Atual presidente da Casa não pode ser reeleito; eleição será realizada em fevereiro de 2025
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), oficializou nesta terça-feira (29) o seu apoio à candidatura do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) para a presidência da Casa em 2025.
“Depois de muito conversar e, sobretudo, de ouvir, estou convicto de que o candidato com maiores condições políticas de construir convergências no Parlamento é o deputado Hugo Motta, nome que demonstrou capacidade de aliar polos aparentemente antagônicos com diálogo, leveza e altivez”, disse Lira a jornalistas.
O presidente da Câmara ainda mencionou a experiência do parlamentar, que atualmente cumpre seu quarto mandato.
“Viveu e vive de perto os desafios que perpassam a nossa gestão, vai saber manter a marcha da Câmara dos Deputados, seguindo esta mesma receita que tantos bons frutos deu ao Brasil: respeito ao Plenário, cumprimento da palavra empenhada e busca incessante por convergência”, acrescentou.
O anúncio era esperado desde agosto, prazo inicial estabelecido por Lira para definir quem apoiaria na disputa pela sua sucessão.
O Republicanos fará ato simbólico nesta terça-feira (29) na sede do partido em Brasília para marcar o lançamento da candidatura de Motta. O presidente nacional da sigla, Marcos Pereira (SP), estava presente no anúncio de Lira nesta terça, assim como deputados e lideranças do MDB e PP.
Na semana passada, Lira e Motta compareceram juntos em evento do setor do agronegócio. Nos últimos meses, líderes partidários têm sinalizado apoio a Motta, que tem se reunido com parlamentares em busca de endosso.
O deputado ainda tenta conquistar apoio de algumas bancadas, como o PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o PL, sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro.
As eleições internas para o novo comando da Câmara serão realizadas em fevereiro de 2025, mas as movimentações internas na Casa tiveram início ainda no primeiro semestre deste ano.
Elmar Nascimento
Desde o primeiro semestre, o deputado Elmar Nascimento (União-BA), líder do maior bloco político da Câmara, era considerado o favorito de Lira. No entanto, em busca de apoio de um número expressivo de congressistas, Lira decidiu apoiar Motta.
A candidatura de Motta foi viabilizada pela desistência de Marcos Pereira, presidente do Republicanos, que ensaiava concorrer ao cargo mas desistiu da disputa para dar lugar a Motta.
Elmar Nascimento se uniu a Antonio Brito (PSD-BA), que também visava candidatura, para lançar uma chapa única. Os dois têm buscado apoio do presidente Lula.
No pronunciamento, Lira chegou a chamar Elmar e Antonio de “verdadeiros amigos de vida” e afirmou ter mantido “um diálogo aberto, franco e, sobretudo, leal” com os deputados que se colocaram na disputa pela presidência da Câmara.
“Jamais caberia a mim, Presidente da Casa, um entre iguais, cercear as legítimas pretensões de quem quer que seja ou obstar o projeto político de um outro parlamentar”, disse Lira.
Neste mês, Elmar se reuniu com o ministro de Relações Institucionais da Presidência, Alexandre Padilha, e declarou apoio ao candidato petista Evandro Leitão na disputa para a Prefeitura de Fortaleza (CE). Além disso, o deputado também encontrou representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e sindicalistas.
Negociações com bancadas
Como a CNN mostrou, Motta deve intensificar nesta semana as negociações com bancadas para garantir apoio da maioria dos partidos, repetindo a estratégia de Lira na eleição interna anterior. O líder do Republicanos já teve encontro individuais com parlamentares e com grupos de congressistas de siglas em comum. Em jantar com deputados petistas, prometeu garantir governabilidade para o Executivo, se for eleito.
O líder do PT na Câmara, Odair Cunha (MG), já afirmou que a bancada não tem prazo para fechar questão sobre qual candidato apoiará. O deputado, no entanto, indicou que a candidatura de Hugo Motta é considerada de “convergência”.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou que o partido deve apoiar o candidato que se comprometer a pautar o projeto que sugere anistia a Bolsonaro. A sigla quer garantir a retomada da elegibilidade do ex-presidente para a disputa eleitoral de 2026.
Emilly Behnk e Rebeca Borges, da CNN , Brasília