O índice de abril é tão elevado que já supera em 26,5% o mês de junho do ano passado, que chegou a ser considerado o pico da pandemia.
5,020 vidas perdidas. Isso mesmo, mais de cinco mil mortes por uma única doença. Este é o tamanho da tragédia da pandemia do novo coronavírus no Piauí, até agora.
O número assustador, que corresponde ao total da população de quase 80 municípios piauienses, foi alcançado nesta sexta-feira (26), após 35 pessoas terem morrido por Covid-19 nas últimas 24 horas, conforme boletim diário da Secretaria Estadual da Saúde (Sesapi). Outros 914 novos casos foram registrados, sendo 427 homens e 487 mulheres.

Com mais essas mortes, o Piauí chega a média de uma morte a cada duas horas, desde quando foi registrado o primeiro óbito, em março de 2020. E isso ocorre justamente em abril, que antes mesmo de terminar, já se tornou o mês mais letal de toda a pandemia no Estado.
Desde o primeiro dia do mês até agora, foram registradas mais de 850 vítimas da doença. O número ultrapassou os 790 óbitos do mês anterior, até então o mais mortal em território piauiense.

O índice de abril é tão elevado que já supera em 26,5% o mês de junho do ano passado, que chegou a ser considerado o pico da pandemia. Mas, tanto o Piauí, como o país como um todo, começou 2021 com um recrudescimento dramático nas infecções e mortes pela doença, depois que a taxa de transmissão diminuiu na segunda metade de 2020. Não à toa, já são 2.147 mortes somente neste ano, isso equivale a 43% do total de vítimas por coronavírus no Estado.

E apesar de uma tendência de queda e estabilidade nas médias móveis de morte e casos, nos últimos sete dias, a expectativa não é das melhores para os próximos meses. Pelo menos é o que avalia o professor Emídio Matos, doutor em Biologia Celular pela USP e integrante de um grupo de trabalho que envolve pesquisadores da UFPI e Fiocruz. De acordo com ele, ainda não dá para cravar que o Piauí esteja entrando em uma estabilidade por conta das variantes, que aumenta a transmissibilidade do vírus.
“Estamos ainda em um momento grave da pandemia e, de fato, o Piauí deve atingir em maio, muito facilmente, os 100% das mortes de 2020. Ou seja, só nos cinco primeiros meses de 2021 teremos mais morte que todo o ano passado”, destacou o pesquisador, alertando que as variantes P1 e P2 começaram a circular em novembro com mais prevalência. “E isso foi acelerado pelas eleições, festas de fim de ano, relaxamento de medidas de distanciamento social, fazendo com quem janeiro os casos aumentassem”, explicou.
O professor ressaltou, também, que o aumento de casos novos é sempre acompanhado de uma elevação no número de óbitos, uma vez que uma parcela das pessoas infectadas vai evoluir para casos graves da doença, necessitando de cuidados nos serviços de alta complexidade em saúde. “Ainda mais que, historicamente, entre maio e junho no Piauí aumenta os índices de casos de síndromes respiratório aguda, como as gripes, o que pode vir a piorar, destaca, lembrando que taxa de mortalidade entre entubados no Piauí de 85%.

A média móvel de sete dias do número diário de mortes no Piauí está em 29, o que representa queda de 29% nas últimas duas semanas. É o segundo dia em que o número representa uma tendência de queda, o que não acontecia desde 12 de novembro do ano passado. Desde então, o número só havia crescido ou se mantido estável. Lembrando que foi em abril que o Estado registrou o maior número de mortes em apenas um único dia, 57 mortes, no dia 12 de abril.
E para tentar conter o avanço da doença, o governo do Estado determinou emitiu novo decreto, neste final de semana, alterando algumas restrições ao comércio de bares e restaurantes. Esses estabelecimentos poderão ficar abertos até às 16h dos sábados. Para isso, eles terão que fechar às segundas-feiras. O restante continua como estava, com o comércio funcionando até as 17h, de segunda a sexta.