espaço para que Ciro reassuma o protagonismo.