Linha do tempo: da insurgência ao poder, a história do Talibã no Afeganistão

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Surgido em 1994 após o fim da invasão da União Soviética, grupo islâmico volta ao poder 20 anos após governar o país.

Relembre os principais fatos e momentos na história do Talibã, organização islâmica sunita que opera principalmente no Afeganistão e no Paquistão.

Combatentes do Talibã enfrentam outros grupos islâmicos nos arredores de Cabul – Foto: Robert Nickelsberg – 1.fev.1995/Getty Images

Fatos

  • O líder recluso mulá Mohammed Omar liderou o Talibã de meados da década de 1990 até sua morte, em 2013.
  • Talibã, em pashto, é o plural de Talib, que significa estudante. A maioria dos membros do grupo é pashtun, o maior grupo étnico do Afeganistão.
  • O número exato de membros do Talibã é desconhecido.
  • O objetivo do grupo é impor sua interpretação da lei islâmica – a sharia – ao Afeganistão e remover a influência estrangeira do país.

Linha do tempo

  • 1979-1989 – A União Soviética invade e ocupa o Afeganistão. Os combatentes da resistência afegã, conhecidos coletivamente como mujahedeen, revidam.
  • 1989-1993 – Após a retirada da União Soviética, confrontos entre os mujahedeen leva ao caos no país.
  • 1994 – O Talibã é formado, composto em sua maioria por estudantes e liderado por Omar.
  • Novembro de 1994 – O Talibã toma a cidade de Kandahar.
  • Setembro de 1996 – A capital afegã, Cabul, cai nas mãos do Talibã.
  • 1996-2001 – O grupo impõe leis islâmicas estritas ao povo afegão. As mulheres devem se cobrir da cabeça aos pés, não podem frequentar escolas ou trabalhar fora de casa e são proibidas de viajar sozinhas. TV, música e feriados não islâmicos também são proibidos.
  • 1997 – O Talibã renomeia o Afeganistão como Emirado Islâmico do Afeganistão. O país só é oficialmente reconhecido pelo Paquistão, pela Arábia Saudita e pelos Emirados Árabes Unidos.
  • 1997– Omar estabelece um relacionamento com Osama bin Laden, que muda sua base de operações para Kandahar.
  • Agosto de 1998 – O Talibã captura a cidade estratégica de Mazar-e-Sharif, ganhando o controle de cerca de 90% do Afeganistão.
  • 7 de outubro de 2001 – Menos de um mês depois que terroristas ligados à Al-Qaeda realizaram os ataques de 11 de setembro, forças americanas e aliadas começam uma invasão do Afeganistão chamada Operação Liberdade Duradoura, para impedir que o Talibã forneça refúgio para a Al-Qaeda e impedir o uso do país como base de operações para atividades terroristas.
  • 7 de dezembro de 2001 – O Talibã perde seu último grande reduto quando é derrotado na cidade de Kandahar.
  • Dezembro de 2006 – O líder Talibã mulá Akhtar Mohammad Osmani é morto em um ataque aéreo dos Estados Unidos.
  • 11 de dezembro de 2007 – Comandantes aliados relatam que tropas afegãs apoiadas pela Otan recapturaram a cidade provincial de Musa Qala.
  • 21 de outubro de 2008 – O ministro das Relações Exteriores, Saud al-Faisal, confirma que a Arábia Saudita sediou conversas entre autoridades afegãs e o Talibã em setembro. Nenhum acordo foi feito.
  • 25 de abril de 2011 – Centenas de prisioneiros escapam de uma prisão em Kandahar rastejando por um túnel. O Talibã assume a responsabilidade pela fuga e afirma que 541 prisioneiros escaparam; a Força Internacional de Assistência à Segurança liderada pela Otan fala em 470 fugitivos.
  • 10 de setembro de 2011 – Dois civis afegãos são mortos e 77 soldados dos EUA são feridos na explosão de um caminhão-bomba na entrada do Posto Avançado de Combate Sayed Abad, uma base da das forças internacionais na província de Wardak. O Talibã assume a responsabilidade pelo ataque.
