O padre integra a Diocese de Campo Maior; ele permaneceu um mês e 18 dias afastado do cargo.
O padre Alcindo Saraiva Martins, da Diocese de Campo Maior, porém lotado na igreja de Nossa Senhora de Nazaré, no município de mesmo nome, passou um mês e 18 dias afastado de todas as suas atribuições como sacerdote da Igreja Católica no Piauí após assumir perante o bispo que namorou uma mulher de 24 anos. Segundo ela, o namoro durou pelo menos um ano, entre julho de 2019 e julho de 2020.
Em denúncia a um portal de notícias de Campo Maior, a mulher, que não teve o nome revelado, afirmou ter engravidado e ser induzida ao aborto pelo padre. Já em nota divulgada neste sábado (24) pela Diocese da região, o setor diocesano de comunicação informa que a moça entregou ao bispo uma carta escrita a próprio punho afirmando que nunca esteve grávida e que, portanto, nunca houve aborto.
“Na carta, ela ainda afirma ter usado a gravidez como argumento para continuar mantendo uma relação com o sacerdote”, diz trecho da nota.
Celibato
Segundo reportagem publicada pela BBC Brasil, o celibato, em seu sentido genérico, é a condição de quem, por opção, não contrai matrimônio, segundo o sociólogo Francisco Borba Ribeiro Neto, coordenador do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP. E celibato sacerdotal é quando essa escolha é feita por alguém em troca de uma dedicação integral aos serviços religiosos, por meio da ordenação presbiterial.
Por volta dos séculos 3º e 4º já existiam movimentos dentro do catolicismo propondo que os religiosos deveriam praticar o celibato. “Mas é no primeiro e no segundo concílios de Latrão, ao longo do século 12, que se estabelece a obrigatoriedade definitiva do celibato aos clérigos católicos romanos”, relata o sociólogo. Outros concílios prévios já mencionavam o tema, propondo a abstenção sexual de sacerdotes e proibindo o casamento de monges e freiras foi proibido.
NOTA DE ESCLARECIMENTO
A Diocese de Campo Maior, tendo em vista os fatos divulgados na mídia e que envolvem a pessoa do Padre Alcindo Saraiva Martins, incardinado nesta diocese, presta os seguintes esclarecimentos:
Em meados de julho deste ano, Dom Francisco de Assis, bispo diocesano, recebeu a jovem na Cúria Diocesana. Ela alegava ter possuído um relacionamento com o sacerdote e que estaria grávida. O senhor bispo então pediu que ela apresentasse provas do que havia denunciado.
Em uma conversa posterior com o sacerdote, ele não nega o envolvimento, porém contestou a tese de gravidez e aborto.
Dias depois, a jovem entregou ao bispo diocesano uma carta escrita e assinada por ela, afirmando que nunca esteve grávida, e que, consequentemente, não houve aborto. Na carta, ela ainda afirma ter usado a gravidez como argumento para continuar mantendo uma relação com o sacerdote.
No dia 12 de agosto de 2020, considerando as graves denúncias, o atentado ao sexto mandamento e que não houve atentado à vida, o bispo diocesano determinou por meio de decreto a suspensão das funções do sacerdote como pároco da Paróquia de Nossa Senhora de Nazaré, ficando ele proibido do uso de ordens em todo o território diocesano. O decreto ainda determinou a obrigação do padre em realizar um tirocínio espiritual extra muro de pelo menos 15 dias, a apresentação do seu cronograma de acompanhamento terapêutico sob o enfoque da psicoterapia do equilíbrio emocional, a perda de suas funções como padre referencial para o Setor Juvenil da diocese, a perda da função de instrutor de disciplina acadêmica no Seminário Propedêutico Diocesano, a suspensão do ofício de chanceler, e que ficasse proibido de falar sobre o assunto.
Em novo decreto publicado no dia 18 de setembro, Dom Francisco decidiu pela permanência de sua desvinculação de qualquer atividade pastoral e assessorias local ou regional, ficando ele ainda proibido de assistir ou ministrar sacramentos, participar de lives nas redes sociais, e a permanecer em silêncio público sobre o fato, bem como assumir a inteira culpa pelo desgaste a Igreja e às pessoas de boa fé. Foi-lhe autorizado o uso de ordens apenas no território da Paróquia de Nossa Senhora de Nazaré após o dia 1 de outubro e estabelecido a assinatura de um termo se comprometendo a realizar a ruptura com pessoas e fatos que provocaram vergonha e escândalo aos fiéis católicos desta Igreja Diocesana.
Conclama o bispo de Campo Maior à oração e penitência e reafirma o posicionamento desta diocese em defesa da vida. Voltemos o nosso olhar para Deus, que ao mesmo tempo é Justiça e Misericórdia.
Campo Maior, 24 de Outubro de 2020
Setor Diocesano de Comunicação
Do Piauíhoje.com