Impulsionado pela variante Ômicron, Brasil vem registrando aumento diário na média móvel de mortes por Covid-19 desde 21 de janeiro.
O agravamento da pandemia impulsionado pelo avanço da variante Ômicron no Brasil levou 10 estados e o Distrito Federal a uma ocupação de leitos de UTI acima da casa dos 80%.
Os dados são de um levantamento feito pela CNN junto às Secretarias de Saúde dos Estados.
As unidades da federação com maiores índices de ocupação são:
- Distrito Federal – 95,29%
- Mato Grosso do Sul – 97%
- Sergipe – 93,21%
- Goiás – 88,13%
- Pernambuco – 88%
- Rondônia – 86,20%
- Piauí – 85,70%
- Mato Grosso – 85,49%
- Amapá – 84,62%
- Rio Grande do Sul – 82%
- Espírito Santo – 81,27%
Nesta quarta-feira (2), foram registrados 172.903 novos casos de Covid-19 e 893 óbitos decorrentes da doença, de acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).
Desde 12 de janeiro o Brasil vem registrando aumento na média móvel de mortes por Covid-19. O patamar atual, de 650 mortes por dia, é o mais alto desde 31 de agosto do ano passado.
Média móvel é a média dos últimos sete dias. A métrica é utilizada para evitar distorções causadas pelas subnotificações nos finais de semana.
No total, o Brasil acumula 25.793.112 casos de Covid-19 e 628.960 óbitos decorrentes da doença desde o início da pandemia.
“É preciso abrir mais leitos”
No dia 31 de janeiro, quando o Brasil registrou o recorde de 1 milhão de casos semanais de Covid-19, a especialista em gestão de saúde pública, Lígia Bahia, avaliou à CNN que ainda há potencial de expansão da variante Ômicron do coronavírus pelo país – especialmente em direção ao interior.
Para a especialista, é necessário “se antecipar” a esse novo movimento da pandemia a fim de prevenir colapsos nos sistemas de saúde, seja nas enfermarias ou nos Centros de Terapia Intensiva (CTI).
“Temos um prognóstico mais favorável, a gente imagina que já tenha platô [de casos] nas cidades, mas a Ômicron está interiorizando. Uma pandemia tem uma dinâmica. O que a gente precisa fazer é se antecipar a ela: como sabe que está se interiorizando, temos que abrir leitos nesses locais”, declarou.
Para a especialista, ainda falta “coordenação, planejamento e capacidade de antecipar uma resposta” por parte dos sistemas de saúde.
Crescimento da variante Ômicron no Brasil
Para especialistas ouvidos pela Agência Fapesp, o fato de o número de internações e mortes por Covid-19 não estar crescendo na mesma proporção deve-se mais à imunidade prévia da população – seja pela vacinação ou por infecções anteriores – do que às características intrínsecas do vírus.
“Nos indivíduos não vacinados a doença não é tão leve, podendo causar óbitos e lesões importantes. A questão é que esse vírus tem encontrado um hospedeiro diferente, que já não é virgem de exposição”, afirma o médico Paulo Saldiva, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Esta também é a opinião de Elnara Negri, pneumologista do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo. “É uma variante muito parecida com as anteriores. A questão é que no Brasil a gente tem a felicidade de ter uma população com uma boa cobertura vacinal. O único paciente que precisei intubar nesta onda, até o momento, não era imunizado. E ele desenvolveu uma pneumonia por SARS-CoV-2 com trombose de microcirculação clássica. Na grande maioria dos atendidos, a doença teve um curso bom e considero a vacina a grande responsável”, diz.
O infectologista Esper Kallás, da Faculdade de Medicina da USP, destaca que nos locais em que a cobertura vacinal é mais baixa o número de hospitalizados por pela doença tem aumentado de forma significativa.
Brasil já vacinou 70% da população
De acordo com dados da Agência CNN, o Brasil superou a marca de 70% de sua população vacinada com duas doses ou dose única contra a Covid-19.
São mais de 364 milhões de doses já foram aplicadas em todo o país.
Enquanto isso, 23% dos brasileiros já receberam também a dose de reforço, aplicada quatro meses após a conclusão do ciclo vacinal.
Segundo o Ministério da Saúde, 21 milhões de pessoas podem reforçar a imunização em fevereiro.
* Elizabeth Matravolgyi, Henrique Andrade e Kaluan Bernardo, da CNN, e Karina Toledo, da Agência Fapesp, contribuíram para esta reportagem
Pedro OsorioLeonardo Lopesda CNN