  • 13 de setembro de 2011 – Militantes do Talibã abrem fogo contra a embaixada dos EUA e a sede da Força Internacional de Apoio à Segurança (ISAF) no centro de Cabul. Três policiais e um civil são mortos.
  • 27 de fevereiro de 2012 – O Talibã assume a responsabilidade por um atentado suicida perto do portão da base da ISAF no aeroporto de Jalalabad, no Afeganistão. Pelo menos 9 pessoas morreram e 12 ficaram feridas na explosão. O Talibã afirma que o bombardeio é uma retaliação pela queima de Alcorões pelas tropas da Otan.
  • 18 de junho de 2013 – Um escritório político oficial do Talibã é inaugurado em Doha, capital do Catar. O Talibã afirma que espera melhorar as relações com outros países e chegar a uma solução pacífica no Afeganistão.
  • 21 de setembro de 2013 – Um oficial paquistanês anuncia que o mulá Abdul Ghani Baradar, um dos membros fundadores do Talibã, foi libertado da prisão. Baradar foi capturado em Karachi, no Paquistão, em 2010.
  • 31 de maio de 2014 – Os Estados Unidos transferem cinco detidos da Baía de Guantánamo para o Catar em troca da libertação do sargento do Exército dos EUA Bowe Bergdahl. Acredita-se que Bergdahl era prisioneiro do Talibã e da rede Haqqani, alinhada à Al-Qaeda, no Paquistão. Os detidos libertados são Khair Ulla Said Wali Khairkhwa, mulá Mohammad Fazl, mulá Norullah Nori, Abdul Haq Wasiq e Mohammad Nabi Omari.
  • 29 de julho de 2015 – Um porta-voz do governo afegão disse em um comunicado à imprensa que o líder do Talibã morreu em abril de 2013 no Paquistão, citando “informações confiáveis”. Um porta-voz do serviço de inteligência do Afeganistão disse à CNN que Omar morreu em um hospital em Karachi.
  • 28 de setembro de 2015 – Os insurgentes do Talibã ocupam a rotatória principal na capital da província afegã de Kunduz e, em seguida, libertam mais de 500 presos.
  • 21 de dezembro de 2015 – Um oficial da polícia diz que as forças do Talibã assumiram o controle quase total sobre Sangin, uma cidade estrategicamente importante na província de Helmand, no Afeganistão.
  • 21 de maio de 2016 – O líder talibã mulá Akhtar Mohammad Mansour é morto em um ataque aéreo no Paquistão.
  • 25 de maio de 2016 – O Talibã nomeia Mawlawi Haibatullah Akhundzada como seu novo líder. Ele é um clérigo religioso sênior da geração fundadora do Talibã.
  • 25 de janeiro de 2017 – O Talibã lança uma carta aberta ao recém-eleito presidente dos EUA, Donald Trump, em que pede a retirada das forças dos EUA do Afeganistão.
  • 11 de fevereiro de 2017 – O Talibã assume a responsabilidade pela explosão de um carro-bomba que mata pelo menos oito pessoas em Lashkar Gah, capital da província de Helmand, no Afeganistão.
  • 21 de abril de 2017 – O Talibã ataca uma base do exército no norte do Afeganistão, matando ou ferindo mais de 100 pessoas.
  • 25 de julho de 2017 – A CNN obtém vídeos exclusivos que sugerem que o Talibã recebeu armamento aprimorado no Afeganistão que parece ter sido fornecido pelo governo russo. Moscou nega categoricamente ter armado o grupo.
  • 3 de agosto de 2017 – Forças do Talibã e do Estado Islâmico lançam um ataque conjunto a uma vila no norte do Afeganistão, matando 50 pessoas, incluindo mulheres e crianças, segundo autoridades locais.
  • 27 de janeiro de 2018 – Um agressor dirigindo uma ambulância cheia de explosivos detona o veículo em Cabul, matando 95 pessoas e ferindo outras 191, segundo autoridades afegãs. O Talibã assume a responsabilidade.
