O senador Ciro Nogueira é presença em todos os governos.
A revista Veja deu destaque para o senador Ciro Nogueira, do Piauí. Segundo reportagem de Marcela Mattos, o parlamentar tem um patrimônio declarado de 23 milhões de reais, que inclui um avião e um Camaro, mas circula pelas ruas de Brasília na singela moto Honda, avaliada em 20.000 reais.
“O Ciro tem alma de baixo clero”, diz um amigo dele. “Se tiver uma reunião num palácio ou uma conversa com dez deputados em um boteco, não há dúvida de que ele vai ao boteco.” Parece uma questão de estilo pessoal, mas é, antes de tudo, uma estratégia política. Presidente do Progressistas, o mais influente partido do chamado Centrão, grupo acostumado a negociar seu apoio ao presidente da vez em troca de cargos e verbas públicas, Ciro Nogueira sabe que, quanto mais deputados tiver sob sua influência — num bar ou no Congresso —, maior será a chance de ser cortejado e bem tratado pelo Palácio do Planalto.
Essa receita é tão infalível que ele se tornou aliado de Lula, Dilma Rousseff e Michel Temer e conseguiu de petistas e peemedebistas ministérios de ponta para o seu partido.
A matéria da Veja conta que a chegada de Bolsonaro ao poder e seu discurso contra a velha política sugeriam que os tempos de glória de Nogueira, processado por corrupção, e do Progressistas, a sigla com o maior número de políticos investigados na Lava-Jato, chegariam ao fim. Deu-se o contrário, e, sem sombra de dúvida, o senador é hoje um dos parlamentares mais influentes do país. O motivo é simples: ele controla um bloco parlamentar com mais de 200 deputados, que formalmente é liderado por seu correligionário Arthur Lira. Essa tropa sozinha é capaz de catapultar projetos importantes para o governo e também funcionar como um campo de força para impedir investidas da oposição. Foi justamente esse atributo que atraiu Bolsonaro, que, para consumar a parceria, deu ao Progressistas o comando de órgãos como o Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs) e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), cujo orçamento este ano é de 54 bilhões de reais.