Pressione Enter e depois Control mais Ponto para Audio

Nova Lei de Licitações, que entra em vigência em dezembro desse ano, ainda preocupa gestores públicos

spot_imgspot_imgspot_imgspot_img

Especialista adverte que extensão do prazo traz alívio, mas não reduz impactos do novo modelo jurídico.

O professor de Direito Tributário do Ibmec Brasília Thiago Sorrentino alertou, esta semana, para as consequências financeiras e administrativas que os municípios menores terão com a nova Lei de Licitações, que entrará em vigor em dezembro deste ano. O novo modelo deveria ser implantado em abril de 2023, mas os gestores públicos ganharam mais tempo para se adaptarem às novas regras. O governo estendeu o prazo, atendendo reivindicação dos prefeitos através da Confederação Nacional de Municípios (CNM).

Nova Lei de Licitações

Sorrentino destacou que milhares de prefeituras não possuem funcionários preparados. além  de condições materiais e técnicas para atender todas as exigências da nova legislação, que foi criada para substituir a antiga lei 8.666 (que disciplina as diversas formas de contratações da gestão pública). 

“Muitos municípios, especialmente os que têm menos de 20 mil habitantes, são bastante suscetíveis ao regramento rigoroso da lei de licitações, em função da necessidade de cumprir e observar o modo como realizam seus contratos”, observou o especialista.

O professor recorda que o desrespeito à Lei provoca consequências financeiras e administrativas para o município: “A prefeitura pode sofrer inúmeras sanções, ser impedido de realizar alguns tipos de operação, ser condenado a ressarcimento de dinheiro que não foi bem utilizado ou que foi utilizado numa contratação irregular ou ilegal”, declarou. 

Além disso, o especialista advertiu sobre as consequências penais e patrimoniais que podem pesar sobre os gestores. Independente de dolo (intenção de fazer algo ilegal), os servidores públicos em geral, inclusive prefeitos, podem sofrer pena privativa de liberdade, serem obrigados a ressarcir com o próprio patrimônio eventuais gastos e responder na esfera criminal por atos em desacordo com a legislação. 

“Portanto, realmente os municípios têm razão para se preocupar e para tentar se adaptar – o mais rápido possível – à nova legislação”, ponderou.

Impactos

O novo regime licitatório moderniza a legislação e, entre outras disposições, garante maior transparência e segurança à execução dos contratos, através de “diálogo competitivo” e leilão virtual, além da adoção do pregão virtual em todas as esferas da administração pública e a criação do sistema de compras do governo federal.

O advogado Ariel Uarian Queiroz Bezerra, especialista em Direito Regulatório, Legislativo e Administrativo, explicou que a nova Lei de Licitações foi criada em 2021 e já havia concedido dois anos para que prefeitos, governadores e até a União se adaptassem ao novo modelo, antes que fosse revogada a lei 8.666.

“Na verdade, a Medida Provisória editada pelo governo Lula prorrogou a vigência da lei 8.666 – a antiga lei de licitações – para até 29 de dezembro de 2023. Com isso, os municípios vão ganhar mais tempo para se adaptar, para treinar os seus servidores e aplicar a nova lei de licitação”, esclareceu.

Marcha dos Prefeitos

A XXIV Marcha dos Prefeitos a Brasília, evento realizado no final de março passado pela CNM, concluiu com a elaboração de uma “carta” direcionada às autoridades do país – em especial à Presidência da República, ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal (STF). 

Pesquisa

Uma das reivindicações da Marcha foi o pedido de que a nova Lei de Licitações só entrasse em vigor a partir de 1º de abril de 2024, para que os prefeitos ganhassem um prazo “extra” para se adaptarem ao novo modelo. A extensão do prazo foi atendida, mas vai apenas até dezembro de 2023, em vez de abril de 2024.

Pesquisa divulgada recentemente pela Confederação revelou que mais de 60% dos associados da entidade ainda não se sentem seguros para instruírem procedimentos licitatórios nos ditames da nova lei. O levantamento abrangeu mais de mil municípios brasileiros.

Apoio técnico

De acordo com o presidente da CNM, Paulo Roberto Ziulkoski, o governo dará apoio técnico para que os gestores possam se adequar à lei. Além disso, segundo ele, a entidade também pretende ajudar os prefeitos: “A Confederação vai apoiar na capacitação dos servidores municipais, para a necessária adequação à nova lei de licitações”, garantiu Ziulkoski.

Fonte: Brasil 61

Gleison Fernandes
Gleison Fernandeshttps://portalcidadeluz.com.br
Editor Chefe do Portal Cidade Luz

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Posts Recentes

PIB do Brasil cresce 1,4% no 1º trimestre de 2025, puxado pelo agronegócio

Condições climáticas favorecem supersafra. Mercado de trabalho ainda aquecido e crédito em expansão impulsionam consumo A economia brasileira iniciou 2025...

Contrabando de cigarros: quase 70% dos produtos vendidos no Piauí são ilegais, aponta Ipec

Pesquisa revela que comércio ilícito de cigarros movimentou R$ 135 milhões no estado em 2024. Especialista atribui crescimento à...

Escândalo das fraudes em benefícios de aposentados derruba gerente do INSS no Piauí

William Machado do Amaral deixa o cargo após decisão do novo presidente do INSS; Veja quem pode assumir o...

Motorista morre vítima de acidente entre Floriano e Jerumenha

O acidente aconteceu na BR-343, o veículo saiu de Demerval Lobão e seguia com destino a Uruçuí. Um trágico acidente...
spot_img

Alckmin tem alta do Sírio-Libanês em Brasília e continuará tratamento de gastroenterite em casa

Vice-presidente teve diagnóstico de gastroenterite. O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) foi liberado do Hospital Sírio Libanês, em Brasília (DF). Ele...

Polícia Federal marca depoimento de Bolsonaro em inquérito sobre Eduardo

Bolsonaro vai esclarecer sobre o financiamento do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos A Polícia Federal (PF)...
spot_img

Posts Recomendados