  • 28 de fevereiro de 2018 – O presidente afegão Ashraf Ghani diz que o governo está disposto a reconhecer o Talibã como um partido político legítimo como parte de um possível acordo de cessar-fogo.
  • 12 de abril de 2018 – Pelo menos 14 pessoas, incluindo um governador de distrito, morrem e pelo menos 5 ficam feridas em um ataque do Talibã na província de Ghazni, no sudeste do Afeganistão.
  • 30 de maio de 2018 – Militares dos EUA dizem que as tropas americanas mataram “dezenas” de líderes do Talibã quando uma barragem de artilharia atingiu uma reunião de comandantes insurgentes em 24 de maio.
  • 7 de junho de 2018 – Em uma mensagem de vídeo, Ghani anuncia que as forças afegãs concordaram com um cessar-fogo com o Talibã entre 12 e 21 de junho. A trégua proposta coincide com o feriado de Eid al-Fitr, período durante o qual os muçulmanos celebram o fim do Ramadã, o mês sagrado do jejum islâmico.
  • 9 de junho de 2018 – Combatentes do Talibã matam 17 policiais afegãos em um ataque a uma base antes do amanhecer, poucas horas antes de o grupo militante pedir um cessar-fogo de três dias.
  • 15 a 17 de junho de 2018 – O cessar-fogo de três dias entre o Talibã, as forças afegãs e a coalizão liderada pela Otan é marcado por dois ataques mortais. O Estado Islâmico, que não participou da trégua, reivindica a responsabilidade por um atentado suicida na província de Nangarhar, que matou pelo menos 25 pessoas, incluindo membros do Talibã e civis. Um segundo atentado suicida é executado perto do complexo do governador de Nangarhar, matando pelo menos 18 pessoas e ferindo pelo menos 49. Não há reivindicação de responsabilidade pelo segundo ataque.
  • 25 de julho de 2018 – O Wall Street Journal informa que diplomatas norte-americanos se encontraram com representantes do Talibã no Catar.
  • 10 de agosto de 2018 – O Talibã lança um ataque à estratégica cidade afegã de Ghazni, ao sul da capital Cabul, capturando edifícios importantes e trocando tiros com as forças de segurança. Pelo menos 16 pessoas morreram e 40 ficaram feridas.
  • 13 de outubro de 2018 – O Talibã emite uma declaração anunciando que o grupo se reuniu com o enviado dos EUA ao Afeganistão, Zalmay Khalilzad, para discutir o conflito no Afeganistão. Os Estados Unidos não confirmam que a reunião ocorreu.
  • 9 de novembro de 2018 – Em Moscou, representantes do Talibã participam de conversas com diplomatas da Rússia, Paquistão, Índia e outros países, bem como funcionários do governo afegão. Os Estados Unidos enviam um diplomata de sua embaixada em Moscou como observador.
  • 22 de janeiro de 2019 – As autoridades dizem que pelo menos 12 militares afegãos morreram e outros 28 ficaram feridos em um ataque suicida do Talibã a uma base militar na província central de Maidan Wardak.
  • 28 de janeiro de 2019 – Militares dos Estados Unidos e do Talibã anunciam que concordaram com termos que poderiam encerrar a guerra no Afeganistão. O texto-base para uma possível paz incluía o juramento do Talibã de que evitaria que o país fosse usado como um centro para o terrorismo em troca de uma retirada militar dos EUA. Uma fonte afegã próxima às negociações disse à CNN que, embora um cessar-fogo e a retirada dos EUA tenham sido discutidos, nenhum dos lados chegou a conclusões.
  • 30 de janeiro de 2019 – Em seu relatório trimestral para o Congresso dos Estados Unidos, o Inspetor Geral Especial para a Reconstrução Afegã declara que o Talibã expandiu seu controle territórial em 2018, enquanto o governo afegão perdeu controle. Em outubro de 2018, o governo afegão controlava apenas 53,8% dos distritos do país, de acordo com o relatório. A insurgência obteve ganhos para controlar 12,3% dos distritos, enquanto 33,9% dos distritos estavam em disputa.
