Banco Central deve reduzir hoje taxa de juros para 11,25%, o menor nível em dois anos

spot_imgspot_imgspot_imgspot_img

Comitê espera aprovar redução da taxa Selic em 0,5%, o que seria quinta queda desde agosto e menor taxa desde fevereiro de 2022

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se reúne nesta quarta-feira (31) e deve reduzir a taxa básica de juros da economia de 11,75% para 11,25% ao ano. A decisão será anunciada após as 18h.

O corte de 0,5 ponto percentual é a aposta da maior parte dos economistas dos bancos. Se confirmada, essa será a quinta redução seguida na taxa Selic — que cairá ao menor patamar desde março de 2022, quando estava em 10,75% ao ano.

Considerando o comportamento da inflação, a projeção do mercado financeiro é de que a taxa de juros continue recuando ao longo de 2024, e que termine este ano em 9% ao ano.

Imagem: Getty Images

Como as decisões são tomadas

Para definir a taxa básica de juros e tentar conter a alta dos preços, no sistema de metas de inflação, o BC faz projeções para o futuro.

Neste momento, a instituição já está mirando na meta do ano que vem, e também para o primeiro semestre de 2025 (em doze meses). Isso ocorre porque as mudanças na taxa Selic demoram de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia.

  • A meta de inflação deste ano, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3% e será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%.
  • A partir de 2025, o governo mudou o regime de metas de inflação, e a meta passou a ser contínua em 3%, podendo oscilar entre 1,5% e 4,5% sem que seja descumprida.
  • Na semana passada, os economistas do mercado financeiro estimaram que a inflação de 2024 somará 3,81% e, a de 2025, 3,50%.

Em comunicado, a XP avaliou que não há motivos, neste momento, para o BC alterar seu “plano de voo”, que prevê cortes de juros nesta e nas próximas reuniões do Copom.

“Isto se deve, por um lado, pela tendência benigna de inflação, e por outro, pelo aumento das tensões geopolíticas e aceleração dos salários reais no mercado de trabalho doméstico. Além disso, as taxas de juros nos Estados Unidos, que precificam os ativos ao redor do mundo, permanecem voláteis. Por este motivo, nesse momento, não consideramos um cenário alternativo”, informou.

Roberto Simioni, economista-chefe da Blue3 Investimentos, projeta novo corte de juros nesta semana, mas acrescenta que o cenário para os próximos meses demanda cautela por parte do Banco Central.

“Teremos desafios que poderão alterar as expectativas. Precisaremos acompanhar o comportamento da inflação de serviços, mas não somente isso. É preciso entender que desenho fiscal [contas públicas] será adotado, além das questões da pauta tributária a serem definidas”, avaliou.

Consequências

De acordo com especialistas, a redução da taxa de juros no Brasil terá algumas consequências para a economia. Veja abaixo algumas delas:

  • Redução das taxas bancárias: a tendência é que os cortes de juros sejam repassados aos clientes. Em outubro, a taxa média de juros cobrada pelos bancos em operações com pessoas físicas e empresas recuou pelo sexto mês seguido e atingiu o menor patamar desde setembro de 2022. Os dados são do Banco Central.
  • Crescimento da economia: com juros mais baixos, a expectativa é de um comportamento melhor do consumo da população e, também, de melhora dos investimentos produtivos, impactando positivamente o Produto Interno Bruto (PIB), o emprego e a renda. Os dados de atividade surpreenderam positivamente no ano passado.
  • Melhora das contas públicas: as reduções de juros também favorecem as contas públicas, pois diminuem as despesas com juros da dívida pública. Em 2022, a despesa com juros somou R$ 586 bilhões. Na porcentagem do PIB (5,96%), foi o maior patamar desde 2017. Analistas estimaram que a redução dos juros pode gerar economia de R$ 100 bilhões em 2024.
  • Impacto nas aplicações financeiras: investimentos em renda fixa, como no Tesouro Direto e em debêntures, porém, tendem a ter um rendimento menor, com o passar do tempo, do que teriam com juros mais elevados. Com a queda da Selic, a tendência é que os investimentos em renda variável fiquem mais atrativos.
Leonidas Amorim
Leonidas Amorimhttps://portalcidadeluz.com.br
Acompanhe nossa coluna no Portal Cidade Luz e fique por dentro.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Posts Recentes

Piauí receberá investimentos de R$ 1 bilhão através do Novo PAC Seleções

Recursos serão destinados para abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem e mobilidade urbana em 41 municípios. O Piauí vai receber...

Janja da Silva e ministro do esporte participaram do desfile na recepção de Macron a líderes

Primeira-dama cumpre outras agendas além de participar da cerimônia de abertura dos jogos; comitiva também inclui embaixador brasileiro na...

Dr. Dilson reafirma lealdade ao grupo político de Júlio César e busca reeleição para o cargo de vereador de Guadalupe

Com uma trajetória sólida na política local, Dr. Dilson Barbosa Gomes, atual presidente do Legislativo e o vereador mais...

Adolescentes caem de moto ao fugirem da Guarda Municipal durante live e tem protocolo de morte encefálica

O jovem sofreu politraumatismo e foi socorrido pelo Serviço Atendimento Médico de Urgência (SAMU) e encaminhado ao Hospital de Urgência...
spot_img

Rafael Fonteles entrega unidade de instituto que oferta emissão de carteiras em Piripiri

O Instituto Félix Pacheco está presente em 78 cidades do Piauí. A meta do governador é chegar aos 224...

Alunos do Curso de Formação da Polícia Militar conhecem programas e projetos da Investe Piauí

Eles conheceram na prática como funciona o ecossistema de inovação do Hub da Investe Piauí. Quarenta e oito cadetes que...
spot_img

Posts Recomendados