Cientistas desvendam mistérios de passagem de asteroide próximo à Terra em 2029

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Estudo aponta que partículas do asteroide poderão ser arrancadas pelo efeito da gravidade exercida pelo nosso planeta.

Na mitologia egípcia, Apophis é uma grande serpente que luta constantemente contra Rá, a divindade solar. Ao final de cada dia, Apophis engole o deus do Sol, que consegue se libertar e matar a serpente pela manhã, dando início a um novo ciclo de batalha, que representa o nosso entendimento do dia e da noite.

Falando em astronomia, Apophis dá nome ao um asteroide que passará perto da Terra em 2029. Descoberto em 2004, ele vem sendo monitorado desde então devido à sua classificação como asteroide potencialmente perigoso (PHA, na sigla em inglês), pois estimava-se que teria 2% de chance de atingir a Terra.

No entanto, essa possibilidade já foi descartada. De acordo com as últimas medições, o Apophis atingirá sua trajetória mais próxima da Terra (38 mil quilômetros) no dia 13 de abril de 2029.

foto: Divulgação

Um estudo da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade Carlos III de Madrid (UC3M) revelou características deste corpo celeste e os possíveis impactos da sua aproximação à Terra. Os achados, publicados no periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, apontam que partículas do asteroide poderão ser arrancadas pelo efeito da gravidade exercida pelo nosso planeta.

O pesquisador Gabriel Borderes-Motta, do Departamento de Bioengenharia e Engenharia Aeroespacial da UC3M, afirma que o estudo teve como foco duas investigações: o que acontece com as possíveis pedras presentes na superfície e a órbita do asteroide.

“A interação gravitacional entre um planeta e um corpo como Apophis pode alterar a forma do corpo, quebrar o corpo em pedaços, desintegrar possíveis pedras soltas na superfície do asteroide, ou até mesmo remover outros corpos que orbitam o asteroide (como rochas, satélites, ou anéis)”, disse Motta, em comunicado.

Como pesquisar um asteroide

Os estudos no contexto espacial apresentam inúmeros desafios, sendo um deles a impossibilidade de alcançar os asteroides diretamente. Nesse sentido, as análises são conduzidas no campo da matemática e da física, levando em consideração o maior número possível de variáveis.

Neste estudo, os cientistas analisaram tanto os aspectos físicos do asteroide, como a forma e as características do campo gravitacional, quanto os fatores que podem influenciar sua trajetória e ângulo de inclinação, incluindo a radiação, pressão ou perturbação causadas pela proximidade com a Terra.

Para explicar os possíveis impactos para o asteroide da passagem próxima à Terra é preciso dar alguns passos para trás. Na época da escola, aprendemos nas aulas de ciência e de física como funciona a força da gravidade. É ela que nos mantêm presos ao chão e permite que o mundo funcione da maneira como conhecemos – com tudo no lugar. De forma mais ampla, o planeta também exerce força gravitacional, podendo atrair corpos ao seu redor.

Na pesquisa, a equipe realizou um conjunto de simulações numéricas usando um disco de 15.000 partículas de diferentes tamanhos no ambiente próximo ao do asteroide Apophis como amostra. O objetivo foi tentar prever como as partículas que orbitam o asteroide podem reagir diante de diferentes situações e como essas suposições podem influenciar o comportamento do asteroide.

O primeiro conjunto de simulações foi projetado considerando apenas a perturbação gravitacional de Apophis em períodos de 24 horas ao longo de 30 anos. O segundo conjunto de simulações incluiu distúrbios causados pela pressão da radiação solar. Foram propostos três casos, em ambos os conjuntos, nos quais o asteroide tinha densidades diferentes.

“Avaliamos um poliedro de 340 metros com densidade uniforme em três casos diferentes. Em cada caso, o ponto de partida foi uma densidade de partículas diferente, da maior para a menor”, diz Motta.

A partir dessas simulações, os pesquisadores concluíram que quanto menor a densidade de partículas e quanto maior a pressão de radiação solar, menos partículas permaneceram intactas.

Em resumo, em um cenário onde o Apophis tem baixa densidade, aproximadamente 90% das pedras soltas seriam removidas de sua superfície durante a aproximação da Terra. Além disso, os resultados mostraram que a aproximação do Apophis pode afetar levemente as marés e causar alguns deslizamentos de terra na superfície do asteroide.

A aproximação do asteroide da Terra poderá trazer novas descobertas na área, com a possibilidade de melhorias nos sistemas de modelagem em 3D usado para executar simulações espaciais. Os pesquisadores esperam poder investigar com mais precisão os efeitos da gravidade terrestre para o Apophis. A Nasa conta com uma lista de risco e rastreia asteroides com órbitas próximas às da Terra.

Lucas Rochada CNN

Leonidas Amorim
Leonidas Amorimhttps://portalcidadeluz.com.br
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