A expansão do delivery e até gasto menor com combustível explicam alta na produção de motocicletas.
A produção de motocicletas no Brasil em fevereiro alcançou 107 mil unidades, o que representa o maior volume para o mês em sete anos. Os dados são da Abraciclo, associação das montadoras de motos, ciclomotores, bicicletas e similares. Desde 2015, quando foram montadas 110,8 mil motos, não se via um fevereiro com produção tão alta.
O desempenho do mês passado, conforme avaliação da Abraciclo, demonstra que o setor segue em ritmo de retomada. “No primeiro bimestre de 2021, tivemos grandes dificuldades devido à segunda onda da pandemia em Manaus (cidade que concentra o polo industrial do setor).
Já em janeiro deste ano, a variante Ômicron afetou o ritmo da produção. Agora, a tendência é de evolução e crescimento para atender à demanda”, comentou Marcos Fermanian, presidente da entidade.
As vendas no varejo (licenciamentos) em fevereiro somaram 74 mil unidades, 29% a mais do que no mesmo período de 2021.
No primeiro bimestre de 2022, a produção somou 190,6 mil motos, uma alta de 70,7% frente ao volume dos dois primeiros meses do ano passado. Esse dado é explicado pela base fraca de comparação, já que no início do ano passado a indústria de motos sofria com restrições relacionadas à segunda onda da pandemia de covid-19.
Nos primeiros dois meses de 2021, as fábricas da região tiveram de reduzir o expediente em razão do colapso dos hospitais na capital do Amazonas. Isso comprometeu até o abastecimento de gases industriais usados em trabalhos de solda, por exemplo, dada a urgência de destinar oxigênio ao atendimento de pacientes.
Delivery
De acordo com Fermanian, as montadoras seguem acelerando o ritmo para atender aos pedidos em espera dos consumidores. A perspectiva é de o consumo continuar subindo, considerando a expansão dos serviços de entrega (delivery) e a maior acessibilidade financeira das motos – tanto no valor do veículo quanto na economia em gastos com combustível –, em um momento em que muitos brasileiros ainda seguem evitando o transporte coletivo.
O presidente da Abraciclo pondera, por outro lado, que o setor monitora “instabilidades globais” que podem afetar os fluxos logísticos, o fornecimento de insumos e a produção.
Estadão Conteúdo