Maria José, filha de Marlene, acionou advogados para garantir que patente da receita seja dada à Marlene. O processo não foi finalizado.
Após a bomba, tradicional salgado teresinense, ter sido o “pivô” de uma discussão no Twitter entre piauienses e maranhenses, o g1 conversou com a empresária Maria José Ferreira, única filha da empresária Marlene Ferreira, 88 anos, apontada como a criadora da iguaria.
Marlene foi uma das pioneiras no ramo alimentício no estado. A mulher teve a sua primeira lanchonete em 1958 chamada ‘Bomboniere’, que ficava nas proximidades do Theatro 4 de Setembro, Centro de Teresina. Ela fundou o estabelecimento junto com a sua irmã, Zezé.
Em meados de 1980, quando ela abriu sozinha a lanchonete Majer Lanches, foi criada a bomba. O salgado surgiu por acaso, após a cozinheira misturar uma massa que sobrou de esfirra com presunto e queijo.
“A bomba foi apenas uma sobra de massa. Então, como ainda tinha presunto e queijo picadinho, ela resolveu rechear aquela massa. E fez ali duas ou três. Depois passou na farinha de rosca e pediu para o funcionário dela que estava fritando os pastéis”, disse Maria.
A filha de Marlene contou que a criadora provou o novo salgado com um funcionário e com outras duas pessoas. Eles nomearam a iguaria de ‘bomba’. No dia seguinte, Marlene resolveu fazer mais oito salgados e ofereceu à clientela. A primeira impressão foi de espanto por parte dos fregueses.
“Quando os estudantes chegavam na hora do lanche era uma algazarra. Nesse dia, eles viram o novo salgado exposto e foram logo perguntando o que era aquela coisa redonda. Minha mãe então falou: ‘não é bola não menino, é bomba!’’’, relatou Maria José.
O salgado passou a ser comercializado em diversos pontos da cidade e se popularizou. Marlene chegou a dar entrevistas, aulas em cursos de gastronomias e palestras sobre o salgado.
Desde então, é possível encontrar a iguaria em quase todas as padarias e lanchonetes de Teresina. O prato já foi destaque nacional quando uma receita tamanho família preparada por uma cozinheira na Zona Norte da capital se popularizou. Batizada de ‘Bomba Gigante da Dodoia’, o salgado serve até quatro pessoas.
Atualmente, Marlene mora com a filha, Maria José, o genro e dois netos em Fátima, em Portugal. Elas se mudaram para o país em 2019. Maria José disse que ela e a mãe pensaram em lançar na cidade portuguesa uma lanchonete para vender a bomba. Entretanto, a pandemia da Covid-19 atrapalhou os planos das duas e elas decidiram adiar esse sonho.
Sobre a autoria do salgado, Maria José informou ao g1 que acionou advogados para garantir que patente da receita seja dada à Marlene. O processo não foi finalizado.
Com informações do G1 PI