‘Eu tinha vontade de encontrá-lo, vontade de pegar na mão dele, como se fosse um amigo’, disse Kopenawa sobre o pontífice
Davi Kopenawa, liderança indígena ianomâmi, se encontrou, nesta quarta-feira, com o papa Francisco em uma audiência no Vaticano. Kopenawa disse ter relatado ao pontífice a situação enfrentada pelos ianomâmis, que lidam com a invasão de garimpeiros ilegais e a desnutrição em suas terras.
— O papa me recebeu muito bem. Gostei que ele abriu a porta para mim entrar onde ele trabalha, foi muito importante para o que eu queria. Eu tinha vontade de encontrá-lo, vontade de pegar na mão dele, como se fosse um amigo. Foi muito ótimo — disse ele, durante uma entrevista no canal Vatican News — Pedi a ele que retirasse os garimpeiros ilegais das terras do meu povo este ano.
— As crianças ianomâmis estão desnutridas por causa do garimpo, por causa das autoridades que deixaram entrar, invadir as terras yanomamis, e muitas doenças estão se espalhando por causa dessa realidade — disse ainda.
Kopenawa visitou diferentes cidades italianas nos últimos dias e falou sobre a situação da tribo na Amazônia.
— Ele (o papa) é um homem que valoriza o meio ambiente. Posso dizer que saí desse encontro com Francisco muito contente e animado.
Nova megaoperação na Terra Indígena Yanomâmi
Sem conseguir impedir a atividade de garimpeiros na Terra Indígena Yanomâmi, o governo vai iniciar a partir de maio uma nova fase da operação de desintrusão. Entre as medidas estão o reforço de segurança na fronteira com a Venezuela e o sufocamento de atividades ilegais que permitem o acesso dos invasores à reserva, como pontos de abastecimento de aeronaves irregulares.
As operações acontecem na esteira do lançamento da Casa de Governo, localizada em Roraima. Inaugurada em fevereiro, a estrutura vai coordenar as novas operações, que acontecerão de maneira simultânea em várias frentes de combate. A estratégia prevê que isso ocorra de maneira contínua, a partir da percepção de que os garimpeiros retornavam para a terra indígena nos intervalos das ações emergenciais executadas ao longo do último ano.
Inicialmente, a nova etapa da desintrusão custará R$ 1 bilhão, já liberado por uma medida provisória de crédito extra editada em março. O texto determinou a divisão dos valores entre oito ministérios: Justiça e Segurança Pública; do Meio Ambiente e Mudança do Clima; do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar; da Defesa; do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome; da Pesca e Aquicultura; dos Direitos Humanos e da Cidadania; e dos Povos Indígenas, que concentra a maior parte dos recursos, com R$ 455 milhões.
Por O Globo — Rio de Janeiro