Em meio à desertificação, produtores da cidade de Gilbués, a 760 km de Teresina, transformam o impensável em realidade com corredores de plantações agrícolas. O feito é fruto da resistência dos agricultores e do Nuperade (Núcleo de Pesquisa em Recuperação de Áreas Degradadas), criado em 2006, que ficou parado um tempo e agora deve ser restabelecido.

A Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) informou que vai reativar o Nuperade, que tem sede em Gilbués e que abriga pesquisadores, para a recuperação de 1.600 hectares de terras degradadas até 2029. O núcleo foi criado na gestão do então secretário de Meio Ambiente, Dalton Macambira, que fez doutorado sobre a desertificação. Os precussores do núcleo foram os professores Deodato Salviano e Milcíades Gadelha.
Dia 17 de junho, é o Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca.
O Núcleo de Pesquisa em Recuperação de Áreas Degradadas é um importante instrumento de pesquisa para ajudar o agricultor da região e pela preservação da natureza, que está desativado há alguns anos.
A área de Caatinga degradada em Gilbués e seu entorno é de 805 km², afetando aproximadamente 140 mil pessoas. A desertificação em Gilbués é um fenômeno complexo, resultante da fragilidade natural dos solos, somada a atividades econômicas predatórias, como a pecuária extensiva e a mineração artesanal de diamante no passado.
O núcleo tem como objetivo apoiar estudos, testar tecnologias e ser um centro de irradiação de conhecimentos para a recuperação de áreas degradadas e combate à desertificação. Embora tenha enfrentado períodos de descontinuidade, a revitalização e a importância de suas ações são constantemente destacadas.
O engenheiro agrônomo, Fabriciano Conrado, que já foi secretário municipal de agricultura, de meio ambiente de Gilbués, destaca que os frutos colhidos atualmente são resultados das pesquisas do Nuperade. Ele ressalta que a maior missão do núcleo é multiplicar conhecimentos para os pequenos e médios produtores.

“A gente precisa é de uma atenção na tecnologia, condições para as pessoas fazerem e acompanhamento constante, e de infraestrutura logística para esse pessoal trabalhar. Nossas terras são ricas, são produtivas, já existe o trabalho do governo federal, do governo do estado, de algumas prefeituras, mas é preciso constância desse trabalho e o acompanhamento por parte dos órgãos que são competentes para isso”, disse Fabriciano.
Para o secretário da Semarh, Feliphe Araújo, a desertificação é uma pauta que vai além da questão ambiental.
“Desertificação é também um problema social. Quando a terra fica improdutiva, afeta a vida das famílias que dependem dela. Por isso, nossas ações têm um olhar integrado: proteger o meio ambiente e garantir qualidade de vida para as pessoas. Esse é o compromisso do Governo do Estado com as futuras gerações”, disse.
Segundo a Semarh, o projeto já está em andamento em uma área de 10 hectares, e a meta é chegar à recuperação de até 1.600 hectares até 2029. O trabalho vai desde o plantio de espécies nativas até o uso de tecnologias que ajudam o solo a voltar a ser produtivo, garante a Semarh.
“A Semarh vem atuando firme junto a quem desmatou ilegalmente. A ideia é clara: quem causou o dano precisa ajudar a consertar. Mesmo em casos onde o desmatamento foi autorizado, é obrigatória a reposição florestal, com prioridade para áreas já degradadas. A equipe técnica da Secretaria está acompanhando tudo de perto”, disse o secretário.

Com informações do Cidade Verde