Senador piauiense teria viajado junto de Fernandin OIG, dono de uma empresa de BETs e investigado pela CPI
A senadora e relatora da CPI das Bets, Soraya Thronicke (Podemos-MS), pediu que o senador Ciro Nogueira (PP-PI) fosse retido dos membros da Comissão, nesta terça-feira (27). A remoção do senador, de acordo com Soraya, seria para preservar a imparcialidade e a credibilidade dos trabalhos investigativos desta CPI, tendo em vista a proximidade do parlamentar com os investigados pela CPI.
No pedido enviado ao senador Dr Hiran (PP-RR), presidente da CPI, Soraya Thronicke afirma que a “solicitação fundamenta-se na necessidade de preservar a imparcialidade e a credibilidade dos trabalhos investigativos desta CPI, especialmente após ampla veiculação na imprensa nacional de informações e imagens que indicam que o referido parlamentar teria viajado recentemente para Mônaco em aeronave de propriedade de Fernando Oliveira Lima”.
Fernando é um empresário investigado pela CPI das Bets e “um dos principais nomes do setor de apostas on-line no Brasil — setor que constitui o objeto central da investigação”, diz a solicitação de Soraya.

Vínculo do Ciro Nogueira com o investigado
O caso veio a público após uma reportagem da Revista Piauí, que mostrava detalhes da viagem de Ciro Nogueira com o empresário Fernando Oliveira Lima, conhecido como Fernandin OIG.
De acordo com a matéria, os dois teriam saído de São Paulo com destino à cidade francesa de Nice, em um jatinho Gulfstream G650ER, com o propósito de acompanhar o Grande Prêmio de Mônaco, da Fórmula 1.
Fernando OIG é dono da One Internet Group, empresa proprietária da 7 Games Bet, que disponibiliza, entre outros jogos, o “Fortune Tiger”, popular jogo do tigrinho.
CPI da Bets
A CPI das Bets já realizou 15 sessões, e, segundo os registros do Senado, Ciro se pronunciou em duas delas — ele é membro suplente da CPI. A primeira, quando seu amigo empresário foi ouvido e, depois, na seguinte.
Na primeira, o senador saiu em defesa de Fernando, dizendo que o conhecia “há muito tempo” e que era um “grande empresário” de seu estado.
A CPI das Bets viralizou recentemente com o depoimento midiático da empresária e influenciadora digital Virgínia Fonseca, mas é objeto de desinteresse no Senado desde a instalação.
As apostas esportivas foram liberadas pela primeira vez no Brasil no final do governo de Michel Temer (MDB), em 2018, também por uma articulação no Congresso.
A lei liberou as bets e previa a regulamentação do setor até 2022. O governo de Jair Bolsonaro (PL), no entanto, jamais avançou com essa pauta.
Dessa forma, as apostas explodiram no Brasil em uma zona cinzenta da legislação: sem nenhum tipo de fiscalização, nem tributação ou exigências para o funcionamento.
A falta de regulamentação permitiu também que esses sites passassem a oferecer cassinos virtuais, como “tigrinho” e semelhantes.
No início do governo Lula (PT), em 2023, o Ministério da Fazenda enviou um projeto de lei para o Congresso para, enfim, regulamentar o mercado. Na tramitação, o texto passou a prever a legalização de “jogos online”, categoria que abarca os cassinos virtuais e jogos como o tigrinho.
Apenas empresas cadastradas pelo governo federal podem atuar no Brasil desde o início de 2025. A OIG Gaming, de Fernando Oliveira Lima, tem autorização para operar com três casas de apostas: 7games, Betão e R7.
O empresário também é o dono do avião que levou o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Kassio Nunes Marques para a festa de aniversário do cantor Gusttavo Lima, na Grécia, em 2024. À época, o magistrado afirmou que estava em Roma para compromissos acadêmicos e que passou na Grécia para cumprimentar o cantor.
ICL NOTÍCIAS