Dom Mauro Morelli afirmou que seguidores ‘arruaceiros’ do presidente deveriam ser presos em flagrante
O bispo emérito dom Mauro Morelli, da Diocese de Duque de Caxias, disse que o presidente Jair Bolsonaro (PL) comportou-se como um “agente de Satanás” ao participar de missa pelo Dia de Nossa Senhora Aparecida, na quarta-feira (12), no santuário dedicado à santa.
“Bolsonaro em Aparecida comportou-se como agente de Satanás. Desrespeitou a Mãe de Jesus e seus outros filhos e filhas, peregrinos famintos de vida com dignidade e esperança. Com seus endiabrados seguidores deveriam ser presos em flagrante como arruaceiros. São Miguel, cuidado!”, escreveu o religioso em suas redes sociais.
Atualmente, o bispo reside na Serra da Canastra, território pertencente à Diocese de Luz, em Minas Gerais.
Dom Mauro Morelli já declarou voto no ex-presidente Lula (PT) em outra postagem no Twitter. “Vote 13 sem medo. Conheço o Lula de perto desde a década de 70. Não toma o nome de Deus em vão! Sempre foi homem de família. Não vai perseguir ninguém pela sua história de vida como líder sindical. Nunca foi comunista nem revolucionário, sempre lutou por trabalho e salário justo”, afirmou.
A passagem de Bolsonaro por Aparecida (SP) foi marcada por recados desfavoráveis de representantes da Igreja Católica e aplausos e vaias de eleitores. O presidente estava acompanhado do candidato ao Governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Nas redes, tornaram-se virais vídeos que mostram apoiadores de Bolsonaro hostilizando um jovem que vestia camisa vermelha do lado de fora da Basílica Nossa Senhora Aparecida, atacando uma equipe de jornalistas, da TV Vanguarda e da TV Aparecida, e vaiando o arcebispo da Arquidiocese, dom Orlando Brandes, quando celebrava a homilia na principal missa no santuário.
Um dia antes da visita de Bolsonaro à cidade, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), principal entidade da Igreja Católica no país, lamentou em nota a participação do presidente na celebração “como caminho para angariar votos no segundo turno” e afirmou que “momentos especificamente religiosos não podem ser usados por candidatos”.
Este é mais um capítulo em que questões religiosas atravessam as eleições deste ano. Apesar do presidente Bolsonaro se declarar católico, é no segmento evangélico que está sua mais significativa base de apoio.
Questionado em entrevista coletiva sobre a participação do presidente Bolsonaro e de Tarcísio de Freitas, o arcebispo de Aparecida, dom Orlando Brandes, expressou incômodo.
“Não podemos julgar, mas precisamos ter uma identidade religiosa. Ou somos evangélicos ou somos católicos. Precisamos ser fiéis à nossa identidade católica, mas seja qual for a intenção vai ser bem recebido, porque é o nosso presidente”, afirmou.
Por Mônica Bergamo/FOLHA S. PAULO