Por Gleison Fernandes – Jornalismo da UCA.
O Tribunal de Contas do Estado do Piauí analisa possíveis irregularidades em um contrato firmado pela Secretaria de Educação, na gestão do governador Rafael Fonteles, com a empresa Tron Atividades de Apoio à Educação Ltda., ligada ao influenciador Whindersson Nunes. O acordo, assinado em agosto de 2024 sem licitação e posteriormente ampliado, já alcança R$ 11 milhões e levantou uma série de alertas dentro do órgão de controle.

Os auditores destacam que a Seduc autorizou pagamentos antes mesmo da comprovação dos serviços, o que, segundo o relatório, cria risco de prejuízo próximo a R$ 1 milhão aos cofres do Estado. A equipe técnica também identificou indícios de superfaturamento que podem chegar a quase R$ 3 milhões, considerando valores contratados e a ausência de documentação que comprove a execução das atividades.
Outro ponto considerado preocupante pelo Tribunal é o uso de informações produzidas pela própria empresa para embasar a justificativa da contratação sem licitação. Para os técnicos, essa prática compromete a transparência do processo e levanta suspeitas de direcionamento, já que não houve competitividade nem demonstração clara de que a proposta oferecia vantagem ao poder público.

O contrato previa cursos de formação de professores, com carga horária de 92 horas, além do envio de kits de robótica para cerca de 100 escolas da rede estadual. No entanto, a auditoria afirma que não encontrou garantias contratuais, nem comprovação convincente de que parte dos serviços pagos foi efetivamente entregue.
A Seduc informou que ainda não recebeu notificação oficial do TCE-PI, mas que vai apresentar toda a documentação quando solicitada. A empresa, por sua vez, declarou que Whindersson Nunes não participa da gestão do negócio, atuando apenas como embaixador institucional por meio de um modelo comercial que oferece visibilidade à marca, sem envolvimento administrativo.
O processo segue em análise. Caso as irregularidades sejam confirmadas, o Tribunal poderá recomendar a anulação do contrato, o ressarcimento dos valores pagos e a responsabilização dos agentes públicos e privados envolvidos. A expectativa é que o TCE avance sobre os pontos considerados mais graves nas próximas semanas, já que as falhas apontadas alcançam áreas sensíveis da administração pública e envolvem recursos destinados à educação.