  • 5 a 6 de fevereiro de 2019 – Negociações são realizadas em Moscou entre líderes do Talibã e políticos do governo do Afeganistão.
  • 12 de março de 2019 – As negociações de paz entre representantes dos Estados Unidos e do Talibã terminam sem acordo. Khalilzad, o principal negociador norte-americano, afirma que houve avanços e que as negociações renderam duas minutas de propostas. Khalilzad diz que os dois lados se encontrarão novamente, mas não fornece uma data específica.
  • 7 a 8 de setembro de 2019 – Trump anuncia que os líderes do Talibã deveriam viajar aos EUA para negociações secretas de paz no fim de semana, mas que a reunião foi cancelada e ele cancelou totalmente as negociações de paz com o grupo. Trump tuitou que cancelou a reunião depois que o Talibã assumiu um ataque em Cabul, no Afeganistão, que matou uma dúzia de pessoas, incluindo um soldado americano.
  • 28 de novembro de 2019 – Em uma viagem surpresa ao Afeganistão para uma visita de Ação de Graças com as tropas dos EUA, Trump anuncia que as negociações de paz com o Talibã foram reiniciadas.
  • 7 de dezembro de 2019 – Os Estados Unidos e o Talibã retomam as negociações de paz na capital do Catar, Doha. “No sábado, as negociações entre o Taleban e os EUA começaram de onde pararam”, disse o porta-voz do Talibã, Suhail Shaheen, em um tuíte.
  • 29 de fevereiro de 2020 – Os Estados Unidos e o Talibã assinam um acordo histórico que abra caminho para a potencial retirada total das tropas norte-americanas do Afeganistão. O “Acordo para Levar a Paz ao Afeganistão” descreve uma série de compromissos dos EUA e do Talibã relacionados a níveis de tropas, contraterrorismo e o diálogo intra-afegão com o objetivo de trazer “um cessar-fogo permanente e abrangente”.
  • 30 de abril de 2020 – No mês seguinte à assinatura do acordo de paz da administração Trump com o Talibã, o grupo aumenta seus ataques aos aliados afegãos dos EUA, de acordo com dados fornecidos ao Inspetor Geral Especial do Pentágono para Reconstrução do Afeganistão.
  • 9 de agosto de 2020 – A grande assembleia de anciãos do Afeganistão, a Loya Jirga, aprova uma resolução pedindo a libertação do último lote de cerca de 5.000 prisioneiros do Talibã, abrindo caminho para negociações de paz diretas com o grupo insurgente para encerrar quase duas décadas de guerra. A libertação de 400 prisioneiros faz parte do acordo assinado entre os EUA e o Talibã em fevereiro.
  • 8 de março de 2021 – Em uma carta do Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, ao presidente Ghani, a administração Biden propõe ao governo afegão que assuma um acordo provisório de divisão do poder com o Talibã. Blinken também propôs que os vizinhos do Afeganistão, incluindo o Irã, assumam um papel mais importante e alertou que o governo Biden continua avaliando a retirada das tropas americanas até o prazo final estabelecido pelo governo Trump.
  • 15 de agosto de 2021 – Depois que o Talibã assume o controle de todas as grandes cidades do Afeganistão, exceto Cabul, em apenas duas semanas, o grupo inicia negociações com o na capital sobre quem governará o país. Enquanto o Talibã se aproxima de assumir o controle total, um funcionário afegão e uma importante fonte diplomática dizem à CNN que Ghani deixou o país.

(Texto traduzido; leia o original em inglês)

Da CNN

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