Presidente falou por 1h20 nesta quinta, já como parte de nova estratégia de comunicação. Lula minimizou a crise de popularidade, confirmou que estuda trocar ministros e disse que vai agir contra a inflação.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conversou com jornalistas por cerca de 1h20 na manhã desta quinta-feira (30) no Palácio do Planalto, em Brasília.
Em pé, fazendo piadas e respondendo a perguntas fora do protocolo, Lula falou sobre a crise na popularidade do governo, a inflação acima do esperado nos alimentos e nos combustíveis, os rumores de reforma ministerial e a relação com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O formato mais “solto” para a entrevista é mais uma das mudanças na comunicação do Planalto desde a troca do ministro da Secretaria de Comunicação Social – saiu o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), e chegou o publicitário Sidônio Palmeira.
Ao longo do bate-papo, Lula disse que pretende fazer entrevistas “mais frequentes”. O último café com jornalistas tinha sido em abril de 2024, há nove meses.
Veja abaixo o que Lula falou sobre:
- seu estado de saúde, após acidente doméstico;
- a inflação dos alimentos e dos combustíveis;
- a decisão do BC de continuar subindo os juros;
- os rumores de uma reforma ministerial;
- e a possibilidade de incluir o atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, na reforma;
- a queda de popularidade do governo;
- as críticas de Gilberto Kassab ao governo e ao ministro Fernando Haddad;
- o compromisso com a responsabilidade fiscal;
- a promessa de elevar a isenção no Imposto de Renda para R$ 5 mil;
- a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris;
- a ameaça de Trump de sobretaxar produtos brasileiros;
- a (falta de) relação bilateral com Trump;
- a defesa da democracia no Brasil e no mundo.
Estado de saúde
Lula disse que se sente “100% recuperado” e “100% pronto para todas as lutas” do próximo ano. Ele bateu a cabeça em uma queda no Palácio da Alvorada em outubro e, dois meses depois, teve de passar por cirurgia após um novo sangramento.
“Hoje, estou aqui 100% recuperado. 100% preparado para todas as lutas que vierem a partir de agora. Já voltei a fazer ginástica, a andar, a fazer musculação. Já posso fazer a viagem que eu quiser para o país que eu quiser, a quantidade de quilômetros que eu quiser”, disse Lula.
Inflação dos alimentos e do diesel
Lula negou que tenha “autorizado” um reajuste do óleo diesel. Segundo ele, a decisão cabe à Petrobras.
“Eu não autorizei o aumento do diesel. Porque desde o meu primeiro mandato, eu aprendi que quem autoriza o aumento do petróleo e dos derivados de petróleo é a Petrobras, e não o presidente da República”, disse.
“Se ela [Petrobras] for fazer, ainda assim vai garantir que o preço do diesel fique abaixo do que era em dezembro de 2022. Mas ainda não fui avisado, e ela não precisa me avisar. Se ela tiver uma decisão de que, para a Petrobras, é importante fazer o reajuste, ela que faça e comunique a imprensa”, continuou Lula.
Por Guilherme Mazui, Delis Ortiz, Mateus Rodrigues, Gustavo Garcia, Mariana Laboissière